Inaugurados em abril, a Casa de Passagem Padre Pio e o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) já atenderam aproximadamente 3 mil pessoas com a oferta de vários serviços de apoio social. As duas unidades são coordenadas pela Fundação de Ação Social (FAS) e ficam na Praça Solidariedade, no Rebouças, onde a Prefeitura mantém um complexo com atendimento para garantir mais dignidade a esse público.
Natural de Concórdia (SC), Leandro Wikoski, 44 anos, procurou o Centro Pop Solidariedade na última semana para validar a continuação de seu acolhimento em um dos hotéis sociais do município. Pedreiro e mestre e obras, profissão que aprendeu com o pai ainda criança, Leandro está em Curitiba há quatro anos, sendo os últimos seis meses em situação de rua.
O catarinense já foi acolhido em outras quatro unidades da FAS, entre elas a Padre Pio, e atualmente também utiliza os serviços de um Centro de Atendimento Psicossocial (Caps), onde faz tratamento para dependência química.
“A Padre Pio tem um serviço bom para quem quer e precisa, oferece comida, banho e cama. Se não tivesse isso, a vida das pessoas seria muito mais difícil na rua”, comentou Leandro.
Há pouco mais de um ano, Lineu Kullack, 52 anos, está acolhido na Casa de Passagem Padre Pio e, neste momento, aguarda uma vaga em uma comunidade terapêutica. Ex-metalúrgico, foi parar na rua por causa da dependência do álcool e outras substâncias psicoativas que o fizeram perder o emprego. “Saio daqui só quando é necessário porque tenho medo de ter recaída”, conta o homem que tem duas irmãs que moram em Curitiba e uma filha em São Paulo.
Para Lineu, a Padre Pio é a melhor unidade de acolhimento de Curitiba.
“Temos encaminhamento para atendimento médico, assistência social, roupa, cama limpa e comida boa. E, além disso, o pessoal (técnicos) se esforçam”, disse Lineu.
Em processo de saída das ruas, Allan Marcelo Fernandes, 47 anos, também é atendido pela FAS para acolhimento. Na última semana, quando conseguiu uma vaga de emprego em uma madeireira da cidade, ele procurou o Centro Pop para buscar uma nova vaga em um hotel social. “Vai ser por pouco tempo porque depois que eu receber meu salário, quero alugar um quarto”, explica.
Números
Nos sete meses de funcionamento, a Casa de Passagem Padre Pio - que homenageia o padre italiano Pio de Pieltrecina, canonizado em 2002, ofertou 26 mil acolhimentos a pessoas que foram encontradas desprotegidas nas ruas, algumas delas em trânsito pela cidade, ou procuraram o serviço.
Com mil metros quadrados, a unidade possui 115 vagas, sendo 110 delas para homens de 18 a 59 anos, e o restante para mulheres trans.
Além de cama limpa e quente, a unidade serviu aos acolhidos 30 mil cafés da manhã, 22 mil almoços e 26 mil jantares. Durante a Ação Inverno – Curitiba que Acolhe, realizada de 15 de maio a 15 de outubro, a Padre Pio foi responsável ainda por oferecer café da manhã aos acolhidos da Casa de Passagem Solidariedade, que também funcionava na mesma praça e abria as portas de forma emergencial, sempre que as temperaturas caíam a menos de 8 graus.
Na Casa Padre Pio, que funciona 24 horas e todos os dias da semana, os acolhidos têm acesso a banheiros para que possam fazer a higiene. Nos sete meses de funcionamento da unidade, 20 mil kits para banho, com sabonete e shampoo, foram entregues aos usuários, que também receberam 10 mil peças de roupas encaminhadas pelo Disque Solidariedade.
O imóvel foi totalmente reconstruído para se transformar em um espaço moderno capaz de atender às necessidades dos usuários e dos servidores, com dormitórios, refeitório, banheiros, sala para atendimento social individualizado, sala multiuso para reuniões, oficinas, palestras e atividades socioeducativas, refeitório, guarda-pertences e lavanderia.
Benefícios sociais
Além do atendimento de necessidades básicas, na Casa Padre Pio as equipes técnicas fazem ou atualizam o Cadastro Único das pessoas atendidas para que elas possam ter acesso a benefícios sociais do Governo Federal, o principal deles o Auxílio Brasil.
Atividades como rodas de conversa, artesanato, exercícios físicos orientados por professores da Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (Smelj), pausa para filmes e outras ações de lazer e de conscientização para o desenvolvimento dos cuidados pessoais, como o corte de cabelo e da barba, complementam o serviço.
“Além de oferecer cama, alimentação e higiene, queremos que os acolhidos se vinculem aos serviços e possam, a partir do atendimento técnico, deixar as ruas e fazer novos projetos de vida”, explica a presidente da FAS, Maria Alice Erthal.
Centro Pop
No prédio ao lado, o Centro Pop Solidariedade oferece atendimento especializado, individual e coletivo, com o objetivo de favorecer a busca de autonomia e superação da situação de rua, a entrada na rede socioassistencial e a reinserção familiar e comunitária.
A unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e atende adultos que usam as ruas como espaço de moradia. Desde que foi aberta, em 1º de abril, atendeu 2.079 pessoas e fez 583 encaminhamentos para acolhimento, 143 para a Casa da Acolhida e do Regresso (CAR) - que oferece passagem rodoviária para pessoas que desejam retornar para seus municípios de origem -, 125 para acesso a documentação civil e 180 para serviços de saúde.
O Centro Pop foi usado ainda para cadastro e atualização de 154 CadÚnicos, além de registrar 16.200 atendimentos para banho, 4.222 para recebimento de roupas no Cabide Solidário e 3.731 utilizações da lavanderia com máquinas de lavar e secar roupas e sabão em pó.