Desde esta terça-feira (4/2), famílias em situação de vulnerabilidade social em Curitiba passaram a contar com um aumento no crédito alimentar concedido para compras nos Armazéns da Família. O benefício que era de R$ 80,50 foi reajustado para R$ 93,00, um acréscimo de 15,53%, conforme estipulado pelo Plano Municipal de Assistência Social.
O crédito alimentar é um benefício eventual destinado a famílias atendidas pela Fundação de Ação Social (FAS). Ele é concedido mediante avaliação realizada pelas equipes técnicas dos 39 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da cidade.
O presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, órgão responsável pela política da assistência social em Curitiba, explica que o aumento visa fortalecer os serviços da rede de proteção social básica da população mais vulnerável. “Com essa medida garantimos o acesso a alimentos saudáveis e melhores condições de vida para essas pessoas”, diz Renan.
Famílias atendidas
A medida beneficiará aproximadamente 2.410 famílias mensalmente. Todas poderão comprar alimentos, produtos de higiene e limpeza nas unidades do Armazém da Família, programa municipal que oferece produtos com preços reduzidos, cerca de 30% mais baixos do que os praticados nos mercados tradicionais.
Outro ponto importante, segundo a diretora de Proteção Social Básica da FAS, Cintia Aumann, é que o subsídio alimentar – na forma de um crédito eletrônico - permite que as famílias tenham autonomia e possam escolher os produtos que desejam adquirir - exceto bebidas alcoólicas.
A concessão do benefício é feita pela FAS, que mantém desde 2015 uma parceria com a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar (SMSAN), gestora dos Armazéns da Família.
Mais comida na mesa
Mãe de três filhos, Dayane Ellen de Almeida, 36 anos, comemorou o reajuste do valor do crédito alimentar. “Esse benefício me ajuda muito e com o aumento será ainda melhor”, conta.
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Dayane Ellen de Almeida fala sobre o uso do crédito alimentar
Atendida há sete anos pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Vila São Pedro, no Xaxim, Dayane recebe o crédito alimentar há cinco meses e usa o benefício para comprar principalmente leite e frango para os filhos, de 5 e 7 anos, que são autistas. “Meus filhos são seletivos, um só come alimentos brancos e o outro arroz, feijão e carne de frango”, explica e mãe, que deixou de trabalhar para cuidar da família.
Além do crédito alimentar, Dayane recebe Bolsa Família, enquanto aguarda uma decisão da Justiça para ter acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido pelo Governo Federal a pessoas com deficiência.
Quando aperta o bolso
Leni Raimann, 64 anos, e o marido, Leônidas Nunes, 78, também recebem eventualmente o crédito alimentar e já sabem como vão gastar os R$ 93,00 do benefício.
“Quando aperta o bolso, a gente vem pedir ajuda aqui no Cras. Usamos esse dinheiro para comprar arroz, feijão, açúcar e trigo”, conta Leni.
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Leônidas Nunes, aposentado
O casal vive do BPC recebido por Leônidas, que tem problemas de saúde e muitas vezes é internado para tratamento. “Esse crédito alimentar e o aumento é fundamental porque na hora que a gente não tem dinheiro, ele ajuda muito para comprar o que está faltando em casa”, diz o idoso.
Sistema nacional
A concessão do crédito alimentar está alinhada à Lei nº 11.346/2006, que instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e garante o direito humano à alimentação adequada. Além disso, o subsídio faz parte dos benefícios eventuais previstos na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e reforça a importância da assistência social como ferramenta de cidadania e proteção dos direitos fundamentais.