Escolher uma profissão é um processo desafiador para os jovens. E não é raro que em algumas famílias, os pais acabem sendo os maiores influenciadores, tanto pelo aconselhamento, ou até mesmo por inspirar os filhos a seguirem seus passos e abraçarem a mesma profissão.
Na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), muitos profissionais ingressaram no serviço público do SUS curitibano inspirados pelos pais. Existem casos até de quem se tornou colega de profissão.
Colega da mãe
Foi o que aconteceu com a enfermeira Juliane Nascimento Ribas Miranda, que atualmente ocupa o cargo de autoridade sanitária da Unidade de Saúde Barigui, na CIC. A mãe, a enfermeira Ester do Nascimento Ribas, foi a principal inspiração para Juliane seguir a profissão. Atualmente, Ester é a Autoridade Sanitária da Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho.
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Juliane Nascimento Ribas Miranda, enfermeira.
“Ela me transmitiu todo o conhecimento e fez até mais do que isso. Quando fui fazer vestibular e já tinha decidido que iria cursar enfermagem, minha mãe me levou para conhecer a rotina na UPA Boqueirão, onde ela trabalhava na época. E também me levou para conhecer o trabalho de colegas enfermeiros. Depois de todo este processo, tive a certeza que a enfermagem era o que queria para minha vida”, disse Juliane.
Juliane faz parte do quadro de servidores da SMS há 3 anos e meio. Antes de fazer o concurso público da Prefeitura, ela fez 1 e meio de intercâmbio na Espanha, atuou na urgência e emergência do Hospital das Clínicas e passou pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba (Feas).
“Eu gosto muito do que faço. No serviço público, é possível ajudar camadas da sociedade que não têm acesso a nenhum plano de saúde e isso faz toda a diferença na vida deles”, disse Juliane. Ela firma que a articulação da rede de saúde é muito importante para fazer frente a eventuais surtos e para que o sistema possa funcionar de forma eficiente.
“A rede de saúde tem que estar estruturada e preparada para que o usuário percorra todos os níveis sem prejuízo no atendimento. Mas é importante atuar também na prevenção para cuidar do paciente antes que o quadro se agrave”, completou.
Conquistada pelo SUS
Diferente de Juliane, Brenda Aline Silva de Souza não queria trabalhar na saúde pública.
“Cresci vendo minha mãe trabalhando muitas horas na Secretaria da Saúde. Pensava que não queria isso para o meu futuro, achava que era uma rotina muito puxada, que exigia muito”, relembrou.
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Brenda Aline Silva de Souza, secretária-geral da Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba.
Atualmente, Brenda é a secretária-geral da Fundação Estatal de Atenção à Saúde de Curitiba. A mãe, Cristiane Esmeralda Silva, se aposentou após 36 anos de serviço público, todos os eles dedicados à Secretaria Municipal da Saúde.
Cristiane atuou na Mecanografia (atual gabinete da SMS); Coordenadoria de Desenvolvimento e Saúde Coletiva (atual CES/SMS); Centro de Controle Avaliação e Auditoria; Superintendência de Gestão; Hospital do Idoso Zilda Arns; Departamento de Urgência e Emergência; e UPA Pinheirinho.
“Eu achava aquilo tudo muito desgastante. Mas a minha percepção mudou quando, aos 16 anos, fui auxiliar nos atendimentos aos usuários do SUS. Este trabalho de ajudar as pessoas a entender como é o fluxo do SUS, como viabilizar um exame e até um procedimento de alto custo me fez tomar gosto pela coisa, porque é muito gratificante. Hoje, sou orgulhosa da minha carreira e da minha mãe, aprendi muito e me inspiro na vida que ela construiu”, definiu Brenda.
Ao vivenciar a rotina da mãe, Brenda acompanhou a construção do SUS e agora testemunha o processo de incorporação do sistema às novas tecnologias.
“O que a gente vive agora é uma virada de chave com a incorporação de novas tecnologias, como o aplicativo Saúde Já, que traz comodidade para os usuários, que podem marcar consultas das suas casas, além da implantação da Central de Teleatendimento”, disse.
Para os jovens que estão buscando qual carreira pretendem seguir, Brenda recomenda que avaliem seriamente o serviço público, especialmente a área de saúde.
“Indico para quem está entrando no mercado de trabalho a FEAS. É um lugar muito dinâmico, com oportunidades para mudar de setor, de unidade, de bairro e tem muitas possibilidades, com o foco de procurar as pessoas certas para os lugares certos”, disse.
Influenciado pelo pai e a mãe
O superintendente executivo da Secretaria Municipal de Saúde, Juliano Gevaerd, foi, por assim dizer, “cercado” pelas influências profissionais do pai e da mãe, ambos servidores públicos.
