O prefeito Rafael Greca decretou luto oficial pela morte do desenhista, cartunista e escritor Ziraldo, criador da Família Folhas, que faleceu neste sábado (6/4) aos 91 anos. O artista foi o responsável por criar tanto a Família Folhas original, em 1993, como também a reformulação atual, com a Nova Família Folhas, promovida em 2022. Ambas em gestões do prefeito Rafael Greca.
"Com muito pesar, Margarita e eu nos despedimos do cartunista Ziraldo. Ao longo de seus 91 anos de vida, nos proporcionou magníficas criações. Dentre elas, a nossa Família Folhas, desenhada por ele em 1993 – na minha primeira gestão como prefeito –e atualizada em 2022, para resgatar na nossa sociedade os deveres ecológicos, semeando em nossas crianças a importância da correta Educação Ambiental", diz Greca.
O prefeito também ressalta a trajetória artística e cultural de Ziraldo, considerado um dos maiores cartunistas de todos os tempos no Brasil, e a importância do artista no processo de redemocratização do Brasil.
"Ziraldo foi um lidador da liberdade e defensor da democracia, mentor do jornal O Pasquin. Também criou o antológico Menino Maluquinho e dezenas de outros personagens. Vá em paz querido amigo mineiro, apaixonado pelo Rio e por Curitiba. Possam os anjos velar seu repouso com cânticos de glória", afirma Greca.
Ziraldo faleceu, por volta das 15h, deste sábado (6/4), dormindo, quando estava em casa, no Rio de Janeiro.
Trajetória
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo).
Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez...”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.
Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”.
Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.
Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil”. Ele se tornou autor de histórias em quadrinhos e publicou a primeira revista brasileira do gênero com um só autor, sobre a “Turma do Pererê”. A revista deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar.
Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”. Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.
Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.
Família Folhas
Criador da Familia Folhas original, em 1993, durante a primeira gestão do prefeito Rafael Greca, há dois anos, Ziraldo aceitou o convite de Greca de atualizar os divertidos personagens, de ampliar a família e de incorporar neles os novos desafios da sustentabilidade para o planeta, além de ter uma representação mais alinhada aos novos tempos.
Os personagens originais – Seu Folha, Dona Fofô, Fofis e Fifo – continuam nesta nova fase de vida da Família Folhas. Mas a família cresceu: Fofis se tornou mãe solo de um menino e de uma adolescente PcD (pessoa com deficiência), enquanto Fifo virou o “pai” do pet Folha Folheco, o cãozinho adotado.
Em 2022, durante o lançamento da Nova Família Folhas, Ziraldo disse que a nova configuração familiar representa uma evolução e a incorporação de temas que passaram a fazer parte da agenda da sociedade nos últimos anos.
“Meu sentimento é de alegria ao perceber que o prefeito Rafael Greca continua a perseguir o caminho da educação, da valorização da cultura e das pessoas e, acima de tudo, para que Curitiba continue a ser exemplo de educação e respeito com a natureza”, completou Ziraldo, na época.