Com direção do paranaense Gil Baroni e roteiro de de Luiz Bertazzo (Alice Júnior, 2019), o filme curitibano Casa Izabel foi consagrado com importantes prêmios no Festival de Cinema de Pernambuco, na última quarta-feira (14/12). Durante a 26ª edição do festival, o longa-metragem arrematou os prêmios de Melhor Direção de Arte, Trilha Sonora, Ator, Ator Coadjuvante e de Melhor Filme. A previsão é que Casa Izabel seja lançado nos cinemas a partir do segundo semestre de 2023.
Neste ano, o festival pernambucano reuniu 700 curtas e longa-metragens inscritos. Criado nos anos 1990, o Festival de Cinema de Pernambuco é uma das mais tradicionais premiações do país, sendo uma referência nacional e internacional de audiovisual brasileiro.
“O filme foi rodado na Região Metropolitana de Curitiba com uma equipe majoritariamente composta de profissionais locais, e ganhar cinco prêmios em um festival importante ajuda a mostrar como o cinema é uma arte presente e reconhecida aqui dentro do Paraná”, diz Baroni.
Casa Izabel se passa no Brasil de 1970 onde, em uma isolada casa grande, fundada por uma elite escravocrata, se instala um clube de crossdressers (pessoas que vestem roupas ou usam objetos associados ao sexo oposto ao seu sexo biológico). O filme é uma reflexão sobre estruturas de poder, e estabelece um olhar crítico e político do racismo estrutural, o machismo e outras formas de violência na época da ditadura e que ainda se fazem presentes no Brasil.
A produção curitibana foi livremente inspirada em um livro chamado Casa Susanna, publicado em 2014. O livro de fotografias traz fotos de homens e mulheres trans que praticavam o crossdressing na cidade de Catskills, em Nova Iorque, Estados Unidos, durante a década de 1950 e 1960.
“Casa Izabel foi fruto do financiamento da Fundação Cultural de Curitiba em parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual, através dos arranjos regionais. Depois disso fizemos um projeto complementar para o mecenato da Fundação Cultural de Curitiba, onde conseguimos finalizar o filme como queríamos" explica o diretor do longa, Gil Baroni.
Apesar de se passar durante a década de 1970, o filme trata de feridas que se mantêm abertas e presentes até os dias de hoje dentro da sociedade brasileira, como a opressão, o racismo e os discursos de ódio.
No quesito cinematográfico, Gil Baroni se inspirou muito no diretor norte-americano Stanley Kubrick (1928 - 1999), por conta da cautela e detalhamento comumente utilizados pelo cineasta.
““Os prêmios, especialmente o de melhor filme, reconhecem todo um coletivo de profissionais que fez com que o longa acontecesse. Assim, esses prêmios têm a importância de gratificar, retribuir e reconhecer toda a equipe técnica e artística”, explica o diretor.
Confira os prêmios de Casa Izabel no Festival de Cinema de Pernambuco 2022
1- Melhor Filme
2- Melhor Ator: atuação conjunta de todos os atores: Luiz Mello, Luiz Carlos Pazello, Sidy Correa, Zeca Cenovicz, Otávio Linhares, Andrei Moscheto, Jorge Neto, Fabio Silvestre
3- Melhor Ator Coadjuvante: atuação conjunta de todos os atores: Luiz Mello, Luiz Carlos Pazello, Sidy Correa, Zeca Cenovicz, Otávio Linhares, Andrei Moscheto, Jorge Neto, Fabio Silvestre e Jeferson Ulrich
4- Melhor Trilha Sonora: Jean Gabriel e Fabio Perez
5- Melhor Direção de Arte: Laís Melo