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Oficina para aposentados

Aprendizado e convívio social são essenciais para preservar a memória

Aprendizado e convívio social são essenciais para preservar a memória. Foto: Divulgação

 

A ausência de convívio social na pandemia, o estresse do dia a dia e o envelhecimento podem acelerar o processo de perda da memória. Na avaliação da terapeuta ocupacional Ana Lúcia Garcia, todas as pessoas, independentemente da idade, precisam se atentar a sinais como o esquecimento e é necessário ter na rotina atividades que estimulem o cérebro.

“A partir dos 20 anos, todos deveríamos ficar atentos, principalmente devido à rotina estressante e à sobrecarga de informações. Mas depois da aposentadoria, os cuidados devem ser maiores”, destaca Ana Lúcia, que oferece uma oficina com atividades que exercitam a memória, a atenção e a concentração para adultos e idosos ligados à Associação dos Aposentados da Prefeitura de Curitiba (AAPC).  

A oficina é realizada às quintas-feiras, das 14h às 15h30, na sede da AAPC, na Rua Nilo Peçanha, 300, Bom Retiro. As atividades buscam estimular novas conexões cerebrais e são preparadas de acordo com o perfil dos alunos, respeitando a sua individualidade e os objetivos dos participantes.

Ana Lúcia reforça que a interação social é fundamental para a longevidade cerebral e que a pandemia afetou gravemente as relações pessoais de aposentados e pessoas idosas. “A pandemia afetou muito a memória recente das pessoas, pela solidão ou pelo estresse de poder contrair o vírus”, enfatiza.

Autoestima e autonomia

A terapeuta explica que preservar a memória não é apenas cuidar da longevidade cerebral, mas cuidar da autoestima e da autonomia. Exercitar o cérebro também promove o bem-estar e previne doenças. “A oficina da memória faz uma estimulação do cérebro como um todo”, ressalta.

De acordo com ela, a autoestima se relaciona diretamente com a memória, e quando as pessoas notam sinais de esquecimento, muitas se isolam e deixam de fazer atividades que gostam por vergonha e insegurança. O isolamento, por sua vez, acelera ainda mais o processo de esquecimento.

Para as pessoas aposentadas, a terapeuta ocupacional recomenda que busquem novos desafios e que não tenham medo da dificuldade.

“Eu motivo as pessoas a aprenderem novas coisas. Muitos associados da AAPC, por exemplo, também participam de aulas de inglês e começaram a oficina da memória para facilitar o aprendizado. Mas também é possível participar dos encontros para aprender outras coisas. Tem uma senhora que me procurou porque queria aprender a jogar sudoku, e hoje, com as atividades, ela já consegue. E isso é importante: se sentir capaz, independente”, relata.

A terapeuta ocupacional destaca que cuidados simples do dia a dia colaboram para um cérebro saudável. Dentre as dicas, ela sugere que as pessoas mantenham na rotina o hábito da leitura, a socialização e estejam conectadas com o presente por meio do consumo de notícias (mais dicas abaixo).

Atenção aos sinais

Segundo Ana Lúcia, ficar preso à mesma rotina pode ser perigoso e retardar a identificação de dificuldades com a memória e concentração. “A rotina, muitas vezes, mascara os sinais de esquecimento e dificulta a percepção de doenças como o Alzheimer. E, por isso, as pessoas não percebem sozinhas. Mas a família e quem convive com esta pessoa devem estar atentos aos sinais.”

Ela conta que atitudes como falar a mesma coisa mais de uma vez, ter dificuldade com localização, repetir perguntas e guardar objetos fora do lugar são sintomas preocupantes que, se identificados, devem ser analisados por um médico (pode ser um clínico geral, um geriatra), que poderá avaliar se os sintomas configuram um quadro leve, moderado ou grave. Em alguns casos é necessário o trabalho de uma equipe multidisciplinar.

“Não é recomendado que se tente estratégias caseiras para melhorar a concentração quando já existem estes sinais de esquecimento. O primeiro passo deve ser procurar um especialista”, enfatiza a terapeuta, que já trabalha com questões relacionadas à memória há mais de dez anos.

Ana Lúcia salienta que, ao identificar sintomas, os familiares devem ser pacientes e compreensivos. “Mas você sabe qual dia é hoje? tenta lembrar... esse tipo de cobrança não ajuda. É preciso dar espaço à pessoa e não fazer pressão. Essas atitudes podem deixar a pessoa nervosa, ansiosa, e nessas circunstâncias ela realmente não vai lembrar de nada”.

A pessoa não pode ser tratada como alguém incapaz ou inferior. Quando identificados os sintomas, a família não deve tirar sua independência e tentar facilitar sua vida. Privá-la de exercícios simples como ir ao mercado, cozinhar e limpar a casa, pode acentuar a perda da memória. “As coisas bobas do dia a dia também são importantes, porque resolver problemas e tomar decisões, como o que cozinhar, são maneiras de exercitar o cérebro”, conclui.

Previna-se

Servidores da ativa e aposentados que se interessaram em participar da oficina da memória podem entrar em contato com a AAPC através do telefone (41) 3323-1044 ou pelo WhatsApp 9 8522.9158. O atendimento é de segunda a quinta-feira, das 13h às 17h30.

Dicas para manter a memória turbinada

Ter na rotina atividades intelectuais, como leitura, jogos de raciocínio e de tabuleiro

Aprender coisas novas

Não recusar convites. Socializar, ver amigos e falar sobre assuntos diversos

Conectar-se com o presente. Consumir notícias, informações e saber o que está acontecendo no mundo

Praticar a higiene do sono: adotar atividades relaxantes antes de dormir, como tomar um banho quente ou ler um livro, e evitar práticas que deixem o cérebro agitado, como consumo de álcool, cafeína e alimentos pesados

Praticar exercícios físicos

Ter uma alimentação saudável

Corrigir visão e audição, se necessário

Organizar listas e manter uma agenda com os compromissos da semana

Manter objetos importantes no mesmo lugar, como guardar os óculos na cabeceira da cama ou as chaves no chaveiro

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