Um dos maiores projetos de geração de energia renovável da América Latina, a Pirâmide Solar do Caximba está na reta final. Com entrega marcada para o dia 29, no aniversário de 330 anos de Curitiba, o projeto teve envolvimento de mulheres durante todo o processo. Desde o planejamento até a mão de obra, a presença feminina se mostrou fundamental.
Em instalação desde março do ano passado, a usina conta com cerca de 8,6 mil módulos fotovoltaicos sobre o antigo aterro sanitário de Curitiba, desativado em 2010. A energia vai para a geração distribuída, resultando em economia para os cofres públicos – valor que vai poder ser investido em outras políticas públicas para a população.
“Desde o começo, as mulheres estiveram presentes. Essa é mais uma oportunidade de serviço e aprendizado para elas. Existe uma dificuldade de encontrar empregos, então as oportunidades que possibilitam capacitações são importantes”, afirma a fiscal de obras, a engenheira Luciana Cardon Castro, que acompanha o andamento dos serviços desde o início.
Mulheres vão à obra
A operária Jurema Rodrigues, de 50 anos, e sua filha, Milena Rodrigues, de 22 anos, começaram a trabalhar no canteiro de obras da Pirâmide Solar há cinco meses. Juntas, mãe e filha chegam às 8h no antigo aterro e retornam às 17h para casa, no bairro Tatuquara.
Jurema já havia trabalhado em obras de prédios e edifícios, na área de limpeza. A magnitude da construção no Caximba permitiu que aprendesse novas habilidades. “Começamos montando as borboletas e então as cruzetas que formam a estrutura de concreto dos painéis, tarefas que eu nunca tinha feito antes. Agora eu estou no refeitório, mas foi um período de aprendizado”, conta.
Milena, por sua vez, está sempre buscando oportunidades diferentes. Foi por isso que decidiu fazer a entrevista.
"Normalmente somos contratadas para a área da limpeza, então o trabalho em campo foi uma novidade que me atraiu. Agora com carteira assinada, acredito que vou voltar a trabalhar na área, pois a mão de obra sempre é necessária”, relata Milena.
As irmãs Schirlei, de 41 anos, e Cirlene Braz da Silva, de 37 anos, também têm carinho pelo trabalho pesado. Schirlei é profissional da construção civil há 15 anos e mãe solo de três filhos. Segundo ela, por mais cansativo que seja o canteiro de obras, a profissão foi o que sustentou sua família.
Segundo Janaina Antunes, de 41 anos, a mulher é o diferencial de uma obra.
“Eu mesma já passei por diversos setores. Agora eu faço a medição das placas e confiro a numeração dos painéis, mas comecei montando as caixas que são a base da estrutura. Posso dizer que a mulher nunca deixa a desejar”, ressalta Janaina.
Essas são as cinco mulheres empregadas na obra do Caximba. Capazes de transitar entre o trabalho no canteiro, no refeitório e no almoxarifado da Pirâmide Solar, elas adicionaram organização e atenção aos detalhes à obra. A esperança é finalizá-la com uma nova gama de habilidades e um futuro com mais oportunidades. “O toquezinho de mulher é o destaque de toda obra, com certeza”, destaca Janaína.
Pirâmide Solar do Caximba
A Pirâmide Solar faz parte do Curitiba Mais Energia, um conjunto de estratégias da Prefeitura para combater as mudanças climáticas. O programa inclui também a instalação de painéis no Palácio 29 de Março, no Salão de Atos do Parque Barigui e na Galeria das Quatro Estações, do Jardim Botânico. Além da CGH Nicolau Klüppel, que gera energia a partir da queda d’água do Parque Barigui.
“É uma obra pioneira, de vanguarda, porque é a primeira usina fotovoltaica em aterro sanitário na América Latina, um espaço onde não é possível fazer nada à medida que os resíduos se decompõem. É importante na questão de abatimento de custos com energia, e também porque é um projeto que utiliza um passivo ambiental para criar energia renovável”, explica a engenheira Luciana.