Curitiba tem, atualmente, 208 mil Microempreendedores Individuais (MEIs). Destes, aproximadamente 96 mil são mulheres, que enfrentam diariamente o desafio de ser uma “eupresa” e tocar seu próprio negócio. E, muitas vezes, são as responsáveis pela renda familiar e por gerenciar as tarefas da casa e o cuidado com os filhos.
Karine Dieps tem 45 anos, mora no Portão e desde 2022 é uma dessas empreendedoras. Ela atua na área da alimentação com sua empresa, a Biskoito e Arte. Ela conta que o empreendimento começou por um “empurrãozinho” de amigos e tem contado com apoio de muitos lados para fazer da empresa sua fonte de renda e motivo de orgulho pessoal.
A ideia da empresa cresceu aos poucos: depois de cinco anos fora do mercado de trabalho, amigos a incentivaram a vender as cuecas-viradas que tinha feito para o filho. Logo após as primeiras vendas, resolveu aprender mais sobre massas e, com os R$ 50 que tinha no bolso, fez um curso rápido, o que a levou à produção de todo tipo de massa. Até que chegou aos biscoitos decorados, onde se encontrou.
“E hoje eu sou empreendedora. Os biscoitos são a minha paixão; o que eu faço é com amor e eu tenho muito orgulho do meu trabalho. É uma luta diária, mas a gente vence. Tive ajuda de amigos para começar, e tenho até hoje, e apoio do pessoal do Espaço Empreendedor do Fazendinha para me formalizar”, conta Karine.
O Espaço Empreendedor é uma das estratégias da Prefeitura, em parceria com o Sebrae/PR, de apoio aos MEIs de Curitiba. Presta serviços gratuitos que auxiliam os microempreendedores a crescer. Além disso, a Prefeitura investe no suporte ao empreendedorismo com programas como Curitiba Empreendedora e Empreendedora Curitibana, gerenciados pela Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI).
História de muitas
Karine tem três filhos - Matheus, 26 anos, Davi, 15 anos, e Pedro, 9 anos - e encontrou no negócio próprio a forma de sustentar a família, com mais flexibilidade de horário para se dedicar aos meninos, e de se realizar profissionalmente. Uma história similar a de muitas mulheres que decidem empreender.
O estudo do Sebrae Nacional sobre Empreendedorismo Feminino de 2022 aponta que 49% das empreendedoras são chefes de domicílio; 40% entendem seu negócio como essencial para manter suas famílias; e 45% realizaram cursos de formação ou qualificação em empreendedorismo.
Assim como a curitibana, uma em cada quatro mulheres (25%) abre seu negócio na área de alimentação.
A Pesquisa Irme 2023, Instituto Rede Mulher Empreendedora (Irme), indica que 70% das empreendedoras são mães e a maioria iniciou seus negócios por necessidade.
Independência e satisfação
O estudo também apontou que 95% dessas mulheres empreendem porque acreditam que trabalhar e ter sua própria renda é muito importante para a independência feminina; 81% consideram seu empreendimento como parte de quem são.
“Para mim, a formalização da empresa foi a virada de chave, abriu outras portas. Passei a vender para outras empresas, emitir nota fiscal. As pessoas dão mais credibilidade, né? Eu mesma me dou mais credibilidade. Eu tenho um MEI, uma marca, um CNPJ”, diz Karine.
Em paralelo à formalização da empresa, a biscoiteira melhorou seu produto – as bolachas foram ganhando decorações mais elaboradas e voltadas para datas comemorativas (agora, a produção para o Dia da Mulher e para a Páscoa está acelerada) - e investiu nas redes sociais para divulgar seu produto, assim como 96% das empreendedoras, segundo a pesquisa Irme 2023.
Ela ainda trabalha em casa, mas trocou a cozinha, das primeiras fornadas, para um espaço exclusivo para a produção – um quarto virou ateliê culinário.
O que começou como biscoitos decorados artesanalmente – com riqueza de detalhes, como os que estampam o rosto de ídolos do esporte e da música – ganhou um novo nicho de mercado: após comprar uma mini impressora de corante alimentício, passou a produzir os biscoitos decorados com logomarcas de empresas, que usam os quitutes como brindes ou para lembranças aos funcionários, clientes e fornecedores.
Âncora
Programas de apoio
A Prefeitura tem programas de apoio aos MEIs e às mulheres empreendedoras, com serviços gratuitos para quem, assim como Karine, decidiu viver com a comercialização de seus produtos ou serviços e descobriu que, para dar certo, tem de desenvolver outras habilidades, como a do gerenciamento dos investimentos e lucros; logística de produção, agenda e entrega; noções básicas de divulgação; uso de mídias sociais e contabilidade.
O Programa Curitiba Empreendedora oferece atendimento gratuito aos MEIs nos dez Espaços Empreendedor, com serviços como abertura do MEI, emissão dos documentos, orientação para emissão de notas fiscais, suporte na declaração de imposto de renda da empresa e avaliação para concessão de crédito com garantia de pagamento. Também oferece qualificações em diversas áreas relevantes aos empreendedores, nas Ruas da Cidadania.
Já o Programa Empreendedora Curitibana realiza cursos, oficinas, workshops e palestras voltados às mulheres que têm ou querem ter seu próprio negócio. Também fomenta uma rede de apoio entre as empreendedoras, para compartilharem soluções para os desafios enfrentados e estabelecerem relações de parceria nos negócios.
A Agência Curitiba também gerencia o Programa Bom Negócio, com cursos e workshops voltados a donos de seus negócios, com aulas em universidades e parceiros especialistas em suas áreas, e o Cidade das Startups, que engloba projetos como o Worktiba, pré-incubadora de startups e empresas de impacto socioambiental.