O prefeito Rafael Greca inaugurou na noite desta terça-feira (2/4), no Museu Municipal de Arte (MuMA), a exposição que comemora os 100 anos do artista visual Poty Lazzarotto (1924-1998). A mostra Poty de Curitiba, Curitiba de Poty reúne até janeiro de 2025 desenhos e gravuras do artista, também conhecido nacionalmente por seus murais e ilustrações de livros de consagrados autores brasileiros.
“Inauguramos com muita alegria a exposição do centenário do Poty, sentindo a sua presença entre nós, porque Poty vive em Curitiba e vive no coração curitibano”, disse o prefeito na abertura, prestigiada por artistas, historiadores, familiares, autoridades e pelo público interessado em conhecer mais de perto a sua produção.
Generosidade
Greca anunciou que a sala principal do MuMA passa a se chamar Poty Lazzarotto, complementando a homenagem feita à sua esposa, Célia Neves Lazzarotto, que dá nome a outra sala do museu. Em 1986, Poty doou ao município a rica coleção de obras de arte do casal, com preciosidades de artistas como Picasso, Di Cavalcanti e Guignard, dando origem ao MuMA.
“Esse curitibano grande e generoso muito me ajudou fazendo os cartazes da Festa da Igreja da Ordem, é figura única, a ponto de ver um menino subindo em um pinheiro e imediatamente desenhá-lo ou de se lembrar da casa dos pais, perto do Vagão do Armistício (nome dado à cantina da família Lazzarotto, no Capanema), e sair pintando todas as cenas da sua vida”, descreveu o prefeito.
Para Greca, Poty entendia como ninguém da alma de Curitiba e do sentimento de brasilidade, o que pode ser constatado nas capas dos livros de Guimarães Rosa, de Darcy Ribeiro e dos irmãos Villas-Boas, com quem conviveu. “Essas pessoas míticas como Poty representam a vitória do Brasil sobre a mediocridade”, afirmou o prefeito.
A abertura de exposição teve a presença da bailarina Ana Botafogo, que está na cidade para o espetáculo O Lago dos Cisnes, uma das atrações da programação de aniversário dos 331 anos de Curitiba
Olhar social
Sob curadoria do professor de História da Arte Fernando Bini, a mostra reúne perto de 100 obras, entre desenhos e gravuras, revelando o desenvolvimento do seu traço e caracterizando as diversas fases de sua produção. Entre os destaques estão três desenhos originais feitos sobre madeira que ornamentavam o interior do Vagão do Armistício – lendário restaurante da família, muito frequentado por políticos e intelectuais quando Poty ainda era menino.
Filha de João Lazzarotto, sobrinha de Poty, Patrícia Lazzarotto representou a família na ocasião e contou sobre a relação do tio com Curitiba.
“Ele gostava da cidade, mas retratou o lado menos conhecido, o entorno de onde ele morava, a Vila Capanema dos trabalhadores, ferroviários, crianças de pés no chão, bêbados, prostitutas. Ele foi desenvolvendo um olhar social e isso está presente em suas obras”, conta Patrícia.
Em outro espaço do museu, na Sala Andrade Muricy, há uma linha do tempo com os principais momentos da vida de Poty Lazzarotto e uma amostragem da coleção de gravuras do artista pertencentes ao colecionador Fernando Franz. Logo na entrada, os visitantes encontram o busto em bronze de Poty, fundido no Ateliê de Esculturas do Memorial Paranista e cedido pela galerista Regina Casillo.
O curador Fernando Bini destacou a forma colaborativa de montagem da exposição e considerou o resultado compensador. “Foi um trabalho compartilhado que permitiu fazer, entre tantas obras, uma seleção que dá uma leitura completa da produção de Poty, desde o momento em que ele começa, no Vagão do Armistício, até o último desenho dele, que pertence à Fundação Cultural”, avaliou Bini.
Oportunidade
As obras expostas foram admiradas por todos os que as conheceram pela primeira vez, como a museóloga curitibana Daniela Livramento. “Sempre tive uma grande admiração pela arte e pelos artistas paranaenses. Não podia perder essa oportunidade de participar da abertura da exposição que mostra a riqueza do trabalho desse artista tão talentoso que temos aqui em nossa cidade”, disse Daniela.
A vendedora Rosane Ribeiro e o filho Pedro, estudante de cinema, também visitaram a mostra e ficaram conhecendo um pouco mais sobre Poty. “Eu via os murais pela cidade, agora estou conhecendo esses outros trabalhos. É realmente um grande artista”, atestou Rosane.
Os desenhos e gravuras expostos na sala principal são todas do acervo do Museu Municipal de Arte e do Museu da Gravura. “A intenção dessa exposição, preparada pela Fundação Cultural de Curitiba, é mostrar a profunda ligação de Poty com a sua cidade e a dimensão universal de sua arte”, disse a presidente da FCC, Ana Cristina de Castro.
Presenças
Participaram da abertura a secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, as secretárias municipais da Educação, Maria Silvia Bacila, e da Saúde, Beatriz Battistella, a presidente do Instituto Municipal de Turismo, Tatiana Turra, o vereador Serginho do Posto e o ex-presidente da Fundação Cultural de Curitiba Geraldo Pougy. Também compareceram os artistas Rodolfo Doubek e Fernando Veloso, a professora e curadora da exposição de Poty no Museu Oscar Niemeyer, Maria José Justino, a artista Teca Sandrini, o arquiteto Guilherme Klock, a diretora de arte da exposição, Mayra Pedroso, e Fátima Mercuri, que coordenou os trabalhos da exposição.
Serviço: Poty de Curitiba, Curitiba de Poty
Comemoração dos 100 anos de nascimento de Poty Lazzarotto
Local: Museu Municipal de Arte – MuMA (Av. República Argentina, 3.430 – Portão)
Datas e horários: até janeiro de 2025, de terça-feira a domingo, das 10h às 19h
Gratuito