Um dos principais painéis do 120º Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana discutiu os modelos de contrato do serviço de transporte coletivo, principalmente com a transição da frota a diesel para a elétrica, que trouxe novas variáveis de custo e operação para as cidades. O fórum ocorre no Smart City Expo Curitiba 2025, na Ligga Arena.
“Essa é uma discussão central para o setor por dois motivos. O efeito da pandemia, que colocou em xeque a sustentabilidade do sistema em várias cidades, e também a entrada do ônibus elétrico, que é mais caro e exige uma infraestrutura adequada, com recargas de fornecimento de energia", diz Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). "As cidades precisam pensar alternativas sempre focando um melhor serviço para a população, que quer levar menos tempo nos deslocamentos e ter frequência maior dos veículos”, completou.
Curitiba, por exemplo, prepara o seu novo contrato de concessão do transporte coletivo que já contemplará na origem a operação de veículos elétricos. O projeto está sendo estruturado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).
Atualmente as administrações municipais se debruçam em definir qual o modelo ideal de contrato, se integral, com um operador único, ou fragmentado, em que a gestão de áreas como frota, garagem, bilhetagem e terminais são administradas por mais de um operador, público ou privado.
“Curitiba está de parabéns porque está estruturando um novo modelo de concessão já levando em conta as novas variáveis. É necessário planejamento, para não acontecer como em São Paulo, que tem 80 novos ônibus elétricos parados, sem integrar a frota para a população, por falta de infraestrutura adequada de energia elétrica e risco de apagão”, disse Francisco Christovam, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
Para Thiago Marquardt, engenheiro de Planejamento e Desenvolvimento da Urbanização de Curitiba (Urbs), a eletromobilidade trouxe várias questões que impactam diretamente o negócio e a segurança operacional do sistema. "Um dos principais é justamente o fornecimento de energia. Um problema no fornecimento de luz, por exemplo, tem um impacto na operação vinte vezes maior do que o custo dele”, afirmou. Segundo Marquardt, o novo modelo de concessão do transporte coletivo de Curitiba contemplará vários indicadores de qualidade do sistema e está sendo estruturado para garantir segurança e sustentabilidade operacional.
O evento
O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, que termina nesta quinta-feira (27/3), reuniu durante dois dias mais de 200 participantes para discutir temas relacionados ao futuro do transporte e do trânsito nas cidades.
Organizado pela ANTP e a Urbs, o evento teve debates sobre as mudanças previstas na Política Nacional de Mobilidade Urbana, modelos de aquisição de ônibus, andamento do PAC de Mobilidade, segurança no trânsito, fiscalização eletrônica de velocidade e o papel das escolas públicas de trânsito e o risco relacionado à autorização de serviço de mototáxi nas cidades.
Smart City Expo Curitiba
O Smart City Expo Curitiba 2025, organizado pelo iCities, hub de inovação com sede na capital, conta com o apoio da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná e a chancela da Fira Barcelona, um dos mais renomados organizadores de eventos do mundo.