Um livro autografado por Carolina Maria de Jesus em Curitiba, há 62 anos, está entre as joias do acervo de autores negros e títulos relacionados ao tema da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). É “Quarto de Despejo, Diário de Uma Favelada”, que revelou a autora para o universo literário e pode ser encontrado na Casa da Leitura Wilson Martins, na Rua da Cidadania do Boqueirão, para ser lido também neste Mês da Consciência Negra.
Carolina é a segunda mais procurada autora do acervo, que conta com quase 1.500 títulos – cerca de 1,5% do acervo total - distribuídos entre as 17 Casas da Leitura (CL) e o aplicativo Curitiba Lê. O acesso é grátis.
“São 125 empréstimos registrados para ela neste ano. O primeiro é Machado de Assis, com 166. Depois vêm os contemporâneos Itamar Vieira Júnior e Júlio Emílio Braz”, conta a bibliotecária Andressa dos Santos, do Setor de catalogação da Gerência de Literatura da FCC.
Há alguns títulos em braille e no formato de audiolivro. “Estamos trabalhando para colocar mais obras e autores negros nas estantes em 2024 e motivar mais os leitores”, completa.
De todas as nacionalidades
Os líderes de procura pelo público são brasileiros, mas entre os autores negros disponíveis nas estantes físicas e virtuais da FCC há vários estrangeiros. Entre eles estão desde Alexandre Dumas, autor francês do clássico da literatura ocidental “Os Três Mosqueteiros”, à contemporânea nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie – a quarta mais procurada pelos leitores, com 43 empréstimos.
Além da busca espontânea pelo público, ajudam a entender a procura as atividades realizadas nas Casas da Leitura para apresentar autores e obras e formar novos leitores. É o caso dos clubes e das rodas de leitura para adultos e para crianças.
“Lemos juntos trechos de livros e poemas, mas também trabalhamos com música. A ideia é deixar obras e autores negros sempre em evidência, para dar visibilidade e provocar a curiosidade”, conta a mediadora de leitura e contadora de histórias Juliane Souto.
Nas Casas da Leitura Wilson Martins e Marcos Prado, no Alto Boqueirão, Juliane usou esses recursos para apresentar às crianças “Amanhecer Esmeralda”, de Ferréz. Para os adultos, selecionou “A Filha Primitiva”, de Vanessa Passos, e “O Livreiro do Alemão”, de Otávio Júnior.
A próxima oportunidade ficará por conta do aniversário de Conceição Evaristo, no dia 29 de novembro. “Faremos uma roda de leitura sobre vozes femininas negras na literatura e, além da Conceição, leremos trechos de Elisa Lucinda e Cristiane Sobral”, diz. A atividade começa às 15h, na Casa da Leitura Wilson Martins, e é aberta ao público.
Acervo negro
Quem quiser pesquisar sobre autores negros e suas obras disponíveis nas Casas da Leitura pode acessar o catálogo on-line de busca Pergamum. Além de obras de ficção para adultos e crianças, também há títulos sobre Ciências Sociais, biografias e História.
O uso da ferramenta é grátis e permite localizar também autores e obras de outras etnias.