Desde a abertura do Posto Avançado da Polícia Científica na Casa da Mulher Brasileira de Curitiba (CMBC), no Cabral, em 8 de abril de 2024, o acesso das vítimas de violência a exames periciais tornou-se mais ágil e eficiente. Antes da instalação do posto, as vítimas precisavam se deslocar até a Unidade de Execução Técnico-Científica (UETC), no Tarumã, o que muitas vezes resultava em desistências e atrasos na coleta de provas. Agora, o processo é realizado no mesmo local onde a denúncia é registrada.
Com isso, o número de atendimentos cresceu 14%, passando de 1.779 para 2.026 exames realizados. A iniciativa não só acelera a investigação, mas também aumenta a chance de garantir provas nos casos de violência.
A eficiência do projeto foi reconhecida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que no dia 25 de março deste ano emitiu a Portaria nº 911 para orientar a instalação de postos avançados nas demais unidades da Casada Mulher Brasileira do país.
45% não faziam o exame
Vinicius Gamarra, chefe da clínica médica na Casa da Mulher Brasileira, destaca a importância da mudança.
“Antes, cerca de 45% das mulheres que sofriam violência não chegavam a realizar os exames. Com a implantação do posto, houve um aumento de 14% na procura pelos exames de lesão corporal. Além disso, conseguimos melhorar a resposta nos hospitais que também fazem atendimentos, garantindo que as coletas sejam feitas dentro das primeiras 72 horas, período essencial para a obtenção de vestígios.”
Exames complementares reforçam investigações
O impacto da nova estrutura também se reflete nos exames complementares. De abril de 2024 a março de 2025, foram realizados 11.886 exames detalhados, um aumento de 7% em relação ao período anterior. Esse crescimento está ligado à demanda por análises mais complexas, como DNA e toxicologia, fortalecendo a qualidade das investigações e aumentando as chances de punição dos agressores.
Além disso, a atuação dos peritos tornou-se mais eficiente, permitindo deslocamentos rápidos para hospitais e locais onde as vítimas necessitam de atendimento imediato. Isso significa que mais casos estão sendo documentados corretamente, sem perdas de evidências cruciais.
Acolhimento e proteção
A Casa da Mulher Brasileira de Curitiba, no bairro Cabral, é um centro de referência no atendimento a vítimas de violência. O espaço oferece suporte psicossocial, serviços de garantia de direitos e abriga setores especializados para cada tipo de violência previsto na Lei Maria da Penha.
Curitiba foi a segunda cidade a contar com um posto avançado da Polícia Científica dentro da CMB, um avanço que a coordenadora-geral do local, Sandra Praddo, considera essencial.
“Esse espaço é um marco na política pública, pois reúne serviços em um só local, proporcionando mais acolhimento e segurança às mulheres. Ter um ambiente exclusivo para elas reduz o constrangimento e incentiva a denúncia.”
Além do suporte jurídico e psicológico, a CMB oferece encaminhamento para abrigos, brinquedoteca, espaço pet e até iniciativas voltadas à autonomia econômica das vítimas, ajudando a reconstruir vidas.
Um modelo que inspira
A experiência positiva de Curitiba serve de exemplo para outras cidades brasileiras. O primeiro posto avançado foi implantado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e agora, com a portaria nacional, a tendência é que mais estados adotem a iniciativa.