A Secretaria Municipal da Saúde começou esta sexta-feira (19/5) com uma grande força-tarefa para vistoria nas casas da Vila Esperança, no bairro Atuba, em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Vinte agentes de endemias do Programa Municipal de Controle do Aedes tinham a função de orientar os moradores e buscar nos quintais recipientes que possam acumular água, ambiente ideal para a proliferação do mosquito.
A ação foi motivada pela identificação de três casos de dengue no bairro, considerados autóctones, ou seja, que a contaminação aconteceu na cidade de residência. No total, Curitiba registrou quatro casos autóctones de dengue no mês de maio, todos no mesmo Distrito Sanitário, o que motivou a varredura em busca de criadouros do mosquito e recipientes que possam acumular água.
Assim que foram confirmados os casos autóctones, foram desencadeadas diversas ações pelas equipes assistenciais e de epidemiologia da SMS.
“A dengue exige ações intersetoriais, que envolvem saúde, meio ambiente e a população. Parabenizo a todos os envolvidos por rapidamente identificarem os focos e pelo trabalho de bloqueio para evitar novos adoecimentos pela doença”, disse a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
Mutirão
Na primeira semana de maio foi realizada ação de bloqueio em torno das casas onde foram registrados os casos positivos.
O mutirão na Vila Esperança vai continuar na próxima semana. Na segunda e terça-feira (22 e 23/5) os agentes de endemias continuam as visitas às casas.
Além de conversar com os moradores sobre os riscos da doença e a necessidade de eliminação dos criadouros, os agentes avisam sobre o mutirão de limpeza em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), que vai acontecer nos dias 24, 25 e 26 de maio na região. É o momento de retirar dos quintais materiais inservíveis, que acumulam água, e o caminhão passa coletando o resultado do "pente fino" feito pelos moradores.
As vistorias e mutirões de limpeza acontecem em toda cidade, de acordo com cronograma do programa de Controle do Aedes da SMS em parceria com a SMMA. Nos dias 25 e 26 de maio será a vez dos agentes de endemias percorrerem as ruas do Distrito Sanitário do Tatuquara, avisando do mutirão de coleta nos dias 29 e 30 de maio.
Sérgio Ribeiro, 48 anos, mora na Vila Esperança e recebeu a visita de um agente da Prefeitura nesta sexta-feira. “Eu acho muito importante essas visitas, é um alerta para a gente manter a casa sempre livre de água parada”, disse.
O fisioterapeuta Marluz Gruner, 48 anos, também aprovou a ação no bairro. “É importante a Prefeitura ter essa postura de cuidado com a dengue, porque a doença pode ser séria e inclusive matar.”
Casos
Dos quatro casos confirmados, três são mulheres e um homem, moradores na região do Distrito Sanitário Boa Vista. Todos negam viagem para fora de Curitiba, o que confirma a contaminação na cidade. As quatro pessoas foram atendidas e já passam bem.
O único paciente masculino, de 45 anos, teve o diagnóstico após buscar teleatendimento por meio da Central Saúde Já. Relatou dores nas articulações e musculatura, dor abdominal, febre, dor de cabeça e falta de apetite. Após videocunsulta, foi encaminhado para exames que confirmaram o diagnóstico.
Outro caso confirmado é de uma mulher de 35 anos, que apresentou febre alta, dores e manchas pelo corpo. Segundo relato às equipes de saúde, frequenta mercado em Colombo, cidade que faz divisa com o bairro.
Já mãe e filha, vizinhas da Unidade de Saúde Vila Esperança, tiveram a confirmação de dengue em consulta na unidade. O primeiro diagnóstico foi da mãe, de 44 anos, com relato de fortes dores pelo corpo, atrás dos olhos, náuseas e dificuldade para se movimentar. Depois de alguns dias, apresentou manchas por todo corpo. A filha, de 20 anos, também relatou uma forte alergia, febre e dores intensas.
A mãe, Márcia Marcolina da Silva, de 44 anos, auxiliar de serviços gerais, definiu o quadro como insuportável. “Eu chorava dia e noite. Parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim, tinha dor no corpo inteiro”. Segundo ela, a casa onde vivem não tem nada que acumule água, mas precisa que todos cuidem pra evitar o mosquito. “Eu e minha filha pegamos a dengue e fiquei com medo que meu neto também ficasse doente. Eu digo para todo mundo cuidar para não ter esse mosquito por perto”, finalizou.
Meio Ambiente
As equipes de epidemiologia da SMS entraram em contato com a Secretaria Municipal de Colombo para o trabalho conjunto, tendo em vista a proximidade dos bairros. Nesta sexta-feira, os agentes de endemias de Colombo também iniciaram o mutirão, que deve continuar nos próximos dias.
Números
O Boletim Informativo da Dengue, divulgado em 10 de abril, ainda não registrava os casos autóctones na capital. Desde o janeiro, foram confirmados 238 casos de dengue na cidade, todos importados, ou seja, que a contaminação aconteceu em outra localidade. Em 2022, Curitiba registrou 227 casos de dengue, sendo que cinco eram autóctones.
Segundo a coordenadora do Programa Municipal de Controle do Aedes, Tatiana Faraco, cerca de 50% dos imóveis estão fechados durante a ação de vistoria, o que dificulta a identificação de focos do Aedes aegypti.
“Mantemos ações de controle o ano todo, mas é preciso que cada cidadão cuide de sua casa ou trabalho. Só assim poderemos manter Curitiba livre do mosquito transmissor dessas doenças sérias”, disse a coordenadora.
Segundo ela, é necessário vistoriar semanalmente as casas, quintais e ambientes de trabalho em busca de materiais que possam acumular água e se tornar criadouros. Outra recomendação importante é o uso de repelentes em áreas de risco para a dengue.
Dicas importantes para combater a proliferação do Aedes aegypti
1 - Mantenha caixas, tonéis e barris de água tampados.
2 - Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada.
3 - Não jogue lixo em terrenos baldios.
4 - Ao guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.
5 - Não deixe a água da chuva acumular sobre a laje.
6 - Encha os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda.
7 - Se for guardar pneus velhos, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva.
8 - Limpe as calhas com frequência, evitando que galhos e folhas impeçam a passagem da água.
9 - Lave pelo menos uma vez por semana, com água e sabão, recipientes utilizados para guardar água.
10 - Os vasos de plantas aquáticas também devem ser lavados com água e sabão, toda semana. É importante trocar a água desses vasos com frequência.