A memória funcionou. “Eu tomei vacina aqui. Foi bom e não chorei”, lembrou-se João Vítor. “Eu também não chorei – só caiu uma lágrima”, completou Guilherme, entre o bom humor e a inocência. Os dois meninos, ambos de sete anos, são do grupo de 26 alunos da Escola Municipal Dona Lulu que passou a tarde desta quarta-feira (26/10) na unidade de saúde Nossa Senhora Aparecida, no Sítio Cercado. Foi uma “aula” sobre vacinação.
A iniciativa foi da professora de Ciências Gilcelli Vidal, que teve a ideia de juntar conteúdo pedagógico com ação concreta: explicar a importância dos imunizantes no combate a doenças como a covid-19 e, ao mesmo tempo, espalhar uma cultura capaz de evitar a queda dos índices de vacinação. “As crianças conscientizam os pais”, acredita ela, que contou com o apoio da escola e do Núcleo de Educação da Regional Bairro Novo.
Segundo o supervisor do Distrito Sanitário Bairro Novo, Joari Stahlschmidt, aí está um possível resultado da visita: ao mostrar como é uma unidade de saúde, a professora ajuda a desmistificar o ambiente e a tirar o medo da vacina. “Eles levam isso para a vida adulta e, quando forem pais e mães, vão fazer o mesmo com seus filhos”, prevê ele, que ainda vê impacto positivo na quebra de rotina da equipe.
Semana da criança tem novos aliados para campanha "Quem ama, vacina"
De fato, os profissionais da unidade de saúde Nossa Senhora Aparecida capricharam no clima lúdico. A auxiliar de enfermagem Cristine Dias se vestiu de Mulher Maravilha para ensinar aos visitantes o heroísmo das vacinas, que agem como defensores do organismo na luta contra o vírus. Já o Batman, digo, o estagiário Bruno de Souza Luchtemberg, foi descrito como o “guardião” da geladeira em que os imunizantes são conservados.
Os profissionais de saúde bem que se esforçaram, mas, no mundo da vacinação, super-herói mesmo é Zé Gotinha – ou melhor, a agente comunitária de saúde Maria do Rosário. Sem superpoderes, ela até que resistiu com alegria ao calor de 27º dentro de uma fantasia de pelúcia, mais adequada ao inverno do que à primavera. O personagem, no entanto, não fez esforço para arrebatar os corações e as mentes dos alunos da escolinha do Sítio Cercado em abraços e fotos.
Por falar em Zé Gotinha, Júlia, seis anos, diz que a vacina ajudou a diminuir os sintomas da covid-19 na mãe, acometida pela doença recentemente. “Ela pegou. Eu, não”, conta ela. Na saída, a menina e os 25 coleguinhas receberam um certificado de “Aluno Nota 10” por estarem com a carteira de vacinação em dia – uma cópia da ficha vacinal foi anexada para que eles entreguem aos pais. A turma ainda ganhou balões e material para colorir da campanha que marcou o sentimento de uma cidade: “Quem ama, vacina”. Como observa a professora Gilcelli, a lição está apenas começando.
Dona Lulu
A escola municipal Dona Lulu leva o nome pelo qual ficou conhecida a professora Maria da Luz Seiler Veiga (1893-1975). Notória por sua dedicação ao magistério, ela deu aulas para diferentes gerações de personalidades curitibanas, como a atual primeira-dama do município, Margarita Sansone.