Conhecida por ser uma das cidades mais arborizadas do país e com a maior área verde por habitante (60 m²/hab), Curitiba quer ser ainda mais eficiente na produção de mudas para as ruas da cidade. A Prefeitura adotou o sistema de sustentação vertical em espaldeiras, muito visto em parreirais, para a produção de mudas no Horto Municipal do Guabirotuba.
A técnica é antiga, usada na agricultura para frutas, e promete a produção de plantas maiores e de raízes mais resistentes a intempéries e vandalismo, além da redução do tempo entre a semeadura e o plantio. A ideia é passar a produzir 25 mil mudas ao ano. Hoje, esse número é de 19 mil.
A técnica tradicional de produção de mudas, na terra e em vasos, continua no Horto Municipal da Barreirinha. De lá, saem as mudas para distribuição para a população nas ações que acontecem nas regionais, plantios comunitários e para as unidades de conservação da cidade.
As primeiras mudas resultantes dos testes já foram plantadas na Linha Verde, nas proximidades do Horto do Guabirotuba.
“Foram 80 árvores plantadas em fevereiro e até agora não houve necessidade de reposição”, conta o diretor de Arborização Viária e Produção Vegetal da Secretaria do Meio Ambiente, José Roberto Roloff. “Isso se explica pela qualidade da muda produzida, com raízes que se desenvolvem melhor”, completa.
Em Curitiba, as árvores podem ir para as ruas quando atingirem altura de 1,80 metro até a primeira bifurcação e a espessura de 2,5 centímetros de tronco. Esse padrão garante a circulação dos pedestres nas calçadas e a resistência das mudas. “O sistema já foi responsável pela redução de cerca de um ano no processo produtivo”, conta o engenheiro agrônomo do Horto, Daniel Salvador Schlichta.
A nova técnica vai ajudar a cidade a atingir também com maior rapidez as metas anuais do Desafio 100 Mil Árvores para Curitiba. Desde o início do projeto, em 2019, a cidade já fez o plantio de mais de 333 mil árvores.
Passo a passo
A produção começa com a semeadura das mudas em areia em uma estufa que mantém a umidade ideal para o desenvolvimento das plantas. Algumas espécies, como pau-ferro (veja a lista completa da produção abaixo) ficam prontas para a primeira repicagem - a transferência para os tubetes - cerca de 10 dias após a germinação. O uso dos tubetes é o que permite a transferência mais rápida e a qualidade do desenvolvimento da raiz, que vai se manter sem se curvar.
As repicagens seguintes acontecem em estufas maiores - quando as mudas vão sendo transferidas também para tubos de plástico maiores, permitindo o desenvolvimento e o crescimento. De lá, as mudas são transferidas para os varais com a altura aproximada de 1,70 metro, onde finalizam a produção.
Os varais, de arame especial para não danificar as plantas, ficam sobre um pátio com pedrisco e uma manta próprios. Mangueiras levam água e fertilizante de forma direcionada para cada uma das mudas.
Espécies produzidas pelo novo sistema em espaldeiras
Araçá
Araucária
Canafístula
Cassia Manduirana
Cerejeira Campanulata
Cerejeira Serrulata
Dedaleiro
Guabiju
Ipê Alba (Amarelo Gigante)
Ipê Branco
Ipê do Cerrado
Ipê miúdo Amarelo
Ipê rosa folha larga
Ipê roxo folha estreita
Ipê Verde
Jacarandá
Liquidambar
Manacá da Serra
Manacá Jacatirão
Pau Ferro
Pitanga
Quaresmeira granulosa
Sibipiruna
Uvaia
Vacum