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Biólogo que viu nascer o Jardim Botânico celebra a carreira como servidor da Prefeitura de Curitiba

Aposentados de janeiro. Na foto, o biólogo, agora aposentado, José Tadeu Motta. Curitiba, 06/01/2023. Foto: José Fernando Ogura/SMCS.

Quem caminha regularmente pelo Jardim Botânico, unidade de conservação que enche de orgulho os moradores de Curitiba, nem imagina que divide a pista de caminhada que contorna o espaço com um especialista do local. Desde o início do mês, o biólogo José Tadeu Weidlich Mota passou de responsável pelo espaço a mero frequentador. Ele acaba de se aposentar.  

Tadeu devolveu o molho de cerca de 30 chaves, desabilitou o sistema que abria a portão e deixou de exercer o papel de responsável por cuidar dos jardins, da estufa, da irrigação, de tudo que afeta a rotina do Jardim Botânico. Ao lado da mulher, a professora municipal aposentada, Maria Inez Kierski Motta, ele apenas caminha, respira e aproveita a nova fase de vida.

Tadeu acompanhou de perto o desenvolvimento do Jardim Botânico desde sua inauguração em 1991. Aposentada desde 2014, Inez comemora a conquista do marido: “Nem acredito que terei meu companheiro o tempo todo comigo. Agora, não vai ter desculpas para caminhar todas as tardes no Jardim Botânico."

Estagiário voluntário

Depois de estagiar no Museu de História Natural, no Capão da Imbuia, por quatro anos (dois deles como voluntário), Tadeu passou os últimos 37 anos dos 62 anos de vida trabalhando na Prefeitura de Curitiba. Ele ingressou na Educação onde ficou por pouco tempo e sua carreira foi trilhada na Secretaria Municipal do Meio Ambiente, além de passagens por outros órgãos ambientais do Estado.

Tadeu conta que encerra a sua carreira ativa com o sentimento de gratidão por ter servido a Curitiba “Sinto que dei tudo de mim para o Município desde que comecei aqui em 1985 e hoje posso dizer que sou feliz e realizado”.

E mesmo mudando a perspectiva, de coordenador para frequentador, ele segue de olho no Jardim Botânico. “Levo a Prefeitura dentro de mim. Não consegui me desligar totalmente, se vejo que as coisas estão fora de ordem, já aviso o responsável. Amo muito esse lugar e acho que foi esse amor pelo meio ambiente que me fez continuar por tanto tempo. E para trabalhar aqui, a gente desenvolve o olhar atento”.  

Ele avalia que esse olhar está em falta hoje, já que as pessoas tendem a descuidar do meio ambiente: “O público que frequenta o Jardim Botânico diariamente tem consciência ecológica, mas infelizmente, muitos turistas que estão aqui de passagem acabam desrespeitando o espaço que é de todos nós”.

O biólogo agora aposentado se enche de alegria ao falar da neta de nove anos, com quem ele costuma passear pelo Botânico quando ela está na cidade. "Sempre trago a Ana Gabriela para cá, ela corre e se diverte. Faço o possível para passar para ela a importância disso tudo.”

Fã do paraquedismo e amante do montanhismo, das trilhas e das longas caminhadas, ele quer continuar vivendo perto da natureza. A última aventura foi o Caminho Brasileiro de Santiago de Compostela, em Florianópolis, feito em 2019, antes da pandemia pelo novo coronavírus.

“Estou me divertindo, parece que estou de férias, na verdade. Mas quero voltar a praticar meus esportes, artesanato (faço macramê), viajar e, principalmente, aproveitar a minha família.” Inez completa: “O que eu sei é que ele vai continuar andando por aqui e fazendo eu parar a cada passo para ele fotografar alguma planta diferente”.

*O Jardim Botânico não é um parque urbano. Por suas características de Unidade de Conservação, trata-se de espaço de pesquisa, conservação de espécies e educação ambiental, no qual as atividades de lazer precisam ser compatíveis com esses objetivos. Deve estimular a contemplação dos visitantes, contribuir para a conservação da natureza, para a educação ambiental e ainda oferecer uma alternativa de lazer para a população.

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