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Dia internacional

Curitiba combate o desperdício de alimentos com ações o ano todo

Membros da Igreja Presbiteriana do Capão da Imbuia recebem "xepa" de hortaliças e frutas para o Mesa Solidária do feirante Romeu Ribeiro de Almeida, no Rebouças. Curitiba, 28/09/2021. Foto: Hully Paiva/SMCS

O Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos, nesta quarta-feira (29/9), será marcado por várias ações da Prefeitura para reforçar a importância do consumo consciente (veja a programação). Mas em Curitiba a preocupação em aumentar o engajamento dos curitibanos nas causas da redução do desperdício e do combate à fome é permanente, com vários programas e ações integrados sendo desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Segurança Alimentar (SMSAN).

"Dados da ONU mostram que 931 milhões de toneladas de alimentos são jogados fora por ano em todo o mundo e, para 121 kg de alimentos desperdiçados a cada ano por habitantes em todo o planeta, 74 kg são desperdiçados no preparo nas próprias residências. Por isso, todo este esforço de Curitiba para reduzir o desperdício e combater a fome", afirma Luiz Gusi, secretário municipal de segurança alimentar e nutricional.

Gusi lembra que Curitiba aderiu à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e está comprometida em atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, de Consumo e Produção Responsáveis. "Buscamos conscientizar e incentivar a redução do desperdício de alimentos per capita e diminuir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento", salienta ele.

O secretário lembra ainda que o prefeito Rafael Greca está profundamente preocupado com este problema, principalmente, neste momento de pandemia." Por isso, todo município, em especial a área de segurança alimentar, está empenhada em divulgar iniciativas de consumo consciente e combate à fome para aumentar o engajamento da população com as causas", reforça Gusi.

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Ações

Desde 2017, a Prefeitura de Curitiba tem desenvolvido várias ações para reduzir o desperdício e a fome na capital. Cursos de Educação Alimentar e Nutricional são ofertados gratuitamente em espaços públicos, como Ruas da Cidadania, escolas, feiras, Armazéns da Família, Sacolões da Família, Mercado Municipal e até em praças e hortas urbanas. As aulas ocorrem na unidade móvel da SMSAN e também, a partir deste mês, na Fazenda Urbana de Curitiba, no Cajuru (confira a programação).

"São cursos presenciais e EAD, como de aproveitamento integral dos alimentos, valorização de alimentos in natura, redução de consumo de gordura, sal e óleo e preparo de conservas e compotas, que podem ser agendados través da plataforma Aprendere", conta a nutricionista Tayana Fernandes Cecon, da SMSAN, responsável por ministrar várias das aulas.

Criado em 2020 para reduzir os impactos da pandemia na população mais carente da capital, o Banco de Alimentos de Curitiba agora é permanente e arrecada gêneros alimentícios próprios para o consumo humano, porém, que perderam o valor comercial (têm algum tipo de “machucadinho”). São gêneros alimentícios dos Armazéns da Família, alimentos colhidos da Fazenda Urbana e as chamadas "xepas" de feiras, Sacolões da Família, Mercado Municipal, Mercado Regional Cajuru e da iniciativa privada que são destinadas a instituições parceiras do município no Mesa Solidária.

"Desde o início da sua operação, em maio de 2020, o Banco de Alimentos de Curitiba já doou 192 toneladas de alimentos para as instituições do Mesa Solidária", salienta  Morgiana Kormann, gerente de Programas Alimentares da SMSAN, como o Mesa Solidária e o Banco de Alimentos.

Lançado em dezembro de 2019, o Mesa Solidária é uma ação de combate à fome da população em risco social. A iniciativa é um trabalho conjunto de órgãos da Prefeitura (como SMSAN e FAS), que cedem locais e apoio logístico, com mais de 50 entidades parceiras, entre instituições religiosas, ONGs e movimentos de apoio às pessoas em situação de rua, que adquirem, preparam e servem os alimentos para moradores em situação de rua, desempregados e idosos. Em quase dois anos, já foram distribuídas 490 mil refeições.

Na última terça-feira (28/9), comerciantes da Feira do Rebouças entregaram para representantes da Igreja Presbiteriana do Capão da Imbuia, parceira do Mesa Solidária, 300 quilos de hortaliças, legumes, verduras e frutas que perderam o padrão comercial. “As doações das frutas e verduras pelos comerciantes das feiras vão nos ajudar a diversificar os lanches para as pessoas carentes. Só nós preparamos 250 refeições, toda terça-feira, que são servidas no Restaurante Popular do Capanema”, salienta Ozias Carvalho, membro da Igreja Presbiteriana do Capão da Imbuia.

O feirante do Rebouças Romeu Ribeiro de Almeida já tinha começado a separar os hortifrutis para doação já no meio da manhã de terça-feira (28/9). “Vou percebendo que os fregueses descartam alguns produtos e já tiro da banca para o Mesa Solidária”, conta ele. Ribeiro também participar da ação na Feira do Alto da Glória, aos sábados. “Todo mundo tem que ajudar em um momento tão difícil”, convida o feirante.

Compostagem

Na Fazenda Urbana, além dos alimentos plantados nos canteiros se tornarem em refeições servidas por entidades no Mesa Solidária, também é incentivado que a população transforme cascas de legumes, frutas, ovos e até filtros de café em um potente adubo orgânico para as hortas em suas casas. O projeto Compostroca é uma parceria da Prefeitura com o Coletivo Ambiente Livre que envolve, neste momento, 19 famílias do bairro Cajuru que vivem próximo à Fazenda Urbana.

Uma vez na semana, as famílias deixam o resíduo na Fazenda Urbana onde será realizada a compostagem. A entrega é feita em “bombonas” (embalagens) cedidas pelo Coletivo Ambiente Livre.

As famílias participantes do projeto também começam a ser capacitadas. “Elas estão sendo orientadas sobre plantio, compostagem, aproveitamento integral dos alimentos e tipos de hortas em pequenos espaços”, explica Maurício Gikoski, cofundador Coletivo Ambiente Livre e responsável técnico do Compostroca.

De acordo com o engenheiro agrônomo Marcos Rosa, da Fazenda Urbana, a compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica, por ação de microrganismos, num composto fertilizante natural, semelhante ao solo. “Restos de comida e resíduos verdes são matérias orgânicas que podem ser utilizados em jardins, hortas ou quintais”, completa.

Moradora do bairro, a professora Vanessa Domingos Amaro Borba, está participando do Compostroca e conta que, além de cuidar da horta de casa, onde planta cebolinha, salsinha e flores, pretende levar o conhecimento em compostagem para seus alunos do CMEI Cajuru. “Trabalho com os meus estudantes na nossa horta escolar. É muito importante as crianças aprenderem sobre plantar, compostar, sobre o cuidado com o meio ambiente”, diz.

Quem participa das visitas guiadas na Fazenda Urbana também recebe orientações sobre compostagem (agende no portal Aprendere a sua visita). Além disso, há um projeto piloto em desenvolvimento para absorção de resíduos do Mercado Regional do Cajuru, que fica ao lado da Fazenda Urbana, que prevê o redirecionamento de alimentos fora do padrão de comercialização para o Mesa Solidária e apenas o resíduo orgânico impróprio para compostagem.