O pai, Sylvio Gevaerd, dentista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ingressou na saúde pública em 1978. Já a mãe, Norma Gevaerd, era professora e lecionava na Escola Municipal Maria do Carmo Martins.
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Juliano Gevaerd, superintendente executivo da Secretaria Municipal de Saúde.
“A saúde pública era um tema muito comentado na minha casa. Eu era criança e me lembro do meu pai falando sobre o nome dos núcleos e das diretorias. Eu o acompanhei muitas vezes no São Lourenço, no clube dos servidores da Prefeitura para jogar futebol e confraternizar. E foi aí surgiu a ligação com a Prefeitura”, comentou Juliano.
Homenagem póstuma
Falecido em 2004, Sylvio Gevaerd dá nome ao Centro de Especialidades Odontológicas, na Avenida Presidente Arthur Bernardes, uma homenagem aos 25 anos de serviços prestados à saúde do município.
A partir do período do falecimento do pai foi que Juliano começou a pensar mais a sério a ingressar no serviço público, em parte por ser estimulado pelos muitos amigos de Sylvio Gevaerd.
“Foi nesse período, entre a morte do meu pai e a conclusão da graduação em fisioterapia e educação física, que decidi entrar para o serviço público. Quando abriu o concurso para Prefeitura eu fiz e fui aprovado”, explicou Juliano.
A primeira aprovação foi pela Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) em 2008. Em 2009, Juliano fez um concurso interno da Secretaria Municipal de Saúde e mudou definitivamente de setor.
“Quando passei a estudar e entender melhor como funciona o sistema de saúde e percebi naquele momento que de fato essa era a carreira para a minha vida”, disse.
Há 3 anos, Juliano Gevaerd ocupa o cargo de superintendente executivo da SMS.
“As pessoas pensam a saúde mais como a parte assistencial unidades de prontos atendimento, hospitais, etc. Mas existe a questão administrativa que aparece pouco, mas é fundamental para o funcionamento do setor. Pode-se dizer que é motor que faz tudo funcionar porque se o gerenciamento das questões orçamentárias e financeiras não for realizado, o medicamento pode faltar lá na ponta”, observou.
Insistência materna
A servidora Sidneia Pimentel Felício já havia decidido seguir carreira na área da saúde, mas não cogitava ingressar no serviço público.
A mãe da enfermeira Sidneia Pimentel Felício foi a maior incentivadora para que ela ingressasse no serviço público. Ela conta que sempre se sentiu vocacionada pela área de saúde, tanto que cursou enfermagem e trabalhava no setor hospitalar privado.
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Sidneia Pimentel Felício, servidora.
“Eu me formei e fiz especialização em obstetrícia na Maternidade Santa Brígida, mas não cogitava a possibilidade de atuar na saúde pública. Mesmo assim minha mãe nunca desistiu de me incentivar a fazer concurso”, contou Sidneia, que hoje é a autoridade sanitária da Unidade de Saúde Coqueiros, no Sítio Cercado.
Em 2008, ela cedeu aos apelos da mãe, fez o concurso público e foi aprovada. O primeiro trabalho foi na UPA do Sítio Cercado como enfermeira assistencial.
Onedes Margarida Pimentel Felício, conhecida como Neide, entrou na Prefeitura através de concurso público, em 1987, para atuar com cozinheira na Secretaria de Educação. Depois, se tornou auxiliar administrativa da Unidade de Saúde Caximba, função na qual se aposentou em 2017.
Além de Sidneia, dona Onedes também convenceu a outra filha, Valdineia Pimentel Felício, a se tornar servidora. Hoje, ela é professora de educação infantil na CMEI Ciro Frare, no Ganchinho.
Trabalho gratificante
“Já são 12 anos de atuação na saúde pública de Curitiba, período em que tive a oportunidade de desempenhar várias funções. Hoje eu percebo como a gente impacta demais na vida das pessoas que procuram assistência e realmente é isso que eu gosto de fazer, é o que me motiva. Administrar uma unidade de saúde implica inúmeros desafios diários, é um serviço que tem uma complexidade gerencial grande, que carece de atualização constante. Viver essa experiência é uma dupla satisfação para mim e para minha mãe, que diz que sou o orgulho dela”, comentou Sidneia.
Além disso, Sidneia cita que é muito gratificante ver como a saúde pública faz diferença no dia a dia das pessoas.
“Isso é muito apaixonante porque no setor privado você não tem essa dimensão. Aqui a gente atende a gestante, acompanha a criança depois que nasce, depois essa criança começa a frequentar a escola. É um processo bastante satisfatório”, finalizou.
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