Para oferecer um tratamento mais humanizado em saúde mental aos pacientes em crise, a Unidade de Estabilização Psiquiátrica (UEP) Casa Irmã Dulce, no Tatuquara, criou uma programação recreativa.
A rotina diária tem horário definido, durante o dia e à noite, e profissionais responsáveis. Inclui jogos, musicoterapia, leitura, roda de conversa e filmes, sempre com distanciamento entre os participantes e uso de máscara.
“Começamos uma nova rotina para evitar que os pacientes ficassem ociosos, o que poderia gerar ansiedade e irritabilidade”, diz a gerente assistencial Marla Roxana Sluminsky Santiago.
Os resultados foram imediatos, de acordo com Marla. A equipe percebeu que a introdução de uma rotina fazia com que os internos se organizassem melhor e mais rapidamente no dia a dia.
Administrada pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a unidade funciona como “pronto atendimento” de pacientes psiquiátricos. Esses atendimentos muitas vezes exigem a internação por mais de um dia.
Segundo o psicólogo Maicon da Silva Pereira, um atendimento mais humanizado requer uma abordagem multidisciplinar e integral para estabelecer um ambiente mais saudável para pacientes e profissionais.
“O tratamento em saúde mental, mesmo na crise, abrange mais do que o uso de medicações e intervenções em leito, mas considerando seus múltiplos aspectos e necessidades”, pondera Maicon.
Os resultados têm impactado outras áreas, além do tratamento psiquiátrico. Segundo Maicon, as ações também permitiram eliminar o tabagismo na UEP e diminuir um desejo relativamente comum entre pacientes nessas condições: o da fuga.
É o caso do paciente João (nome fictício), que aprovou a programação recreativa e passa o tempo entre partidas de pebolim e filmes.
“Achei legal, não dá vontade de fugir”, conta o paciente.
Maicon conta que as atividades aproximam pacientes e profissionais de saúde, fortalecem o vínculo entre eles e facilitam o manejo de algumas situações, alguns dos objetivos da instituição.
“A proposta é promover um ambiente de respeito e dignidade aos pacientes para sensibilizar a adesão ao tratamento em outros equipamentos da rede”, lembra o psicólogo.