O monitoramento epidemiológico da dengue em Curitiba, realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), registrou 28 casos da doença nos primeiros 15 dias do ano, três deles autóctones, em que a contaminação aconteceu na cidade, no bairro Campo do Santana, no Distrito Sanitário Tatuquara.
“O monitoramento da dengue em Curitiba é constante. Nossas equipes estão em campo para fazer o bloqueio da doença e evitar novas contaminações na cidade. Precisamos da colaboração de todos para evitar novos casos”, diz a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
Casos
Os três casos autóctones de dengue confirmados neste início do ano em Curitiba chamam a atenção pelo histórico de saúde dos pacientes e a evolução da doença.
Um senhor de 78 anos apresentou febre alta e dor de cabeça na virada do ano, sintomas que persistiram por cinco dias, quando só então procurou atendimento já em crise convulsiva, e precisou ser internado para completa recuperação, com alta no dia 9 de janeiro.
A filha dele, de 39 anos, começou a ter sintomas da doença no dia 7 de janeiro, quando procurou atendimento, mas se recusou a ser internada. Com um quadro de anemia grave, a paciente retornou à UPA no dia 10 com o quadro de saúde agravado, quando foi internada para recuperação completa e também já está em casa.
O terceiro caso positivo autóctone é de uma mulher de 42 anos, imunossuprimida, que mora na mesma região. Ela procurou a UPA no dia 9 de janeiro com febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Foi internada e permanece no hospital em monitoramento.
Sintomas
O diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, alerta que a dengue pode evoluir para a forma grave em pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
“Aos primeiros sintomas de dengue é preciso procurar atendimento de saúde. Se os sintomas forem leves, a pessoa pode ligar para a Central Saúde Já, no 3350-9000, para ter a orientação adequada para seu caso”, diz Alcides.
Segundo ele, a hidratação intensa é o principal tratamento para a dengue, mas é preciso atenção para o agravamento do quadro. “No quinto dia de sintomas, se houver algum sinal de alarme, como náuseas ou vômito, além da febre persistente e dor intensa de cabeça, é preciso buscar um serviço de saúde”, orienta.
Prevenção
A vistoria semanal das casas, quintais e locais de trabalho são medidas efetivas para eliminar possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, o Aedes aegypti. Isso é necessário porque o ciclo de reprodução do Aedes, entre ovo, larva e mosquito adulto, é de apenas uma semana. Eliminando a água parada, esse ciclo é interrompido.
“O verão é a época do ano com maior risco da proliferação do mosquito transmissor da dengue, mas os cuidados em eliminar possíveis criadouros, devem ser mantidos o ano inteiro”, alerta a coordenadora do Programa Municipal de Controle do Aedes, Tatiana Faraco.
Segundo Tatiana, semanalmente é preciso vistoriar a residência e o quintal em busca de recipientes que acumulam água, desde uma pequena tampinha esquecida no jardim, aos tonéis de captação de água de chuva.
“A orientação é que esses reservatórios de água sejam mantidos tampados, inclusive com o uso de telas para impedir a entrada da fêmea do Aedes, que procura o local ideal para depositar seus ovos”, diz a coordenadora.
A partir da confirmação de um caso positivo de dengue, a equipe da vigilância ambiental da SMS percorre o bairro onde foi confirmada a doença em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Os agentes de endemias também buscam identificar outros possíveis casos suspeitos da doença.
Nesta quinta-feira (18/1), um grupo de oito agentes de endemias visitava as casas do Campo do Santana para identificação e eliminação de criadouros.
Há 47 anos trabalhando na área de vigilância ambiental, José Veras Ribeiro, 67 anos, liderava um grupo de agentes. Ao encontrar larvas do Aedes, recolhia amostras e tratava a água, como no caso de uma caixa d’água usada para regar uma horta na região. O recado dele é claro para toda população: “É uma questão de consciência de cada cidadão remover os depósitos de água. Se todo mundo colaborasse, talvez a gente não teria epidemia de dengue”, analisou Veras.
“Curitiba nunca enfrentou uma epidemia de dengue e para nos mantermos assim é preciso a colaboração de todos”, finaliza a secretária Beatriz Battistella.