Em dois anos, o Hospital Municipal do Idoso zerou os casos de infecção de corrente sanguínea por acesso venoso central no Centro de Terapia Intensiva (CTI). No mesmo período, houve apenas um caso de infecção do trato urinário em paciente com sonda.
Os dados sobre a queda de infecções relacionadas à assistência em saúde (Iras) foram apresentados no encerramento do programa Saúde em Nossas Mãos, do Ministério da Saúde, de combate às infecções hospitalares.
“Em um hospital conhecido pelo atendimento humanizado, esses resultados confirmam o compromisso da equipe em oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes”, afirma a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
A redução de casos de infecção hospitalar também impacta nos custos de internação. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, o hospital deixaria de gastar até R$ 4 milhões por UTI, o que permite investir em outras áreas da unidade.
Segundo a diretora de Atenção à Saúde da Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), Tatiane Filipak, o programa Saúde em Nossas Mãos valoriza o processo assistencial. Ele destaca a importância do monitoramento dos indicadores (infecção por cateter venoso central, do trato urinário e respiratória).
“O sucesso do programa no hospital deve muito à adesão da equipe aos protocolos, o que impacta a qualidade da assistência positivamente”, observa a diretora da fundação.
Números
Foram evitados 71 casos de infecções na UTI 2, unidade monitorada pelo programa de novembro de 2021 a novembro de 2023. O Saúde em Nossas Mãos acompanhou UTIs de 188 hospitais do Brasil.
Os números tornam-se ainda mais expressivos com os dados de outras duas UTIs não monitoradas pelo programa, mas acompanhadas pelo controle interno do hospital. “Os resultados são três vezes maiores, considerando todo o CTI”, avisa a coordenadora de enfermagem do setor, Cíntia Mara Ribeiro.
A gerente assistencial do hospital, Rosane Kraus, diz que, além da melhor aplicação dos recursos, os números refletem a qualidade da assistência ofertada à população curitibana. “São vidas salvas, isto é algo que não podemos mensurar”, enfatiza Rosane.
“Uma vez que entendemos que essas infecções estão associadas ao cuidado, à prática, zerar o número de casos demonstra a excelência da nossa assistência”, comemora Cíntia.
IRAS
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países em desenvolvimento, 10 em cada 100 pacientes hospitalizados ficam expostos a infecções associadas a cuidados de saúde.
“A redução de infecções na UTI impacta no tempo que o paciente permanecerá internado, fará com que ele necessite de menos procedimentos e exames invasivos, reduzindo a morbidade e acelerando a possibilidade de reabilitação”, explica a coordenadora médica do CTI, Angela Neves Dal Moro Pilati.
Os idosos internados são mais vulneráveis às infecções hospitalares, capazes de dobrar o risco de morte neste grupo de pacientes. Atingir esses resultados positivos em uma instituição com o perfil de pacientes do Hospital do Idoso é mais complexo.
“Sabíamos que zerar o indicador de pneumonia associada à ventilação mecânica, por exemplo, seria bem difícil”, compara Cíntia. Apesar do desafio, todo o trabalho foi realizado para se aproximar desta meta.
“Na maioria dos meses, conseguimos reduzir a zero estas infecções e quando ocorreu não foi além de um caso”, pondera a coordenadora de enfermagem do CTI.
Feas
O Hospital Municipal do Idoso é administrado pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), órgão da administração indireta da Prefeitura de Curitiba. Administra outras 28 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba, como o programa de atenção domiciliar Saúde em Casa; o Centro Médico Comunitário Bairro Novo; as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Tatuquara, Boqueirão, Fazendinha e CIC; a Central Saúde Já Curitiba e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).