Curitiba avança na sustentabilidade, com eletromobilidade no transporte coletivo, a Pirâmide Solar e o maior projeto socioambiental da história da capital, o Bairro Novo da Caximba. Estes projetos foram alguns dos apresentados pelo prefeito Rafael Greca nesta terça-feira (2/7), em São Paulo, na segunda edição do Latam Mobility & NetZero Brasil 2024, um dos principais eventos de mobilidade sustentável da América Latina.
O encontro reúne líderes, autoridades, startups e investidores referências em mobilidade sustentável, eletrificação, infraestrutura, transição energética, cidades inteligentes e tecnologia. Aos participantes, Greca mostrou porque Curitiba foi escolhida, em 2023, a cidade mais inteligente do mundo pelo World Smart City Awards, de Barcelona, na Espanha, por políticas públicas, ações e planejamento urbanos inteligentes.
“Amanhã eu entrego as primeiras 60 casas no Bairro Novo da Caximba, em Curitiba, onde antes existiam casas e palafitas em um grande lixão. Foi essa condição, essa favela indizível, que me fez disputar a Prefeitura de Curitiba novamente, em 2016. Cheguei para minha esposa, Margarita, e disse que ia ser prefeito de novo”, contou Greca.
O Bairro Novo da Caximba, financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), será o primeiro bairro inteligente do Brasil ao unir moradias dignas, serviços públicos próximos dos moradores e recuperação de área verde degradada.
O prefeito participou do painel “Smart Cities: Construindo uma cidade inteligente, conectada e desenvolvida”, com o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto; a gerente de projetos de ônibus elétricos do C40 Cities, Mariana Batista; o coordenador de projetos da Unilivre, Cris Cavali; e o prefeito de Guarulhos, Gustavo Enric Costa, o Guti.
Greca detalhou os principais projetos em desenvolvimento na cidade, como a eletrificação da frota do transporte coletivo, com a entrega dos primeiros sete ônibus elétricos que vão circular nas linhas Interbairros I e Água Verde; a descarbonização da frota de caminhões de lixo e de táxis; o investimento na ampliação do saneamento de 98,8% para 100%, com investimento em conjunto com o governo estadual de R$ 500 milhões. “Teremos todos os endereços com esgoto tratado e água potável”, disse.
Segundo ele, as cidades precisam olhar para a sustentabilidade ambiental com urgência, “As injustiças climáticas penalizam, como sempre, os mais pobres. Tivemos, no Sul, a seca durante a pandemia e agora os eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.”
Greca também destacou que é preciso vontade e planejamento para fazer as coisas acontecerem nas cidades. “O que não se faz não existe. Nós somos o bem que fazemos. Quando não fazemos o bem apenas existimos. E isso vale para os governos. Se não fazem, eles apenas duram. E em Curitiba estamos fazendo, estamos melhorando a vida da população agora e no futuro”, disse.
O prefeito traçou um panorama também das inovações na área de monitoramento, captação e análise de dados, como a Muralha Digital e o Hipervisor Urbano, além da Pirâmide Solar.
Pirâmide Solar
Primeiro parque fotovoltaico em um aterro sanitário desativado da América Latina, a Pirâmide Solar de Curitiba, com seus mais de 8 mil painéis fotovoltaicos, já produz 30% da energia consumida pelos prédios públicos da Prefeitura, representando para os cofres públicos uma economia anual de R$ 2,6 milhões, que serão revertidos em benefícios à população.
Sobre benfeitorias à população, Greca também destacou o premiado programa Fala Curitiba, que prevê a participação da população, pela internet ou em audiências públicas, na elaboração do orçamento municipal.
Transporte coletivo
O presidente da Urbs destacou o programa de eletromobilidade no transporte coletivo bem como as soluções de inteligência aplicadas no sistema. “Durante a pandemia, por exemplo, conseguimos cruzar dados e bloquear a entrada nos ônibus de pessoas com diagnóstico de covid-19 e atestado de isolamento”, lembrou. “Os dados precisam ser usados para trazer benefício à população. A inovação, como diz sempre o prefeito, só é válida quando se torna um processo social”, afirmou.
Ao falar sobre a eletrificação da frota de ônibus de Curitiba, Maia Neto ressaltou a meta de que 33% da frota seja zero emissões em 2030, percentual que deve chegar a 100% em 2050.
Além dos primeiros sete ônibus entregues em junho, outros 54 devem estrear no sistema, com recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já houve a aprovação, na Câmara Municipal, para a compra de mais 70 veículos pelo município.
O presidente da Urbs também destacou necessidade de se pensar o transporte coletivo de forma metropolitana, já que as pessoas já não enxergam mais divisas geográficas na hora de se deslocar. Elas estudam, trabalham, fazem compras em municípios vizinhos. “Precisamos pensar o transporte de maneira integrada, essa é uma das premissas das cidades inteligentes.”