Garantia de renda e inclusão social foram os principais motivadores que levaram 100 pessoas à Feira de Empregos para Pessoas com Deficiência, promovida pela Prefeitura de Curitiba nesta terça-feira (25/3). O evento superou as expectativas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH), organizadora da ação, pela adesão do público, que chegou a formar fila muito antes do início do atendimento.
Realizada no Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no bairro Cristo Rei, a feira contou com a participação de 34 empresas recrutadoras de diversas áreas, que atenderam presencialmente os candidatos das 9h às 14h. Além disso, outras duas empresas que não estavam previamente inscritas encaminharam suas vagas. Mais de 150 oportunidades de emprego exclusivas para pessoas com deficiência foram ofertadas.
“Esta é a primeira feira de empregos deste ano e ela foi reorganizada para otimizar o atendimento. Implementamos um sistema de triagem e encaminhamento direto aos recrutadores, divididos por setor de atuação, garantindo que os candidatos fossem entrevistados na área de seu interesse”, explicou a secretária de Desenvolvimento Humano, Amália Tortato.
A feira também contou com várias medidas de acessibilidade para garantir o melhor atendimento. Entre elas, a presença de cinco intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), sendo três do próprio Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência e duas voluntárias.
Uma novidade desta edição foi a implantação da Sala Calma para Acomodação Sensorial. “Esse espaço é dedicado a pessoas com transtorno do espectro autista, com objetivo de permitir um momento de tranquilidade antes das entrevistas de emprego”, explicou a diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Elyse Matos.
Sine, Urbs e Senac
A feira foi organizada para que as pessoas pudessem buscar atendimento de todas as empresas que se inscreveram para a ação. E para aquelas que ainda quisessem ampliar as chances, a ação contou com o Sine Móvel da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI), que percorre a cidade para oferta de vagas de emprego, orientações sobre a Carteira de Trabalho Digital e encaminhamentos para o seguro-desemprego.
“Nosso objetivo é facilitar o acesso dos trabalhadores aos serviços da política do trabalho. No Sine Móvel eles podem buscar uma vaga de empego, recebem a carta de encaminhamento, podem encaminhar o pedido do seguro-desemprego e ainda ter orientações sobre a Carteira de Trabalho digital”, explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins.
A ação contou ainda com a presença de uma equipe da Urbs, que também levou sua unidade móvel para confecção da segunda via do cartão-transporte para pessoas idosas e orientar sobre a isenção da tarifa do transporte público.
Pela primeira vez, a Feira de Empregos para PcD teve a presença do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que orientou os candidatos sobre como se comportar em entrevistas de emprego.
Inclusão
Moisés de Souza, 34 anos, saiu com esperança de conquistar uma nova vaga de emprego em pelo menos uma das cinco empresas que fez entrevistas e entregou currículo para vaga de assistente administrativo. Além disso, ele procurou atendimento no Sine Móvel para buscar informações sobre seguro-desemprego. Com uma atrofia do pé direito, provocada por um acidente de moto, ele disse que se sentiu acolhido. “Todas as pessoas aqui foram muito atenciosas, com empatia para atender”, disse. Para Moisés, a sociedade mudou, mas as pessoas com deficiência ainda encontram preconceito, inclusive no mercado de trabalho.
Desempregada há um mês, Rafaella Ribeiro dos Santos, 21 anos, foi à feira acompanhada da mãe e da irmã. “Não vim em busca de uma vaga específica, quero trabalhar e pode ser em qualquer área que eu me encaixar”, disse.
Diagnosticada tardiamente com espectro autista, Rafaella contou que quer trabalhar principalmente pela renda, que pretende usar na compra de itens para o casamento e nos estudos. Apesar da pouca idade, Rafaela já trabalhou em um hospital e na Prefeitura de Quatro Barras, onde mora com a família.
Oportunidade
Acolhido em uma das unidades da Prefeitura, depois de ter vivido em situação de rua, Wilson Alves da Silva, 51 anos, foi à feira em busca de vagas de repositor de caixa de supermercado. Como tem certificado do curso de porteiro, ofertado até o ano passado pela Fundação de Ação Social (FAS), ele também fez entrevista para trabalhar nessa área.
“Eu quero ter uma ocupação, mudar de vida, e essa feira foi feita para mim, eu não podia deixar de vir”, comentou. Wilson tem uma lesão na região lombar, mas que não impede sua autonomia.
Visibilidade
Laura Azevedo Roda, analista de cotas da DBM Contact Center, participou da feira e contou que este é o terceiro ano que mantém parceria com a Prefeitura para a contratação de colaboradores. “A Prefeitura tem muita visibilidade e isso faz com que muitas pessoas sejam atraídas para os recrutamentos”, disse.
As vagas ofertadas na feira eram para pessoas com escolaridade de nível fundamental, médio e superior. Os salários variaram de R$ 1,7 mil a R$ 7 mil.