O Hospital Municipal do Idoso diminuiu de 12% para 1,49% a média anual de lesões por pressão (LP) na pele de pacientes internados. É a menor desde 2012, quando a unidade foi aberta. Em julho, o índice atingiu o seu nível mais baixo: 0,7%.
"É mais uma prova do cuidado e da qualidade do nosso hospital, o primeiro do país criado especialmente para o atendimento a pacientes de 60 anos ou mais”, disse a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
Os números confirmam o sucesso de um conjunto de medidas. “A constante qualificação da assistência, da implantação de práticas assertivas e seguras, além da aquisição de tecnologias e insumos especiais", enumerou a gerente assistencial do hospital, Rosane Kraus.
Idosos hospitalizados com menor autonomia e mobilidade têm risco aumentado em desenvolver lesões por pressão. Elas comprometem a qualidade de vida, causando dor e desconforto. Em casos mais severos, podem ter desfechos fatais.
"Se não tratada adequadamente, a LP pode evoluir, se tornar uma porta de entrada para infecções e outras complicações, e levar a pessoa à morte", afirmou a enfermeira Adriely Oliveira, responsável pelos cuidados com a pele dos pacientes do hospital.
Estratégias
O combate às lesões por pressão envolve os profissionais da Comissão de Cuidados com a Pele. A rotina dos enfermeiros inclui a avaliação do paciente e de fatores que podem facilitar o surgimento das LPs. Eles registram tudo em prontuário e atuam na correção desses fatores.
“Sabemos que apenas realizar de forma mecânica a troca de posição (decúbito) a cada duas horas é ultrapassado. Precisamos avaliar individualmente cada paciente e incluir práticas efetivas neste intervalo”, observou Rosane.
Pacientes avaliados como “de risco” passam a utilizar um colchão especial de ar automatizado, que permite o ajuste de sua densidade (mais ou menos firme) conforme o peso dos internados e outros fatores clínicos.
Além disso, sua superfície é formada por uma trama alveolar, que infla e esvazia alternadamente a cada 10 minutos, limitando o tempo em que a pele do paciente fica em contato com o colchão.
“Esse modelo é comprovadamente efetivo”, definiu Adriely. “Alguns hospitais até utilizam o colchão de ar comum, que não pode ser personalizado para cada paciente. Até alivia a pressão, mas não intercala o contato com a pele”, acrescenta.
Não há na literatura científica um comparativo exato para a incidência de LP em idosos internados por serem poucos os hospitais com o mesmo perfil de atendimento.
Treinamento
A equipe de enfermagem também participa de programas de educação continuada. No treinamento deste mês, os profissionais vivenciam fatores que aumentam riscos de lesão por pressão. Eles se sentam em cadeiras que “escondem” objetos que simulam restos de alimentos ou insumos hospitalares.
A padronização da avaliação de risco é frequentemente repassada com a equipe. O Hospital do Municipal do Idoso adota a escala de Braden, que se baseia em 6 parâmetros (sensorial, atividade, mobilidade, umidade, nutrição e fricção ou cisalhamento).
“Essa avaliação precisa ser objetiva e entendida de igual maneira por todos da equipe”, ponderou Adriely. A escala foi inserida no prontuário eletrônico para facilitar o relato do profissional. Em cada parâmetro é possível acessar sua descrição, tornando mais precisa a classificação.
“O profissional é capacitado para prevenção de lesões de pele e para identificar o menor indício de uma nova lesão, mesmo ainda quando a pele apresenta vermelhidão, seja causada pelas dobras do lençol ou pelo excesso de suor na pele pelo próprio estado clínico do paciente ”, relatou Rosane.
Para garantir que todas as medidas estão sendo realizadas, o hospital realiza auditorias de prontuário e de assistência. A equipe também faz um acompanhamento especial dos pacientes que já são internados com quadro de lesão por pressão.
Alimentação
Outro aspecto cuidadosamente analisado pela equipe é a alimentação do paciente. Se ele não está aceitando a dieta ou não a consome adequadamente, o risco de LP pode aumentar.
Nesses casos, a equipe da Nutrição reavalia o paciente para a inclusão de uma dieta especial com suplementos hiperproteicos.
O hospital oferece grande variedade de suplementos para pacientes que se alimentam por via oral ou sonda.
“A proteína é precursora do colágeno da pele. Uma alimentação adequada em proteínas e calorias vai favorecer a recuperação do tecido lesionado”, adiantou a nutróloga Tami Lara Machado.
Feas
O Hospital Municipal do Idoso é administrado pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas) da Prefeitura da Curitiba, vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS).