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Cuidados médicos

Consultório itinerante amplia atenção às pessoas em situação de rua

Consultório itinerante amplia atenção às pessoas em situação de rua. Foto:Divulgação/SMS

Aqueles que, por opção ou falta dela, vivem nas ruas não estão desamparados. O Consultório na Rua, da Secretaria Municipal da Saúde, ampliou a atuação neste primeiro semestre. Aumentou em 57,27% o número de usuários cadastrados e em 23,59% os atendimentos, em comparação com o mesmo período do ano passado.

As equipes contam com médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo, assistente social, cirurgião dentista e auxiliar de saúde bucal. O consultório iniciou a campanha de vacinação contra a gripe na mesma data que os postos de saúde, porém intensificou a cobertura a partir desta semana.

O trailer do Consultório na Rua fica em pontos de grande concentração de pessoas. “Enquanto uma equipe faz os atendimentos no trailer, outras percorrem a cidade para estabelecer vínculo com as pessoas em situação de rua que ainda não acessam serviços de saúde e estão em locais afastados. As equipes oferecem serviços não só da saúde, mas também de outras políticas públicas”, esclarece Ana Carolina Schlotag, coordenadora do programa.

O Consultório na Rua funciona das 9h às 16h, mas faz ações sistemáticas à noite. O trailer é instalado às segundas-feiras no Largo da Ordem; às terças ao lado do Terminal do Boqueirão; às quartas na Praça Rui Barbosa; e às quintas na Praça Santos Andrade.

“Muitos não procuram o serviço de saúde por diversos estigmas sociais de preconceito, que incluem aparência e cuidados pessoais, limitações diversas, inclusive mobilidade urbana, e condições crônicas de saúde, como transtorno mental. Por isso é imprescindível que a Saúde vá até essas pessoas e oferte cuidados”, esclarece Ana.

Preconceito e estigmas

Ana explica que o preconceito é apenas uma das barreiras encontradas pelas pessoas em situação de rua. Muitos, pela exposição crônica a situações de violência, reagem com certa agressividade, o que dificulta ainda mais a compreensão sobre os cuidados necessários. “Essas pessoas se adaptaram tanto a ambientes hostis, que não conseguem reagir de outro modo. O profissional deve ter isso em mente para saber lidar com cada caso e perceber que gritos ou gestos agitados são apenas formas de expressão”, diz a coordenadora.

A condição de “estar na rua” influencia diretamente a saúde. Entre os fatores nocivos estão a baixa qualidade alimentar, exposição a intempéries, falta de água potável e de sono com qualidade, situações diversas de violências e higiene ambiental precária.

Para Ana, as pessoas têm histórias de vida singulares que as levaram para as ruas e, da mesma forma, precisam retomar suas histórias para sair dessa situação. A mudança começa pelo respeito necessário nas relações humanas e políticas públicas eficazes, como é o Consultório na Rua. “Há muitas situações, como nos transtornos mentais, de pessoas que vieram buscar melhor condição de vida na cidade e ficaram sem ter para onde ir, desempregadas, frágeis, com problemas familiares, de uso de drogas e depressão”, descreve Ana.

Em cada abordagem, os profissionais orientam sobre os serviços disponíveis na rede de atenção à saúde, como postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), mas, mesmo assim, há pessoas que precisam ser atendidas no local.

Serviços

Duas ambulâncias prestam apoio às equipes, principalmente para o acompanhamento sistemático de casos crônicos, que resistem em aderir aos tratamentos. Entre as pessoas estão gestantes dependentes químicas, com sífilis e HIV; indivíduos com transtorno mental e hipertensão; ou com HIV sintomático e tuberculose.

O trailer é ponto de apoio importante, porque pode identificar e tratar agravos de saúde, com entrevista e testagens rápidas para HIV/aids, hepatites virais e sífilis. O Consultório na Rua também oferece outros procedimentos.

Curitiba foi o primeiro município a incluir cirurgiões dentistas e auxiliares de saúde bucal nas equipes, pela quantidade de queixas odontológicas percebidas na rotina. “Muitos têm dificuldade em acessar a rede formal da Saúde, pela higiene ou dificuldade em organização com agendamento.” Desta forma, no segundo semestre, o programa contará com uma Unidade Móvel Odontológica para atenção aos casos mais graves de pessoas em situação de rua, cita Ana.