Após quatro tentativas frustradas para tentar deixar o cigarro, foi a partir de um grupo do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba que a advogada Maria Ivani Fernandes de Oliveira, de 68 anos, conseguiu finalmente deixar para trás o vício que ela alimentava havia 55 anos – uma história de dependência que começou ainda na adolescência, aos 14 anos de idade.
“Comecei a fumar por influência dos amigos no colégio. Naquela época, fumar era sinônimo de status. E aí nunca mais consegui ficar sem”, lembra.
Logo, porém, a sensação de bem-estar inicial passou a dar lugar a outros tipos de sentimentos. “Comecei a ter vergonha, sabia que fazia mal. Quando concluí a minha primeira formação acadêmica, em Letras, comecei a fumar escondido. Eu pensava ‘uma professora não pode fumar’”, lembra a advogada, que chegou a fumar até dois maços de cigarro por dia.
Foi nessa época que começaram as tentativas para tentar deixar o vício. “Eu lembro bem de quatro vezes, fiz tratamento particular, individual e nunca tinha conseguido ficar mais de 24 horas sem o cigarro. Até para religião apelei, fiz promessa”, conta. “A cada tentativa que eu não tinha êxito, ficava mais frustrada e deprimida”, completa.
Após tantas tentativas fracassadas, Maria Ivani resolveu recorrer ao SUS. “Eu resolvi pedir socorro na unidade de saúde Mãe Curitibana”, conta. Lá, foi informada sobre os grupos virtuais do Programa de Controle do Tabagismo da SMS, que acontecem via Central Saúde Já.
“Não sei qual o mistério, mas já na primeira reunião eu senti vontade de parar de fumar”, brinca. “Fiquei 24 horas sem cigarro, aí pensei ‘eu consigo mais 48h’. E foi assim dia após dia”, recorda.
Segundo Maria Ivani, o fato de ter se sentido à vontade no grupo e de não ter havido imposição para nada ajudaram na decisão dela. “No grupo, eles não impõem a obrigação de você parar. Eles orientam: quando for o seu dia D para parar, que você se sentir à vontade para marcar, você para. Aí você recebe apoio de medicação, se precisar”, explica. “Não me senti discriminada e nem obrigada em nenhum momento”, completa.
Além disso, segundo a advogada, o tratamento ainda trabalha a saúde mental. “Teve meditação, senti uma calmaria”, diz.
Radiante, ela conta que atualmente já está há mais de 60 dias sem fumar. E após 55 anos fumando, quando completou exatos 55 dias sem fumar, resolveu comemorar. “Eu dei uma festa, fiz um churrasco”, conta. “Chamei amigos, familiares, principalmente os fumantes, para incentivar”, lembra.
Como participar
Para participar do Programa de Controle do Tabagismo, basta que o fumante dê o primeiro passo: procure por essa ajuda na sua unidade de saúde de referência ou ligue para a Central Saúde Já Curitiba, que atende pelo telefone 3350-9000, de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h, inclusive feriados; e aos sábados e domingos, das 8h às 20h.
No início do processo, são quatro encontros semanais, passando a quinzenais e mensais. O programa é estruturado em encontros em que são discutidas as conquistas e as dificuldades dos participantes e estratégias para que consigam permanecer no propósito de parar de fumar.
São abordados temas como comportamentos, pensamentos e sentimentos dos participantes que são obstáculos para permanecerem sem o cigarro. Os pacientes recebem orientações sobre preocupações comuns como não aliviar o estresse cotidiano no cigarro ou buscar outras formas de relaxamento, como atividade física ou terapias ocupacionais.
O Programa de Controle do Tabagismo é parte do Curitiba Viva Bem, política pública municipal de promoção à saúde.
Atualmente, há 225 usuários em tratamento em 45 grupos ativos, nos dez distritos sanitários de Curitiba. “E temos vagas abertas para novos participantes que queiram participar, em qualquer uma das regiões da cidade ou no grupo virtual”, diz a coordenadora do Programa Municipal de Controle do Tabagismo, Ana Paula Machado.
Curitiba Viva Bem é uma política pública e uma das principais agendas da gestão do prefeito Rafael Greca, assim como a mobilidade urbana, sustentabilidade, empreendedorismo de impacto, cultura da inovação como processo social e cidade educadora. A importância da saúde e bem-estar para os curitibanos motivou a Prefeitura a mobilizar todas as áreas da gestão pública, que estão ampliando as ações de forma conjunta através do Curitiba Viva Bem.