A participação de crianças em coros e em atividades dirigidas ao público infantil é frequente na Oficina de Música de Curitiba, mas o que chama atenção nesta 40ª edição são as crianças que frequentam as classes de instrumentos mostrando tanta desenvoltura quanto jovens e adultos. Com isso, a faixa etária dos estudantes da Oficina fica bem diversificada, chegando até a alunos com mais de 80 anos.
Com apenas 8 anos, o mais jovem da Oficina, Henrique Luís Sother Severiano frequenta as aulas de violoncelo do professor Rafael Cesário. Apesar da pouca idade, conseguiu a proeza de ser escolhido para o curso, já que este é um dos que exigem uma seleção prévia. “O professor dele incentivou a inscrevê-lo. Fizemos um vídeo e para nossa surpresa foi selecionado”, conta o pai de Henrique, o filósofo Luiz Gustavo Severiano.
O pai lembra que durante um passeio de bicicleta Henrique fez um pedido inusitado: quero estudar violoncelo. Num primeiro momento, o pedido causou surpresa, mas o próprio Henrique explica: “eu vi um vídeo do Hauser (o violoncelista croata Stjepan Hauser) no Youtube e gostei muito”, disse. A família deu o maior incentivo e logo Henrique estava matriculado no curso do instrumento pelo método Suzuki, onde permaneceu um ano. Agora segue seus estudos com novos professores.
Na Oficina de Música, Henrique acompanha tranquilamente a turma de estudantes avançados no estudo do violoncelo. “Ele tem um talento extraordinário”, descreveu o professor Rafael Cesário, que antevê um futuro brilhante para o jovem aluno. “Henrique está na Oficina por mérito próprio e é muito importante que esteja participando do festival. Apesar da idade, tenho certeza de que está absorvendo muita informação e certamente essas aulas serão um marco na vida dele como instrumentista”, diz o professor.
Milagres da natureza
Na classe da professora de piano Érika Ribeiro, Inácio Wildt, de 11 anos, e Gregório Espíndola da Silva, de 13, provocam surpresa e admiração quando estão ao piano. Inácio é filho do professor de música Francisco Wildt e aprendeu as primeiras notas por volta dos 5 anos, com o pai, que percebendo a habilidade do menino dirigiu-o para as aulas da pianista Olga Kiun. Prova do talento precoce, Inácio participou de várias apresentações coletivas e, no final do ano passado, fez um recital solo no Teatro Regina Casillo.
Aos 13 anos, natural de Imbituba (SC), Gregório se apaixonou pelo piano quando ganhou um teclado e viu que este instrumento não era suficiente para se expressar. “Comecei com tutoriais pelo Youtube e uma hora percebi que estavam faltando teclas para tudo o que eu queria tocar”, conta ele. Começou então com aulas de piano em sua cidade e, à medida que foi evoluindo, foi para outras escolas e chegou ao grupo da Camerata Florianópolis. O pianista russo Evgeny Kissin e o compositor Sergei Rachmaninoff são sua inspiração. “Assisti a muitos concertos pela internet e decidi que queria tocar igual”, afirmou Gregório.
A professora Érika fala com admiração dos seus alunos. “Os dois são milagres da natureza. Eles têm aptidão e são apaixonados. São talentos natos, mas não é só isso. Tem muito estudo envolvido, muita vontade de aprender, ensaiar, fazer aulas”, observa. “Para tocar peças avançadas como as que estão tocando, é porque eles têm realmente uma dedicação quase profissional. É muito gratificante ver esse grau de entrega e paixão pela música”, diz Érika.
Na Oficina desde os primeiros tempos
No outro extremo, a experiência de anos de vida não tira a vontade de Ronald Antonio Raffo fazer aulas de cavaquinho na Oficina de Música. Com 84 anos, ele perdeu as contas de quantas Oficinas já participou, mas garante que foi aluno desde as primeiras edições. Professor aposentado de Ciências e Biologia, a música nunca deixou de ser uma paixão. “Aprendi a tocar violão ainda moleque. De nove irmãos, seis são violonistas. Alguém tinha que tocar cavaquinho. Como eu sou o mais velho, sobrou pra mim”, disse.
Depois de muito tempo, há uns 15 anos Ronald decidiu mudar para o cavaquinho e é na classe do professor Henrique Cazes que tem se aperfeiçoado. “Ele é muito bom, deixa a gente muito à vontade. O nível dos professores aqui é ótimo”, avalia o aluno. Ronald foi um dos fundadores do grupo Serenar, do Clube Duque de Caxias, e continua como um dos integrantes, tocando MPB, samba e música regional.
A 40ª Oficina de Música de Curitiba é uma realização do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba, Ministério da Cultura, Governo Federal, com apoio master da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e patrocínio da Volvo do Brasil Veículos e Copel Distribuição. Também apoiam o evento: Camões - Centro Cultural Português, Embaixada de Portugal no Brasil, Teatro Colón, Centro Cultural Teatro Guaíra, Escola de Música e Belas Artes do Paraná – Campus Curitiba I da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Universidade Federal do Paraná – Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), Sistema Fiep/Sesi Cultura, Família Farinha, Hard Rock Cafe Curitiba, LAMUSA – Laboratório de Música Antiga, Rádio Educativa 97.1 FM, TV Paraná Turismo, Teatro Regina Casillo e Bicicletaria Cultural.
Projeto realizado com o apoio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice) – Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Paraná.