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Altruísmo

Família Acolhedora dá voz às crianças e se torna missão de vida para os participantes; saiba como fazer parte

Família Acolhedora dá voz às crianças e se torna missão de vida para os participantes; seja você a parte que acolhe. Foto: Sandra Lima

Durante a pandemia da covid-19, a servidora pública Andreia Roberta Mulling, 42 anos, questionou qual seria seu papel na sociedade dali em diante. Nesse período de reflexão, ela conheceu o Família Acolhedora, serviço da Fundação de Ação Social (FAS) que visa oferecer lares temporários para crianças e adolescentes afastados de suas famílias de origem por determinação da Justiça.

Naquele momento, Andreia resolveu fazer a formação de ingresso ao serviço apenas para conhecê-lo, mas concluiu a capacitação apaixonada pela causa. “Percebi que era algo que se encaixava com meu propósito”, lembra. Um ano depois, em 2021, ela recebeu os primeiros acolhidos: dois irmãos, de 10 e 12 anos. Andreia acolheu os adolescentes por seis meses e, durante este período, ajudou a alfabetizá-los.

No seu quarto acolhimento, Andreia diz que pretende ser família acolhedora por muitos anos. “Tenho como missão, sinto que posso agregar na vida deles”, afirma a servidora do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que atualmente acolhe um menino de 12 anos.

Para Andreia, o acolhimento familiar oferece a melhor maneira de ajudar crianças e adolescentes que tiveram direitos violados. 

“Em uma instituição com dez, 15 crianças, você não consegue ter esse olhar individualizado. Em uma família acolhedora, eles têm muito mais voz para serem acolhidos em suas necessidades”, explica Andreia.

Desejo de fazer mais

Após adotar uma menina em 2011, que hoje tem 15 anos, Angela Rosemari da Costa, 57 anos, sentiu o desejo de contribuir mais na vida de crianças e adolescentes de Curitiba. Ela conta que sempre se preocupou com esse público, mas não sabia o que fazer para ajudar.

“Quando conheci o Família Acolhedora, meus olhos brilharam”, lembra Angela, se referindo ao dia em que o programa foi anunciado à Organização da Sociedade Civil (OSC) Recriar, onde atuava como secretária.

Ela foi uma das primeiras a passar pelo processo de habilitação ao serviço e já acolheu cinco crianças, inclusive um bebê de apenas 13 dias. Há dois meses, ela acolhe uma criança de 1 ano e sete meses. Recém-aposentada, Angela avalia que participar do Família Acolhedora fez dela uma pessoa melhor. “Com cada criança que chega, a gente tem vontade de amar mais, de proteger mais”, diz.

Angela e Andreia não são casadas e realizam acolhimento solo.

O programa

O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora é uma modalidade do Programa de Acolhimento Familiar da Prefeitura de Curitiba. É coordenado pela FAS e conta com  parceria da Acridas, organização social aprovada em um chamamento público para habilitar e acompanhar os participantes. O objetivo é evitar que crianças e adolescentes que são afastados de suas famílias ou responsáveis sejam acolhidos em instituições públicas e possam receber atendimento em um ambiente familiar, o que lhes garante uma atenção individualizada e a convivência comunitária.

Lançado em 2019, o serviço acolheu até agora 93 crianças e adolescentes e habilitou 37 famílias interessadas. Delas, quase todas acolheram pelo menos uma vez. Atualmente, 12 famílias fazem o acolhimento de 14 crianças.

A coordenadora de Proteção Social Especial da FAS, Roberta Melo Olivan, espera que o número de famílias habilitadas aumente nos próximos anos. “A ideia é que um dia a gente possa ter um número de acolhimento institucional menor que o acolhimento em família acolhedora”, diz.

As famílias acolhedoras recebem um subsídio financeiro de R$ 998 para ajudar nas despesas.

Faça a diferença

Para participar do serviço, os interessados devem preencher o Formulário de Cadastro de Família Acolhedora no site da FAS. Como critério, a família deve residir em Curitiba ou na região metropolitana e não possuir cadastro ativo de intenção de adoção.

Quando forma turma, a Acridas entra em contato com os inscritos para iniciar a formação e habilitação. Eles participam de oito encontros, quando são feitas avaliações psicológicas e psiquiátricas e é traçado um perfil para identificar qual faixa etária combina com cada participante.

A coordenadora da Acridas, Andrea Bomfim, explica que os participantes são acompanhados de perto por uma equipe de assistentes sociais e psicólogos para que os acolhimentos sejam realizados da melhor maneira possível. “A equipe dá todo o suporte e orientação à família acolhedora, auxiliando nos encaminhamentos feitos para essa criança”, diz ela.

O acolhimento de uma criança ou adolescente acontece somente quando há um pedido de autoridades competentes, como o Ministério Público e conselhos tutelares. Entre as situações levadas em conta estão principalmente o abandono, maus-tratos, negligência, quebra ou suspensão momentânea do vínculo familiar e comunitário.