As mudanças climáticas têm imposto desafios às grandes cidades em todo o mundo, e Curitiba não é exceção. Com o aumento da frequência e da intensidade das chuvas, a capital paranaense tem reforçado um trabalho preventivo contínuo, integrando grandes obras de infraestrutura, manutenção urbana, ampliação de áreas verdes, campanhas educativas e ações para conter a emissão de gases que causam o aquecimento do planeta, promovendo resiliência em relação às urgências climáticas.
Em fevereiro, a precipitação acumulada já superou em 88% a média histórica, reforçando a tendência de aumento das chuvas. Em janeiro de 2025, Curitiba já havia registrado um volume de chuvas 62% superior à média histórica do mês.
A importância da macrodrenagem
Os eventos chuvosos sobrecarregam o sistema de drenagem da cidade, podendo gerar alagamentos e enxurradas. Para prevenir e minimizar os impactos, a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop) conta com 19 grandes intervenções, entre obras em andamento, em fase de licitação e projetos.
Atualmente, são quatro grandes obras de macrodrenagem em execução, além de oito novas intervenções já contratadas ou em fase de licitação. Também estão previstos sete projetos futuros, que devem ser executados entre 2025 e 2026.
São exemplos dessas intervenções em andamento a bacia de detenção que está sendo implantada na Bacia do Rio Pilarzinho, entre os bairros Mercês e Bom Retiro, e as obras em andamento na Bacia do Rio Mossunguê e na Bacia do Rio Pinheirinho, além dos desassoreamentos em curso nos rios Belém – um dos mais importantes da cidade, que percorre 37 bairros –, Atuba e Vila Guaíra.
Nos próximos dias, o prefeito Eduardo Pimentel deve autorizar o início da obra para a implantação de duas novas bacias de contenção no Rio Atuba, na região do bairro de mesmo nome. Juntas, essas estruturas de macrodrenagem vão reter 130 mil metros cúbicos de água, o que será essencial para, nos momentos de pico de chuvas, represar parte da vazão do rio e reduzir os impactos na população, que tem sofrido com as fortes precipitações.
Luiz Fernando Jamur, secretário municipal de Obras Públicas, explica que esse amplo trabalho segue o Plano Diretor de Drenagem de Curitiba, que planeja ações para lidar com a macrodrenagem urbana e proteger a população e o patrimônio durante chuvas intensas.
“Os investimentos são baseados em critérios técnicos, econômicos, ambientais e sociais, propondo diretrizes e medidas para mitigar e prevenir os impactos das enchentes”, diz Jamur. Ele destaca que nenhuma obra de macrodrenagem pode eliminar totalmente os alagamentos, já que as chuvas estão cada vez mais intensas devido ao aquecimento global. "O foco é preparar a cidade para responder de forma rápida e eficiente, reduzindo riscos e prevenindo cheias", afirma o secretário.
Novas obras
Estão licitadas as obras para o perfilamento do Rio Cascatinha e da bacia de detenção do rio, entre as ruas Paulo Kulik e Dario Nogueira dos Santos, além de outras seis em processo de licitação.
Em relação aos projetos, quatro estão licitados:
- Macrodrenagem do Rio Belém Norte (entre o Parque das Nascentes e o Parque São Lourenço);
- Macrodrenagem dos rios Água Verde e Vila Guaíra;
- Macrodrenagem da Rua Samuel Cézar, no Cemitério Água Verde;
- Macrodrenagem na Bacia do Rio Iguaçu (desde o Córrego Alto Boqueirão até o Zoológico).
Estão em fase de licitação e previstas para serem realizadas até 2026 a macrodrenagem do Rio Belém (Centro), o diagnóstico da Bacia do Rio Belém, além do estudo sobre o Plano Diretor de Drenagem de Curitiba.
Mobilidade urbana
Paralelamente às intervenções voltadas à contenção de cheias, as obras de mobilidade urbana executadas pelo município, como o Novo Inter 2 e o BRT Leste/Oeste, também contribuirão para a ampliação da rede de drenagem da cidade.
