Fundada em 8 de maio de 1965, a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) completa 59 anos de atuação nesta quarta-feira (8/5), com participação fundamental na formação de grandes bairros da cidade. Na atual gestão, a política de habitação trabalha integrada ao objetivo de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir os riscos de alagamentos na cidade.
Ações como a recuperação ambiental de áreas de preservação após o reassentamento de famílias que viviam nas margens dos rios e a implantação de painéis fotovoltaicos nas moradias populares demonstram a preocupação de Curitiba com iniciativas sustentáveis, que colaboram com a redução dos impactos ambientais das mudanças climáticas.
“A Cohab em quase seis décadas desempenhou um papel importante para que o crescimento de Curitiba ocorresse de forma planejada. Atualmente, na cidade mais inteligente do mundo, habitação popular caminha junto com o respeito ao meio ambiente. Retiramos as famílias que vivem à beira de rios e revitalizamos áreas de preservação, restaurando ecossistemas”, destaca o prefeito Rafael Greca.
Mais moradias, menos enchentes
Desde 2017, o programa habitacional do município atendeu com novas moradias e títulos de propriedade um total de 8.539 famílias, o que representa mais de 30 mil pessoas beneficiadas. Foram entregues apartamentos novos para 1.942 inscritos na fila da Cohab, disponibilizados 5.912 títulos de propriedade e realizados 685 reassentamentos.
Estas 685 famílias deixaram locais de risco e passaram a viver com segurança em novas casas e sobrados construídos pela Cohab. Um total estimado de 2,3 mil pessoas que saíram de moradias insalubres em áreas alagadiças para empreendimentos com infraestrutura completa de ruas pavimentadas, redes de drenagem, água e esgoto.
Ao remover as precárias habitações irregulares, a Prefeitura liberou 62 mil m² de áreas de preservação que estavam degradadas e receberam obras de recuperação ambiental, com o plantio de 34 mil m² de grama, 8 mil mudas de árvores, além da implantação de ciclovias, áreas de lazer e canchas esportivas.
“Além de beneficiar diretamente as pessoas que recebem casas novas, nossos projetos de reassentamento cuidam de Curitiba inteira. Ao recompor a vegetação das margens dos rios, inibindo novas ocupações indevidas, nós reduzimos o risco de enchentes”, ressalta o presidente da Cohab, José Lupion Neto.
Um dos reassentamentos mais emocionantes foi do casal de idosos Rubenita e Aguinaldo de Paula, em abril desse ano. Eles receberam do vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, a chave de sua casa própria no Moradias Vila Prado, construído pela Cohab, após viverem por décadas em área sujeita a alagamentos.
O conjunto de 90 unidades é composto por sobrados, mas devido à dificuldade de locomoção do casal, a Cohab os transferiu para uma casa térrea. “Durante muito tempo convivemos com alagamentos, mas agora temos a nossa casa, uma benção de Deus. Nossa família continua unida para nossa felicidade”, disse Rubenita.
Mais de mil casas em obras
Curitiba tem atualmente outras 1.161 casas em construção para atendimento de famílias que deixarão áreas sujeitas a alagamentos em diferentes regiões da cidade. Entre elas estão as 975 que fazem parte do Bairro Novo da Caximba - projeto que tem as obras coordenadas pela Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop), em parceria com a Cohab, responsável pela regularização fundiária e trabalho social com os moradores.
Também estão em obras 108 casas na Vila Divino, no Atuba, para receber moradores da própria vila; 54 casas no Moradias Castanheira, na CIC, para atendimento de famílias que habitam as margens do Ribeirão dos Padilha; e 24 casas do Moradias Parati, também na CIC, a serem destinadas para pessoas que enfrentam alagamentos nas vilas Betel e Santa Anastácia, no Cajuru.
O porteiro Manoel Furtado, 43 anos, e sua esposa, a cozinheira Edina dos Santos, 47, vivem há três décadas na Vila Betel, uma área de risco com parte das casas na margem de um córrego da bacia do Rio Atuba. Serão reassentados no Moradias Parati, que está em fase final de construção.
“Enfrentamos muitos alagamentos, quando chove não conseguimos sair de casa, precisa esperar a água baixar. É uma emoção difícil de explicar ver as casas quase prontas e saber que uma delas será nossa”, disse Furtado.
Após a transferência destas 1.161 famílias (em torno de 4 mil pessoas), as áreas liberadas também serão restauradas com parque linear, corredor verde, implantação de áreas esportivas e de lazer, medidas que ao mesmo tempo evitam novas ocupações irregulares e auxiliam na contenção de cheias.
Bacias hidrográficas
As famílias que foram transferidas liberaram áreas de preservação que foram revitalizadas em cinco grandes bacias hidrográfias de Curitiba: Atuba, Barigui, Belém, Padilha e Iguaçu. Importantes espaços comunitários foram criados após as intervenções de reassentamento coordenadas pela Cohab.
É o caso do Bosque da Colina, inaugurado em 2020 na Vila Nori, no Pilarzinho, em local de onde foram transferidas 156 famílias que habitavam um fundo de vale. Os beneficiados receberam casas no Moradias Maringá, no Cachoeira.
Outras 529 famílias foram reassentadas no Moradias Alamanda e Acrópole, no Cajuru; Moradias Arapoti, Moradias Arroio e Castanheira, na CIC; Moradias Bela Vista da Ordem, Moradias Creta e Rurbana, no Tatuquara; Moradias Faxinal, no Santa Cândida; Moradias Maringá, no Cachoeira; Moradias Prado, no Prado Velho; Moradias Vila Nina, no Fazendinha; e Moradias Parolin.
Cohab Solar
Lançado nessa gestão, o programa Cohab Solar entrega moradias equipadas com painéis fotovoltaicos, que transformam radiação solar em energia elétrica, iniciativa sustentável que utiliza uma fonte de energia renovável e não poluente. São 106 casas e sobrados equipados nos conjuntos Faxinal, Alamanda, Creta, Santa Rita, Rurbana, Maringá, Nina, Arroio, Bela Vista da Ordem e Prado.
As 1.161 moradias que estão em obras também receberão as placas fotovoltaicas, que asseguram importante economia financeira para as famílias, com redução média de 80% nas contas de luz, ao mesmo tempo que colaboram com uma cidade que respeita o meio ambiente.
Fila de inscritos
Em paralelo aos projetos de reassentamento, a Cohab atua no atendimento à sua fila de inscritos pretendentes a um imóvel popular, que são cidadãos que voluntariamente se inscrevem para acessar o programa habitacional do município.
Por meio de parcerias com a iniciativa privada, nas quais o município oferece incentivos fiscais e urbanísticos, 1.942 famílias inscritas na Cohab conquistaram o primeiro imóvel próprio, desde 2017.
“Curitiba oferece redução de impostos e maior adensamento dos conjuntos para que as empresas consigam construir mais moradias por valores acessíveis à população. E assim os inscritos na fila da Cohab vão se livrando de pagar aluguel”, ressalta o vice-prefeito Eduardo Pimentel.
Para os inscritos com renda familiar até R$ 2,6 mil, Curitiba está prestes a viabilizar a construção de quase 700 unidades, em parceria com o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Serão apartamentos destinados à faixa urbano 1 do programa, a serem construídos nos bairros São Miguel e Campo do Santana.