Quando a teoria e a prática conseguem caminhar juntas, a chance de aprendizado é muito maior. Com esse pensamento, professores de graduação dos cursos de Arquitetura e Urbanismo de Curitiba têm inovado em suas aulas, com uso dos recursos digitais da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) para ensinar como construir novas edificações, com ferramentas e regras reais do dia a dia na cidade.
Usando em sala de aula serviços como a Consulta Informativa de Lote online (CIL, a antiga "Guia Amarela") e a plataforma GeoCuritiba, os futuros arquitetos e urbanistas formados em Curitiba seguem para o mercado de trabalho mais preparados para oferecer aos clientes projetos criativos, mas que respeitem os parâmetros urbanísticos da cidade, com mais agilidade e precisão nas entregas.
O professor da disciplina de Ateliê dos cursos de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Tecnologia de Curitiba (Unifatec), Rafael Kalinoski, por exemplo, instigou os alunos a projetar uma edificação em um lote real, que respeitasse os parâmetros da Lei de Zoneamento Urbano da cidade. Para facilitar, sugeriu o uso dos serviços digitais da SMU.
“Pedi uma edificação de uso misto no eixo estrutural ao lado do Terminal do Portão, com dois pavimentos comerciais e a torre residencial. Pela matrícula do imóvel, pesquisaram os dados do lote no CIL para saber quais os parâmetros de construção permitidos. Para saber detalhes da geografia do lote e vários parâmetros urbanísticos simultaneamente, o GeoCuritiba concentra as informações”, contou o docente.
Ensinar aos futuros profissionais como usar as ferramentas disponíveis também agiliza os trâmites documentais da própria SMU.
“O Urbanismo de Curitiba tem muitos detalhes técnicos que vão além da vontade de criar uma nova edificação marcante. Possibilitar que estudantes saiam da Faculdade com conhecimentos das ferramentas online reduz a necessidade marcar consultas nos Núcleos Regionais da SMU, evita que um projeto vá e volte com ajustes até a aprovação”, destaca a diretora do Departamento de Cadastro Técnico da SMU, Aline Placha Tambosi.
GeoCuritiba
Em outra turma, com a professora Samantha Busnello, a proposta foi criar um projeto de revitalização para a praça do Museu de Artes Modernas (MuMa). Para essa tarefa, o GeoCuritiba foi bastante requisitado.
Lançada em março de 2022, a plataforma GeoCuritiba responde pela gestão territorial da cidade e reúne aplicativos, painéis, mapas com funções customizadas e dados geográficos. Criada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), é alimentada com bases de dados da gestão territorial de Curitiba que começaram a ser convertidos do papel para o digital nos anos 1990.
Aberto à população e com um amplo leque de funções - aplicativos, painéis, mapas com funções customizadas e dados geográficos, visualização da cidade em 3D – os alunos precisavam de suporte para aprender a usar a ferramenta.
Oficinas
Daí nasceu a primeira oficina de uso do GeoCuritiba, em que a gerente de geoprocessamento da SMU, Thais Vieira Lopes, apresentou os usos da plataforma aos estudantes.
Além de graduandos da Unifatec, estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participaram de oficinas.
A estudante do 9º período de Arquitetura e Urbanismo Bianca de Paula Moraes, 29 anos, conta que conhecer essas ferramentas ainda na faculdade mostrou como sua profissão funciona na prática.
“Aprender a fazer as consultas sobre os imóveis com dados reais e em tempo real permite um estudo de viabilidade que evita dor de cabeça depois. Projetamos como seria na vida real, entendendo o que é possível construir e o que não é, sem criar expectativas no cliente que depois não podem ser concretizadas”, diz a graduanda.
Ela conta que se impressionou com a quantidade de serviços do Urbanismo que pode solicitar online em Curitiba. Conta, ainda, que está usando o GeoCuritiba como uma das fontes de pesquisa para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Curitiba tem um sistema de serviços do Urbanismo bem moderno, o profissional pode fazer tudo pelo computador”, fala Bianca.
Estagiários
Além de ir até os estudantes de Arquitetura e Urbanismo, a SMU os traz para dentro de suas dependências, com a oferta de estágios para graduandos e pós-graduandos, que não só atuam em tarefas da rotina da Secretaria como também têm protagonismo em projetos paralelos de organização, classificação e análise de documentos, em tarefas que embasam os profissionais técnicos nas tomadas de decisões.
Somente no Departamento de Cadastro Técnico da SMU são 25 estagiários. Entre as tarefas, integram dez projetos que revisitam materiais antigos com a história da ocupação urbana de Curitiba com o objetivo de preservá-los.