Canal de diálogo e acolhimento de pedidos de obras e serviços da população, a consulta pública Fala Curitiba pode ser o caminho mais curto até mesmo para soluções que não demandam investimentos públicos.
Este foi um dos resultados da reunião realizada na Regional Santa Felicidade, no dia 12 de maio, quando uma reclamação acerca dos alagamentos em duas ruas do São Braz levou a administradora regional, Simone das Chagas Lima, a negociar a solução do problema, que se arrastava há cinco anos, em pouco mais de 1 mês.
A questão envolvia quatro terrenos contíguos, que fazem frente para duas ruas paralelas, e no meio dos quais existe um fundo de vale. Por meio dele, uma faixa de drenagem escoa a água da chuva. O problema aconteceu a partir do momento em que o proprietário, contrariando as normas de uso do solo, decidiu obstruir a faixa.
Reclamação, multa e solução negociada
Com a interrupção do fluxo, nos dias de chuva a água impedida de ser drenada alagava o leito das duas ruas e invadia os terrenos vizinhos. Os moradores reclamaram por meio do 156 desde que o problema começou, em 2017.
Diante da resistência em desfazer a intervenção equivocada, além de não roçar e cercar os terrenos, o proprietário foi notificado da queixa e multado. Porém, favorecido pela pandemia do novo coronavírus e pela estiagem prolongada – que fez a vizinhança se voltar para outras prioridades - não fez a obra.
A irregularidade se prolongou até maio, quando alguns moradores apostaram na eficácia do Fala Curitiba. “O que a Prefeitura fez, por meio do diálogo aberto pela Regional, foi conseguir que o proprietário abrisse novamente a faixa de drenagem. Assim, evitou-se que chuvas fortes observadas no começo do mês novamente prejudicassem os moradores”, resumiu Simone.
Resposta agilizada e satisfação
Segundo a administradora regional, o serviço que precisava ser feito era uma medida simples, rápida e barata, mas que só cabia ao particular resolver. “O poder público interferiu apenas por uma questão de agilidade, para pôr fim no transtorno comunitário e que só perdurava porque não era feito o que a Prefeitura exigia. O poder público municipal apenas providenciou a guia, a caixa de captação e dois ralos”, completou.
A medida agradou aos moradores. “Além de empoçar de lado a lado e ser jogada para o alto quando os carros passavam, o nível da água subia tanto que entrava nos outros terrenos. Um vizinho quase perdeu o motor do portão automático. Agora ficou bom”, conta o corretor de imóveis Giancarlo Perhardt, morador da Rua Manoel das Chagas Lima há 16 anos.
Na Rua Emílio Zattera, a via de baixo, o administrador de empresas aposentado Luís Carlos Marques também comemora. “Estamos tranquilos porque terminou aquele incômodo antigo”, resume o morador, que está no local há 12 anos e via a água descer pelos terrenos e se acumular quase em frente ao seu condomínio.