Foram tantas as perguntas que faltou tempo para responder a todas na palestra promovida pelo Departamento dos Direitos da Pessoa Com Deficiência (DPCD) para esclarecer a comunidade surda sobre Imposto de Renda. O evento faz parte do calendário anual de atividades inclusivas do órgão da Prefeitura de Curitiba e aconteceu nesta sexta-feira (23/02), depois de ser aberto por sua diretora, Denise Moraes.
Durante pouco mais que as duas horas previstas para o evento, os participantes fizeram perguntas à contabilista Jackeline Nascimento, que também se comunica em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Como declarar ou não familiares como dependentes, a compra parcelada de um veículo ou o valor a atribuir a um imóvel estiveram entre as inúmeras dúvidas apresentadas. Elas foram respondidas com a ajuda das intérpretes Lidiane Rozendo e Sandra Mara Mathias, da Central de Libras do DPCD.
Atenção total
Os 17 participantes permaneceram na sala de eventos do DPCD do início ao fim da apresentação. Entre eles estava Diego Lima, que há sete anos é motorista da plataforma Uber e optou por deixar de faturar por algumas horas para aprender mais sobre o tema.
“Tudo o que for possível saber sobre impostos é importante, ainda mais que tenho empresa”, disse o trabalhador, que não tirava os olhos do que diziam as intérpretes até quando se levantava para tomar café no fundo da sala.
Colega de Diego, Ronildo Fernandes levou a mulher, Olímpia Paes Duim, e o filho Derick, também surdos. Para Olímpia, a oportunidade foi especial. “Muitos de nós não têm nem o conhecimento mínimo e essas dicas são muito importantes. Quem não veio, perdeu”, avaliou Olímpia.
Um novo olhar
A partir de agora, disse a desempregada Lucimar Vieira de Souza, a relação com o Imposto de Renda será diferente. “Antes eu só entregava a minha declaração de rendimentos e pagava uma taxa para uma pessoa fazer a minha declaração. Não sei se podia ter declarado outras coisas. Agora, quando voltar a trabalhar, vou ficar atenta”, contou, segurando pastas com documentos referentes a exercícios fiscais antigos.
Para a palestrante, o evento revelou uma característica comum a quem é ouvinte: o pouco entendimento sobre o sistema tributário e o funcionamento da máquina pública. “Em geral as pessoas têm dificuldade de entender a essência dos impostos e a sua importância para a proteção social garantida pelo Estado por meio, por exemplo, do SUS (Sistema Único de Saúde). É uma conversa para mais de 2 horas mas já foi um bom começo”, disse.