A Assessoria de Direitos Humanos - Políticas para as Mulheres desenvolveu ao longo de 2022 uma série de ações voltadas ao enfrentamento às violências, defesa de direitos, fortalecimento ao protagonismo e a autonomia e a sensibilização da sociedade quanto à equidade de gênero.
Uma das principais ações de grande porte em desenvolvimento na capital, o Projeto Gestão de Risco Climático do Bairro Novo do Caximba teve ações voltadas especificamente ao público feminino
Maior intervenção socioambiental da história recente da capital, as obras vão transformar a vida de muitas famílias que vivem em uma área de ocupação. A ADH - Políticas para as Mulheres promoveu reuniões com as moradoras da região, a fim de tratar de temas como o enfrentamento à violência doméstica.
“Essa roda de conversa é maravilhosa, nota 10", declarou Ilda Aparecida Mateus, moradora do bairro desde 2012. "A ideia é repassar as informações para as vizinhas e pessoas da família que não puderam vir. Saber que temos alternativas é muito importante e hoje aprendi que alguns comportamentos são considerados crimes e eu não sabia.”
Participação
O Plano Municipal de Políticas para Mulheres, por sua vez, foi alvo de consulta pública, com o objetivo de ampliar a participação feminina na elaboração do documento que estabelece uma série de diretrizes para o setor. Foram feitas duas consultas sendo que a segunda foi direcionada a mulheres negras, lésbicas, bissexuais, transsexuais, travestis, idosas, profissionais do sexo, carrinheiras, migrantes e em situação de rua.
Cartilhas
A cartilha Masculinidade Consciente foi apresentada em encontros para promover reflexões sobre como o machismo afeta a vida dos homens, as consequências que traz à sociedade e quais são as mudanças necessárias.
“Na minha família eu presenciei comportamentos machistas do meu avô com a minha avó. Estamos no século 21 e isso já deveria ter sido mudado faz tempo”, comentou o estudante Richard Pereira, 17 anos, em encontro na Regional Tatuquara.
A ADH também compilou a cartilha sobre Direitos das Mulheres. E durante a campanha Agosto Lilás foi lançada a cartilha O que Você Precisa Saber Sobre Violência Contra a Mulher.
Formações e encontros
Em março, a escritora e historiadora Mary del Priore fez uma palestra no Salão de Atos do Parque Barigui a convite da Prefeitura, Assessoria de Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres e Fundação Cultural de Curitiba. A historiadora salientou diversas conquistas e também os desafios.
“Eu sugiro que, para a gente continuar com esse espírito de empoderamento, precisamos ver o copo meio cheio, nós somos herdeiras de várias conquistas: delegacia da mulher, secretaria de saúde, setor jurídico”, disse a historiadora.
“Mas ainda está faltando o básico. As mães precisam criar filhos homens sem preconceito, sem dizer que eles não podem chorar, que precisam ser machos, porque a violência masculina é construída. E, em muitos casos, vem de casa”, salientou.
Na prática
Em parceria com o Imap, foi lançado o Curso Direitos Humanos na Prática, que tem um módulo específico sobre Igualdade de Gênero, destinado ao quadro funcional da Prefeitura e comunidade em geral. O curso compõe ainda a grade de formação dos guardas municipais em estágio probatório.
Atendimento de qualidade
Durante o Fórum Regional de Enfrentamento à Violência, em Curitiba e Região Metropolitana, que fez parte da campanha nacional de conscientização de violência contra mulher, foi formalizado o protocolo de atendimento, que busca dar mais efetividade ao mapeamento das situações ocorridas com mulheres.
"É necessário termos um mapeamento da situação e produzirmos um protocolo de atuação, levando um atendimento de qualidade a todas as mulheres, ainda que não seja em uma delegacia especializada”, salientou Elenice Malzoni, assessora de Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres.
Assédio
O assédio sexual no ambiente de trabalho foi assunto de 11 encontros voltados aos servidores das regionais, secretarias e demais órgãos da PMC. Os encontros foram uma iniciativa da Procuradoria-Geral do Município em parceria com a ADH.
Em 2022 também foi realizado um estudo de 124 casos com a Rede de Proteção a Mulheres em Situação de Violência e Patrulha Maria da Penha.
Ônibus Lilás
A unidade móvel foi levada às dez regionais em ações como o Dia Internacional da Mulher, Dia do Combate ao Feminicídio, 16º Aniversário da Lei Maria da Penha, Outubro Rosa na Regional Matriz, 21 dias de Ativismo e Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher.
Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres
O conselho fez dez reuniões, nas quais foram criadas comissões e grupos de trabalho temporários.
No final de novembro foi realizada a V Conferência Municipal de Políticas para Mulheres para o processo eleitoral da sociedade civil que irá compor o conselho na gestão 2023-2026.
Saúde da Mulher
Durante evento na Assembleia Legislativa do Paraná, a saúde da mulher entrou nas discussões. O intuito do encontro foi conscientizar as mulheres sobre temas como violência doméstica e familiar, importunação sexual e a campanha Outubro Rosa.
Casa da Mulher Brasileira em números
Referência no atendimento às vítimas de violência doméstica e familiar, a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba (CMBC) realizou, de janeiro a 10 de novembro de 2022, 12.297 atendimentos — 1.004 mulheres eram da Região Metropolitana. Foram acolhidas no alojamento de passagem 140 mulheres e crianças.
Neste período foram entregues 154 dispositivos de Segurança Preventiva.
Serviço e exposição
Outra melhoria na area foi a instalação do Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito às vítimas encaminhadas pela Delegacia da Mulher.
Além disso, a fim de conscientizar sobre a importância da prevenção do câncer de mama, foi realizada a exposição de fotos do Projeto Social Anjos sem Asas.
“Queremos que as pessoas se importem o ano todo, não apenas em outubro, porque mulheres enfrentam e tratam esta doença o ano todo e precisam de apoio o ano todo. Esse projeto é sobre a valorização da vida”, afirma a fotógrafa Silvia Roman.