Quem vê a equipe da Central de Libras (Língua Brasileira de Sinais) da Prefeitura atuando em palestras e nos espetáculos do calendário natalino, pode ter uma ideia de como é movimentada a agenda das três intérpretes que fazem funcionar o serviço, há dez anos baseado no Departamento dos Direitos da Pessoa Com Deficiência (DPCD). Além de eventos públicos, para facilitar a interação entre surdos e ouvintes, elas também estão em situações especiais – como nas salas de parto e na acolhida de migrantes.
Curitiba soma cerca de 80 mil surdos – 20% das pessoas com algum tipo de deficiência que moram em Curitiba. Para fazer frente à demanda criada por esse público, a Central de Libras realiza atualmente cerca de 10 mil atendimentos por ano – todos grátis e disponíveis para agendamento. “É uma marca respeitável para quem começou fazendo três atendimentos por semana”, compara a diretora do DPCD, Denise Moraes.
Para a comunidade surda
“É só chamar que a gente vai”, diz a intérprete de Libras Sandra Mathias, que atua desde a criação do serviço ao lado das colegas Lidiane Rozendo e Sônia de Paula. No currículo da Central estão cinco partos. O último aconteceu no Hospital Nossa Senhora de Fátima, a convite do casal surdo Daiara Santos Serpa Bragança e André Brião Bragança, de São José dos Pinhais.
“É algo inexplicável ser a voz do médico ao dizer para a mãe, com minhas mãos, que seu filho nasceu e ver as lágrimas escorrendo pelo rosto dela, calma e confiante”, diz. A intérprete acompanhou Daiara a partir do sétimo mês de gestação, durante as consultas de pré-natal. “É um trabalho útil tanto para a família quanto para a equipe de saúde que está dando assistência ao parto, um privilégio”, completa.
Libras para migrantes
Outro momento emocionante foi a acolhida de migrantes surdos atendidos pela Administração Regional Bairro Novo. A Central foi acionada, via DPCD, para ajudar no atendimento da boliviana Emily Ruth Gonzalez Rivais, que buscava regularizar a documentação e organizar a vida da família no Brasil. Com ela vivem, no bairro Sítio Cercado, o marido Julio Alejandro Rojas Caballero, também surdo, e o filho brasileiro do casal, Felipe, de 2 anos.
Para que não houvesse dúvidas sobre os trâmites, o servidor da Regional Fernando Cogrossi marcou dia e horário com a Central, que enviou Sandra para encaminhar o pedido. “Foi um atendimento muito especial pois, além da barreira da língua, havia a questão da deficiência auditiva”, contou. Para facilitar, Julio se comunica bem em Libras. O serviço coordenado por Cogrossi atende cerca de 30 migrantes por mês.
Até no cemitério
Sempre presentes na vida da comunidade surda, Sandra e as colegas de Central, Lidiane Rozendo e Sônia de Paula, começam uma nova empreitada para ampliar a inclusão dos surdos na vida cultural da cidade. No fim de maio elas passaram a dar suporte às visitas noturnas temáticas pelo Cemitério Municipal.
Até agora houve uma atividade com a presença de pessoa surda. O trabalho é resultado da parceria entre os departamentos de Serviços Especiais, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, e o dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da Secretaria Municipal de Governo.
Serviço
Como acionar a Central de Libras da Prefeitura
Por telefone ou mensagem. Anote os números:
41 99251-3009 / 3221-2284
41 98534-2258 / 3221-2261
41 99974-2594 / 3221-2264
Das 8h às 12h e das 13h às 17h
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