As vias requalificadas para a modernização do transporte público, com ônibus elétricos, receberão, entre as melhorias, um novo sistema de drenagem adequado à nova realidade climática.
Sobrecarga no sistema de drenagem
Chuvas intensas, como a registrada na última terça-feira (18/2), sobrecarregam temporariamente o sistema de drenagem de Curitiba. Em menos de duas horas, choveu 64 mm, quase metade da média histórica do mês, que é de 143,2 mm. Esse volume elevado pode provocar alagamentos pontuais, mas a água escoa rapidamente assim que a chuva cessa, demonstrando a eficiência do sistema de drenagem da cidade.
“Mesmo em situações como as fortes chuvas dos últimos dias, que causam pontos de alagamento, as obras e ações preventivas permitem que a situação se normalize rapidamente, com o escoamento da água em pouco tempo e a redução da interdição de ruas. Esse é o resultado do permanente trabalho preventivo feito pelo município”, explica Paulo Lucca, diretor do Departamento de Pontes e Drenagem da Smop.
Auxílio à população
Equipes integradas trabalham para minimizar impactos e atender à população. A Defesa Civil, em parceria com as administrações regionais, coordena ações antes, durante e depois das ocorrências climáticas. A FAS e a Guarda Municipal prestam auxílio às comunidades afetadas.
Após a chuva, diversas secretarias entram em ação: Secretaria Municial do Meio Ambiente, na remoção de árvores e galhos caídos; Secretaria do Governo Municipal, com limpeza e desobstrução de galerias de microdrenagem, além da operação tapa-buracos e Secretaria Municipal de Obras Públicas com obras emergenciais para restabelecer estruturas de drenagem e corrigir erosões nas vias e com a sequência das Obras e macroenagem.
Ações corretivas e preventivas
Atualmente, 33 equipes da Smop percorrem a cidade realizando serviços emergenciais para garantir a segurança da população até que medidas definitivas sejam implementadas. Um exemplo é a manutenção das estruturas de macrodrenagem na Rua Aleixo Bettega, no bairro Lindóia, entre a Avenida Santa Bernadete e a Rua Idelfonso Stockler de França.
Com as chuvas do período, os tubos que formam a rede de drenagem se deslocaram causando uma erosão na pista. O trecho foi interditado e o trabalho de readequação da galeria iniciou no fim de janeiro e seguirá até a última quinzena de fevereiro. Equipes coordenadas pelo Departamento de Pontes e Drenagem da Secretaria Municipal de Obras Públicas trabalham na recomposição e reforço da tubulação em uma extensão de aproximadamente 20 metros. Após a conclusão da substituição da linha de tubos será realizada a recomposição do pavimento.
Somente na última semana, foram realizados diversos serviços emergenciais, como conserto de galerias pluviais e limpeza de córregos nos bairros Cascatinha, Santo Inácio e Boqueirão, entre outras.
"Estamos atuando em vários pontos da cidade a partir de uma programação de intervenções, mas também conforme as demandas da população", explica Paulo Lucca. "Esse trabalho contínuo e integrado amplia sua importância a cada novo episódio de chuva intensa", completa.
Limpeza das galerias e caixas de captação
Outra ação essencial de prevenção de alagamentos é a limpeza das galerias e caixas de captação de águas pluviais. A Prefeitura utiliza um caminhão hidrojato sugador, equipado para remover detritos com jatos de água de alta pressão.
Nos próximos dias, estão programadas limpezas em pontos estratégicos da cidade. Além disso, a Prefeitura reforça a importância da colaboração da população, evitando o descarte de lixo nas ruas, que pode obstruir a drenagem e causar enchentes.
PlanClima
O município também investe em ações para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e aumentar a resiliência climática. Entre as medidas estão:
- Reserva Hídrica do Futuro;
- Plantio de árvores (mais de 550 mil desde 2019);
- Projeto Gestão de Risco Climático do Bairro Novo do Caximba;
- Pirâmide Solar;
- Inter 2 e BRT elétricos;
- Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas (PlanClima).