A Fundação de Ação Social (FAS) completa 30 anos no próximo sábado (29/4). Ao longo das três décadas de existência desenvolveu programas, projetos e serviços de excelência que garantiram direitos para milhares de pessoas, de diferentes gêneros, idades e nacionalidades que passaram ou vivem em Curitiba.
Pioneira em várias ações, muitas vezes até mesmo antes da implantação de instrumentos legais, a fundação se tornou referência para o país no desenvolvimento da assistência social.
Desde que foi criada, em 1993, a FAS orienta, acolhe e transforma a vida de famílias de baixa renda, crianças e adolescentes em situação de risco social, abandonadas e vítimas de exploração de trabalho infantil ou sexual, pessoas em situação de rua, mulheres vítimas de violência, pessoas com deficiência e idosas, migrantes e o público LGBTI+.
“É com alegria que, neste dia 29 de abril, comemoramos os 30 anos da Fundação de Ação Social, a nossa FAS, orgulho de Curitiba, que nasceu do solidário coração da minha amada Margarita (Sansone, primeira-dama) para erguer as pessoas, auxiliar os necessitados e direcionar um olhar cuidadoso para os que mais precisam”, diz o prefeito Rafael Greca, que está em viagem aos Estados Unidos.
Pioneirismo
Idealizada pela primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone, ainda durante a primeira gestão de Rafael Greca como prefeito de Curitiba, a fundação se orgulha da implantação de projetos como a Pousada de Maria, que acolhe mulheres vítimas de violência, com ou sem filhos, e que foi criada 13 anos antes da instituição de instrumentos como a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006.
Curitiba também foi pioneira na implantação do programa Centro de Orientação Social (COS) que mais tarde, em 2005, se tornariam os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), previstos na nova política de assistência social que institucionalizou o verdadeiro conceito de política pública como direito do cidadão e dever do estado.
Há 30 anos, a FAS implantou ainda o Vale-Vovô, que oferecia aos idosos uma farta cesta básica, com alimentos e itens de higiene, para que permanecessem junto de suas famílias, evitando assim o acolhimento em abrigos. O auxílio, também chamado de Benefício de Prestação Continuada, o BPC, surgiu com a Constituição Federal, mas só foi regulamentado no país, em 2007, e é oferecido atualmente para as pessoas idosas e pessoas com deficiência que não podem manter a própria subsistência.
Qualificação e reconhecimento da ONU
O programa Liceu de Ofícios que até hoje oferta cursos gratuitos de desenvolvimento pessoal e qualificação profissional para toda a população é outro marco da FAS.
Prestes a completar três décadas, o programa está próximo de atingir a marca de 1 milhão de pessoas capacitadas para enfrentarem o mercado de trabalho ou gerar a própria renda de maneira empreendedora. Assim como a Linha Sopão, que evoluiu para os Restaurantes Populares e o programa Mesa Solidária, que nesta gestão se orgulha de ter distribuído mais de 1 milhão de refeições, em parceria com grupos voluntários.
A FAS teve ainda a Fazenda Solidariedade, que acolhia pessoas em situação de rua, atendimento que mais tarde passou a ser feito pela FAS SOS e hoje está em dezenas de unidades espalhadas pela cidade, entre elas o primeiro hotel social do Estado a atender exclusivamente travestis e mulheres trans.
“Iniciativas inovadoras como essas fizeram da FAS uma referência nacional e é por isso que recebemos comitivas de todo o país para conhecer e aprender como Curitiba atende as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade e risco social”, diz a presidente da FAS, Maria Alice Erthal.
Este reconhecimento rendeu à FAS o Prêmio Mundial do Habitat, concedido pela ONU em 1996.
De estagiária a empresária da beleza
Thalia Ramos Feitosa, 24 anos, é uma curitibana que faz parte da história da FAS e representa o objetivo da instituição que trabalha para que todas as pessoas superem suas vulnerabilidades e alcancem a autonomia.
