Apresentações artísticas de qualidade que caíram no gosto do público, feiras com produtos étnicos exclusivos, lazer para as crianças se divertirem numa tarde de clima ameno e bom para atividades ao ar livre.
A Caravana Étnico-Cultural realizada no sábado (5/11), quarta edição do programa municipal, levou para a Regional Santa Felicidade um evento que mostra a riqueza cultural produzidas por negros, ciganos e indígenas.
As apresentações reuniram artistas como o grupo Jazz Cigano e o coral Vozes de Angola e a peça Moiras Negras, de Cleo Cavalcantty e Luana Godin, artistas que estiveram presentes no último Festival de Teatro de Curitiba.
“Foi tudo bacana, com boa estrutura e receptividade”, avalia Cleo. “É importante que ações afirmativas como essa sejam realizadas”, completou, destacando o local escolhido (a Praça Neuma Cortes Monclaro): “O evento ficou próximo da comunidade.”
De acordo com Marli Teixeira, assessora de Políticas para Igualdade Racial do município, as caravanas vêm cumprindo seus objetivos, sendo que um deles é o de ampliar o espaço de apresentações para artistas com produção de raiz étnica.
Um exemplo de como isso é se reflete na prática: a peça de Cleo transpõe para o universo africano elementos da mitologia grega. “Pessoas negras da plateia se sentiram representadas e felizes com orixás africanos ocupando o lugar das moiras [da mitologia grega]”, diz a atriz e autora.
A abordagem proposta por Cleo abre também novos ângulos de interpretação de clássicos, colocando questões negras no centro da narrativa. (As moiras são senhoras do destino na mitologia e substituídas na peça por Oxum, Iansã e Nanã.)
Jazz cigano
Em outra vertente das apresentações, o grupo curitibano Jazz Cigano levou ao palco da regional um pouco de sua apurada técnica, lapidada em pelo menos 13 anos de estrada.
O grupo é uma das principais referência nacionais do chamado jazz mamouche, surgido na França nos anos 1930 pelas mãos do violonista cigano-belga Django Reinhardt (que inspirou o filme Poucas e Boas, de Woody Allen). O quinteto já tocou com grandes nomes da música instrumental brasileira, como o violonista Yamandu Costa, entre outros.
Produtos diferentes
A gestora pública da Assessoria de Igualdade Maria Tereza Rosa, destaca que a feira de empreendedores, por sua vez, é outro importante pilar das caravanas, levando muitos produtos pouco encontrados em outros eventos.
Um exemplo são as bolachas produzidas pela confeiteira Daren Ferreira.
Bolachas de baunilha, sim, mas com rostos e figuras negras trabalhadas num detalhado artesanal.
Daren conta que é comum encontrar bolachas com figuras, mas sempre com elementos brancos. Resolveu inovar, puxou a raiz étnica, precisou encomendar moldes exclusivos e vem tendo muito sucesso nas vendas, diz ela, que já prepara novidades para a próxima caravana (que será realizada no Tatuquara, em 19 de novembro).
Além das figuras negras, as bolachas também trazem jogos (da velha e memória).
A arte indígena também esteve presente, com uma série de produtos como cocares, arcos, carrancas, adereços e cestos.
Apelo
A administradora regional de Santa Felicidade, Simone Chagas Lima, destaca o bom apelo do evento para atrair a comunidade.
“O mote das caravanas é extremamente nobre”, diz Simone. “A comunidade tem mais contato, de uma maneira alegre e leve, com a diversidade dos povos. É uma agenda muito positiva para a cidade.”
As caravanas são uma iniciativa da Assessoria de Políticas para Igualdade Racial do Município e contam com apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e das administrações regionais.