O fim de semana foi dedicado à democracia para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba. No último sábado (5/10) e domingo (6/10), sob o mote A Atenção à Saúde em Curitiba e os desafios para o Futuro, cerca de 800 pessoas se reuniram para a 14ª Conferência Municipal de Saúde de Curitiba, para discutir ações de políticas públicas para a área de saúde.
Dos participantes, 530 eram delegados das 111 unidades de saúde, dos dez distritos sanitários e estabelecimentos que prestam serviços para o SUS curitibano. Dos delegados, metade eram usuários dos serviços públicos de saúde, 25% eram trabalhadores da área, 12,5% das cadeiras foram destinadas a gestores e 12,5% aos prestadores de serviço.
O grande desafio para o futuro do SUS é encontrar um caminho sustentável mediante o cenário financeiro desfavorável.
“Nos encontramos em um momento de estagnação na economia. Peço que reflitam nas discussões e que trabalhem por eleger propostas viáveis e que possam contemplar toda a população”, disse o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, Adilson Tremura.
Democracia
Realizadas a cada quatro anos as conferências municipais de saúde representam a prática do exercício democrático. Para a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, é o espaço para que cada segmento defenda interesses legítimos voltados às suas categorias.
A secretária lembra que o grande desafio é conciliar as propostas dos segmentos, com as necessidades e os recursos disponíveis. “Nós gestores temos a missão de harmonizar todos esses interesses. Mas temos, principalmente, o compromisso de zelar pelo direito do cidadão”, explica.
“Eu acredito que é possível fazer mais com menos. Para isso temos que trabalhar a corresponsabilidade. Saúde é um direito, mas acima de tudo é um bem, pelo qual todos temos que trabalhar diariamente para conquistar”, disse a secretária.
Direção certa
Para o diretor do departamento de saúde da família do Ministério da Saúde, Otávio Pereira D’ávila, a estratégia adotada pela secretaria da Saúde de Curitiba, ao investir no fortalecimento da atenção primária, é uma ação de gestão corajosa e assertiva.
“Nós não vamos conseguir enfrentar os problemas de saúde da população brasileira se não tomarmos uma atitude corajosa e Curitiba está nesse caminho”, disse D´ávila.
O programa Escute o Seu Coração, os investimentos em sistemas de informação em saúde, a implantação de telerregulação e a atuação efetiva do controle social foram destaques na fala do diretor.
Conferências
Estabelecidas em 1988 pela Lei Federal 8.142, as conferências de saúde funcionam como fóruns de deliberação e discussão de diretrizes para a saúde pública. É nesse momento que a população, por meio de representação de entidades da sociedade civil, pode contribuir para o planejamento das ações da área da saúde.
O conjunto de instruções aprovadas pelos participantes dos encontros comporão o próximo Plano Municipal de Saúde.
Presenças
Prestigiaram a cerimônia de abertura os administradores regionais Janaina Lopes Gehr, Simone da Graça das Chagas Lima, Reinaldo Boaron; a representante do Ministério Público Lucyene Cristina Sodré Farias Trindade; o diretor da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Feu Ventorin; o vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcelo Hagebock; o deputado estadual Michele Caputo Neto; o coordenador da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte da Câmara Municipal de Curitiba, Dr. Wolmir Aguiar; e a representante dos trabalhadores da Saúde, Lisandra Falcão.
Aprovações
Os participantes se dividiram em 21 grupos de trabalho para elaboração de propostas em sete eixos de atuação da saúde:
Atenção Primária: criação de um Plano Diretor que organiza a necessidade de investimentos na infraestrutura, recursos humanos e melhoria da oferta de ações e serviços nas 111 unidades de saúde.
Condições crônicas: estratégias de melhoria do cuidado aos usuários, como o autocuidado apoiado, a telerregulação nas especialidades para agilizar o cuidado aqueles com maior risco.
Promoção à Saúde e Envelhecimento: estratégias para a integração das ações intersetoriais, para estímulo a vida saudável e o apoio às famílias para o cuidado dos seus idosos.
Tecnologias para a inovação: adoção de estratégias de gerenciamento de serviços de saúde por meio de parcerias que proporcionem agilidade e eficiência na prestação de serviços e ações de novas melhorias no aplicativo Saúde Já.
Vigilância em Saúde: integração das ações e maior envolvimento da comunidade com os cuidados para evitar a proliferação de vetores e doenças.
Urgência e Emergência: estratégias de integração do cuidado entre os vários pontos de atenção da rede para o cuidado efetivo.
Financiamento e participação social: investir em ações que promovam a eficiência dos serviços de saúde. Ampliação de modelos de gerenciamento. Ampliação de financiamento do SUS, com aumento de repasse de verbas federal e estadual, visto que o município realiza as ações de atendimento à população, e atualmente arca com a maior parcela orçamentária. E a continuidade e fortalecimento da parceria com a participação social que desempenha importante papel nos avanços do SUS Curitiba.