Foram 734 dias de trabalho, 17 psicólogos envolvidos e 5.045 ligações atendidas. Criado em março de 2020 para fornecer acolhimento emocional aos curitibanos durante as incertezas da pandemia, o programa Telepaz será encerrado no dia 29 de abril e deixa à equipe envolvida no trabalho a sensação de dever cumprido.
“Foi um serviço que realmente fez a diferença. Atendemos muitas pessoas e agora, com a maior parte da população vacinada, as ligações diminuíram e conversávamos com cidadãos que tinham outras queixas, não diretamente relacionadas à pandemia”, explica a coordenadora do TelePaz e psicóloga da Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap), Erliete Alves Bernardi Melinski.
Nos primeiros meses do programa de escuta telefônica, os psicólogos do Telepaz, equipe formada por profissionais da Smap e da Secretaria da Saúde, chegaram a receber cerca de 350 ligações em duas semanas. Em 2022, o programa levou três meses para realizar o mesmo número de atendimentos. Até 12 de abril, foram registradas 365 ligações. Para Erliete, isto é um sinal da volta à normalidade.
Com o fim do programa, as pessoas que buscavam atendimento do Telepaz não ficarão desamparadas. A recomendação da Secretaria Municipal da Saúde é para que procurem a unidade de saúde mais próxima. Lá, elas serão corretamente encaminhadas ao atendimento especializado.
Em casos de emergência, o paciente deve procurar a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima ou contatar o Samu, pelo fone 192.
Desafios
O Telepaz foi uma ação inédita da Smap: pela primeira vez o Departamento de Saúde Ocupacional prestou atendimento à população em geral e não somente aos servidores.
“A Prefeitura identificou que os curitibanos precisavam de escuta emocional em um momento tão tenso quanto o começo da pandemia, quando todos tinham medo de serem contaminados e ainda se sabia pouco sobre a doença”, relembra a coordenadora.
“No início, foi desafiador”, conta. Em tempo recorde, os psicólogos se prepararam para fornecer a escuta às pessoas com sua saúde mental impactada pela pandemia e que apresentavam crises de ansiedade, depressão, solidão e desespero. Tudo isso aliado aos dramas pessoais de viver a mesma pandemia do que os atendidos.
Os atendimentos aconteciam de forma anônima, sem limite de tempo para cada ligação. A alta procura fez com que, depois de três meses, o programa passasse a funcionar não só em dias úteis, mas também em feriados e fins de semana.
Com a vacinação e a diminuição da letalidade e número de casos de covid-19 em Curitiba, o perfil dos atendidos pelo programa mudou. Em abril, menos de 1% dos atendimentos se relacionavam com a pandemia. O principal motivo das escutas eram questões familiares.
Sempre atentos
A Prefeitura de Curitiba conta com a Rede de Atenção Psicossocial para atendimentos psicológicos. São diversos pontos para acolhimento de pessoas que buscam apoio, que sofrem com transtornos mentais ou são usuárias de álcool e drogas.
Beneficiários do ICS, o plano de saúde dos servidores, podem solicitar encaminhamento médico para atendimento psicológico na rede credenciada da operadora, e agendar uma consulta em uma das cerca de 25 clínicas, policlínicas e centros médicos que oferecem consultas de psicologia.
As pessoas que buscam escuta emocional também podem ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV), organização não governamental, discando 188, em qualquer horário do dia. Elas serão atendidas por voluntários treinados que oferecem apoio emocional. Também é possível conversar com os voluntários por e-mail ou pelo chat disponibilizados no site do CVV.