Empresas com políticas efetivas de diversidade de gênero têm performance 21% melhor dos que as que não tem. Nas empresas com políticas de diversidade étnica, o incremento é de 33%.
Os dados são da consultoria internacional McKinsey e foram apresentados por Desiree Coleman-Fry nesta quinta-feira (10/11) em Curitiba, em palestra cuja conclusão da especialista foi: “Diversidade é boa para as empresas. Ponto”.
Vice-presidente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Federal Reserve Bank de Saint Louis (EUA), Desiree veio à capital em uma parceria entre a Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil e a Prefeitura de Curitiba, por meio do setor de Relações Internacionais com participação da Assessoria de Direitos Humanos.
De acordo com ela, as empresas com diversidade são muitos mais aptas a fornecer as soluções no mercado em que atuam – o que vale para a área privada e pública, além do terceiro setor.
Danos
Por outro lado, empresas (mesmo que grandes e consolidadas) podem ter danos sérios quando não dispõem de políticas efetivas na área.
Desiree citou o exemplo de uma marca famosa de roupas de luxo que lançou um suéter cuja gola servia também como uma black face (prática surgida nos EUA no fim do século 19 para representar pessoas negras em entretenimento de brancos; é considerada profundamente racista).
O caso repercutiu mal e a marca tirou o produto de mercado, depois de danos de imagem com grande repercussão.
“Racismo é uma coisa que as empresas às vezes exportam sem perceber”, disse ela. “Quem estava na sala quando escolheram aquele produto? Quem achou que era uma boa ideia?”
Segundo Desiree, o fato de o suéter ter sido aprovado e passado por toda uma longa cadeia de produção demonstra que a diversidade ou não existia ou não tinha voz na companhia – de forma que ninguém chamou atenção para o despropósito da peça.
Voz ativa
Casos como esse podem ser evitados em empresas com boa política de diversidade. Dado da Salesforce aponta que funcionários que sentem que são ouvidos em suas instituições são 4,6 vezes mais propensos a realizar melhor seu trabalho.
Ainda no campo da eficácia laboral, equipes inseridas num processo inclusivo tomam decisões duas vezes mais rápidas.
Segundo Desiree, para se chegar a políticas adequadas de diversidade o caminho é: “As organizações devem refletir as comunidades onde estão inseridas.”
A especialista encerrou em Curitiba sua passagem pelo Brasil, onde também debateu o tema em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.
Repercussão
Para a titular da Assessoria de Igualdade Étnico-Racial de Curitiba, Marli Teixeira Leite, é importante que a sociedade civil, além do poder público, desenvolva ações que quebrem barreiras na área da diversidade.
“Há empresas que têm consciência da importância disso, outras não”, afirma. “Nosso trabalho é ajudar a chamar atenção para esta área e desenvolver as políticas públicas.”
O assessor-chefe de Relações Internacionais da Prefeitura, Rodolpho Zannin Feijó, destacou a importância do tema para a cidade.
“Curitiba tem diversidade no seu DNA, faz parte do que somos desde o início”, disse. “A cidade abraça a diversidade e desenvolve uma série de políticas sólidas na área.”
Segundo a psicóloga Ana Paula Purcino Pellenz, que assistiu à palestra, o conteúdo abordado é um “despertar”.
“Mostrou que é importante as empresas desenvolverem programas de diversidade”, avaliou.
Participantes
Também participaram da palestra a assessora de Direitos Humanos de Curitiba, Elenice Malzoni; Paulo Pinheiro Machado, representante do Itamaraty em Curitiba; Gerry Kaufmann e Wesley Oliveira, respectivamente adido cultural e assessor de cultura e educação do Consulado dos EUA em São Paulo; e a diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Denise Moraes.
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