Durante dois anos, a partir de 2012, participou de vários serviços da assistência social e do trabalho e emprego. Fez parte de um grupo de adolescentes e foi encaminhada para o então Programa Projovem, o que lhe garantiu uma vaga de trabalho no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Bairro Novo.
Em 2013, fez o curso de Manicure, do programa Liceu de Ofícios. O curso acabou virando profissão. Desde 2019, Thalia é proprietária do Estúdio Lia, salão de beleza que funciona no Umbará, bairro onde ela nasceu e cresceu junto da família.
No endereço próprio, aberto em 2019, ela faz as unhas, os cabelos e sobrancelhas de um número cada vez maior de clientes. O salão funciona em um imóvel próprio, no mesmo terreno onde fica a casa de Thalia e do marido, Marcos, também de 24 anos.
Para a jovem empresária, que já não consegue atender a todas as clientes que a procuram, a FAS foi fundamental para a superação de vulnerabilidades que vivia.
“A FAS foi muito importante na minha vida, me ofereceu muitas oportunidades e eu soube aproveitar”, diz a empresária que sonha conhecer Paris.
Atendimento em toda a cidade
Com uma sede administrativa no Campo Comprido e mais 128 unidades espalhadas por toda a cidade, a FAS tem hoje 410.243 pessoas inseridas no Cadastro Único, sistema do governo federal que faz um raio-x das famílias brasileiras e que é usado para acesso a benefícios sociais. Elas são atendidas principalmente nos 39 Cras, que oferecem serviços de proteção social básica em toda a cidade.
A rede de atendimento da FAS é composta ainda por equipamentos para atendimento a pessoas vítimas de violação de direitos (Creas), unidades de acolhimento para crianças, adolescentes e pessoas adultas e idosas, entre elas as que vivem em situação de rua, e daquelas ligadas à política do trabalho, emprego e renda, como Sines e Liceus de Ofícios, que foram incorporadas à FAS em 2019.
Todos os serviços são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar, formada por assistentes sociais, pedagogos, psicólogos, agentes administrativos, educadores, motoristas, carregadores e auxiliares de serviços gerais.
Trabalho intersetorial
Para que os serviços possam atender a todas as necessidades dos usuários, a FAS conta com o apoio de outras políticas públicas municipais e instituições parcerias, como organizações da sociedade civil e empresas.
Entre elas, a Saúde, com atendimento do Samu e do Consultório na Rua, das unidades de saúde e de pronto-atendimento e dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps); a Segurança Alimentar, com o Mesa Solidária e os Armazéns da Família; e a Educação, que atende as crianças e adolescentes acolhidos pela FAS, além de ofertar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e exames de equivalência para o público maior de 18 anos.
A FAS tem ainda o apoio da Defesa Social, do Esporte, Lazer e Juventude, do Meio Ambiente e da Companhia de Habitação (Cohab).
De olho no futuro
Ao longo dos 30 anos de existência, a FAS vem aprimorando seus serviços para atender às transformações sociais e às novas necessidades da população. Na atual gestão, criou programas como o Formação para o Primeiro Emprego (PPE) e o 1º Empregotech, que preparam os jovens para o mercado de trabalho e para os empregos do futuro, e implantou o Fab Lab, o único do país aberto diariamente e de forma gratuita para toda a população.
Outra medida foi a implantação da Diretoria de Relações com o Terceiro Setor, importante para o novo momento da assistência social, cada vez mais próxima da sociedade, representada por organizações da sociedade civil, voluntários e moradores.
Com eles, a FAS oferece também serviços de acolhimento, de educação, assistência de saúde, esporte e lazer, que contribuem para o desenvolvimento pessoal e social dos participantes.
“O atendimento social das pessoas em vulnerabilidade não é uma responsabilidade apenas do poder público, ele depende também de toda a sociedade, que está cada vez mais participativa”, diz Maria Alice.