A importância do autocuidado foi o destaque no lançamento da campanha de prevenção ao suicídio “Setembro Amarelo”, realizada nesta sexta-feira (1/9) pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), no Hospital Municipal do Idoso.
Segundo o diretor-geral da Feas, Sezifredo Paz, o assunto não pode ser tratado como um tabu. “É importante discutir sobre isso. Não podemos esconder”, observou ele, na abertura da campanha, no auditório do hospital.
A primeira das atividades programadas para este mês foi uma palestra da psicóloga Dione Menz, “Prevenção e posvenção ao suicídio: cuidar de si para cuidar do outro”, voltada aos profissionais da fundação.
Dione é mestre em Psicologia e doutora em Educação. Segundo ela, diante de seus dramas, os profissionais de saúde não costumam pedir ajuda, muito por força de sua função. “Dizer que não está bem não é fraqueza”, ressalvou a psicóloga.
De acordo com Dione, a sociedade é pautada pelo desempenho, o que exige cumprimento de metas. Com isso, nem sempre há espaço para a dor. “Não se pode chorar”, disse ela, ao falar do risco de um projeto de vida se transformar em projétil contra si.
Perigos
Um dos perigos é o ‘burnout’, a Síndrome do Esgotamento Profissional, descrita pelo Ministério da Saúde como distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, fruto de muita competitividade ou responsabilidade.
Para a psicóloga, assim como qualquer pessoa em crise psíquica, o profissional de saúde precisa ser acolhido. “Quem cuida não julga: quem cuida acolhe”, ensinou Dione. E rápido. “Quem está com ideação suicida não pode ser visto daqui a um mês”, alertou.
Dione também analisa os mitos, como o que diz: "Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir a cometê-lo". Segundo ela, é preciso questionar sobre essas ideias, de forma sensata e franca, até para aumentar o vínculo.
“Quem não está bem vai se sentir acolhido pelo profissional que se interessa pelo seu sofrimento”, afirmou a psicóloga.
Durante a palestra, Dione ainda orientou os profissionais a usarem a rede de apoio, como a assistência social, em casos de pessoas que perdem tudo. “Quanto mais vulnerável, maior é o risco de suicídio”, apontou ela.
Feas
A Feas é um órgão da administração indireta da Prefeitura de Curitiba, vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), de quem segue estratégias e diretrizes.
Com cerca de 4 mil funcionários, a fundação administra 28 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba, entre elas o Hospital Municipal do Idoso, o programa Saúde em Casa, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Tatuquara, Boqueirão, Fazendinha e CIC, além do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Por meio do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a Feas oferece programas de residência médica em clínica médica, geriatria, psiquiatria, medicina de família e comunidade; medicina de emergência e medicina intensiva e também os programas de residência multiprofissional de saúde do idoso, saúde da família e enfermagem em urgência e emergência.