A enfermeira da Prefeitura de Curitiba Jania Maria Ferreira comemora, em 2024, dez anos de profissão e a conquista de agora ser servidora estatutária do SUS (Sistema Único de Saúde) curitibano.
Após oito anos de trabalho no Hospital do Idoso, ela tomou posse como servidora concursada e atua desde janeiro na Unidade de Saúde Xaxim. Enquanto ainda estava no hospital, em 2022, decidiu se preparar para o concurso público da Prefeitura de Curitiba.
Jania compara a nova fase a uma nova carreira. “Por muitos anos eu atendi idosos, pessoas com sequelas graves, alguns em fim de vida, muito frágeis. Agora, sou da atenção básica, vemos o indivíduo em todo o ciclo de vida, trabalhamos com a prevenção e a promoção da saúde. Nesta fase, podemos prevenir doenças, é um processo demorado e contínuo”, explica ela.
A profissional ressalta o quanto a equipe de enfermagem faz numa unidade básica de saúde. “Nós atendemos todo tipo de demanda, conforme a necessidade da população. São crianças, gestantes, adultos, idosos. Também ajudamos na avaliação clínica. Por causa da minha experiência anterior, no Hospital do Idoso, consigo observar o paciente e às vezes perceber outras necessidades”, relata, ao constatar que as duas etapas da sua carreira se completam. “E se engana quem pensa que é um trabalho tranquilo”, avisa.
Formada pela Faculdade Evangélica do Paraná, Jania tem lembranças da infância, pela admiração que sempre teve pelos enfermeiros, desde criança, quando morava na cidade de Palotina, no Oeste do Paraná. “Fui chamada à profissão e não me arrependo. Gosto muito do que faço”, assegura.
Profissional eficiente com deficiência
Colega de trabalho no Hospital do Idoso, a também enfermeira Eliana Pacífico trabalhou por dois anos com Jania e destaca que ela fazia todos os procedimentos de enfermagem próprios da unidade de urgência e emergência, sem qualquer restrição.
“Em uma unidade com estas características, fazemos procedimentos mais invasivos, curativos de maior complexidade”, exemplifica.
Deficiente visual desde que nasceu (visão monocular), Jania enxerga com um dos olhos.
“Profissionalmente, ninguém percebe que ela tem uma deficiência, pois exerce todas as atividades de forma muito segura. Jania é extremamente detalhista”, assegura a colega, enfermeira do hospital e também servidora da Prefeitura de Curitiba.
Jania assegura que nunca sentiu a discriminação nem entre os colegas e nem entre pacientes. “E eu não tenho nenhum problema em dizer que sou deficiente”, avisa. “A cada dia temos mais e mais inclusão. E eu considero justo com as pessoas que têm deficiência”, comemora a enfermeira.
O médico Paulo Sérgio Coelho, gerente da Perícia Médica e da Medicina do Trabalho, áreas da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap), defende a inserção das pessoas com deficiência em atividades que sejam compatíveis para que o profissional possa exercer o seu trabalho.
Na Prefeitura de Curitiba, a nomeação de servidores com alguma deficiência cumpre a legislação que estabelece que 5% dos nomeados serão PcD.
Ainda durante a etapa eliminatória, de realização de exames admissionais, são realizadas duas bancas – a primeira entre os médicos-peritos que analisam a documentação e os exames apresentados e ratificam a deficiência do candidato; a segunda, uma banca técnica formada por profissionais da carreira avalia o quanto a deficiência pode impactar na qualidade do serviço e qual o risco prático para o candidato. Para ser considerado apto, o candidato precisa ser aprovado nas duas análises.
A reserva de vagas às pessoas com deficiência (física, auditiva, visual, mental, múltipla, etc) está estabelecida no Decreto Municipal 106/2003, que atende a legislação federal e estadual sobre o tema.