Crianças e adultos com deficiência na roda-gigante e no carrossel – duas das principais atrações natalinas de Curitiba – são um exemplo do esforço da administração municipal pela inclusão desse público na vida da cidade. A presença delas nesses locais resultam do trabalho do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD), em parceria com outros órgãos da Prefeitura.
“Ter pessoas com deficiência nas atrações de Natal é um símbolo do compromisso de Curitiba com a inclusão, que foi ampliada nos últimos 8 anos”, disse a diretora do DPCD, Denise Moraes.
Para quem não ouve
A expansão da Central de Libras, que oferece os serviços de tradutoras/intérpretes da Língua Brasileira de Sinais para intermediar a comunicação de pessoas surdas com ouvintes, está entre os resultados do trabalho do DPCD. Atualmente, o serviço presta cerca de 300 atendimentos presenciais e on-line por mês, contra os apenas 200 por ano do início da gestão. É tudo grátis.
Vem do primeiro ano da gestão Rafael Greca o internacionalmente premiado Programa Conversação em Libras, que proporciona a interação presencial entre surdos e ouvintes que dominam a língua. A proposta é repetir os encontros uma vez por mês, em fins de semana, em diferentes espaços verdes de Curitiba.
Além dos moradores que circulam por esses locais, a iniciativa passou a alcançar pessoas de outras cidades brasileiras quando precisou migrar para a plataforma digital, em decorrência da pandemia de coronavírus. Inscrito no Prêmio Zero Project 2022, da Fundação Essl, da Áustria, Conversação em Libras foi um dos 76 premiados de 35 países distribuídos entre os seis continentes do planeta.
Libras também faz parte do Projeto Comunicação Tá Na Mão, que oferta de cursos básicos para os servidores da Prefeitura. Cerca de 60 pessoas na estrutura da administração municipal dominam a língua e, com isso, facilitam o atendimento dos surdos.
O bom desempenho do setor foi incrementado com a reforma da sede do DPCD, no bairro Cristo Rei, entregue no primeiro semestre deste ano, que melhorou as condições de privacidade nos atendimentos a distância.
Mundo do trabalho mais acessível
Uma grande conquista do setor de Empregabilidade do DPCD foi a implantação do Centro de Apoio e Referência em Empregabilidade da Pessoa com Deficiência - um posto de atendimento do Sistema Nacional de Emprego (Sine), aberto em dezembro de 2017, para promover a inclusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho.
Além disso, houve quatro ações de empregabilidade, ao longo de 2024. Nelas, 1.300 vagas ofertadas por 64 organizações. Cerca de 500 candidatos compareceram aos recrutamentos.
O jovem João Kauê Pimpão Freitas viu sua vida mudar em apenas 30 dias. Esse foi o intervalo entre ficar sabendo, pela televisão, da ação de empregabilidade que o DPCD promoveria na Rua da Cidadania do Pinheirinho, em agosto de 2023, e sua efetivação como assistente administrativo da empresa Unidas, na CIC, no começo do mês seguinte.
“Foram dois anos de muitas entrevistas e nenhum resultado, até que vi a notícia sobre essa oportunidade. Fui lá e deu certo”, conta João, admitido na área de Locação de Veículos Pesados.
Além de buscar vagas para o seu público, outro objetivo tem sido melhorar as condições de acolhida dos trabalhadores com deficiência contratados. Para isso, o DPCD e a Câmara de Inclusão no Mundo do Trabalho (Cimt) promoveram encontros mensais de sensibilização que têm registrado a adesão de novas empresas.
Leis pela inclusão
Compartilhar informações anticapacitistas e inclusivas pela cidade foi o objetivo da área jurídica do DPCD nos últimos 8 anos. Foram mais de 600 atendimentos individuais e 22 palestras e rodas de conversa sobre direitos da pessoa com deficiência, além de ações de capacitação de servidores municipais e da comunidade interessada ou que atua na área.
Além de eventos realizados no DPCD, a assessoria jurídica descentralizou ações, facilitando o acesso à informação. Para isso, fez palestras nas dez regionais da cidade.
O serviço também esteve nas ações de empregabilidade promovidas e apoiadas pelo órgão. “Falamos sobre aspectos que deveriam fazer parte da rotina desse público, mas que muita gente, que tem deficiência ou convive com quem tem, desconhece. É preciso conhecer para poder acessar esses direitos e ter mais qualidade de vida e inclusão em sociedade, numa Curitiba cada vez mais inclusiva”, frisa a advogada Camila Zem, da equipe do DPCD.
Suporte psicológico e de transporte
O Setor de Atendimento Psicossocial ganhou quatro psicólogos no fim de 2023, elevando para cinco o número de profissionais da área – entre eles, uma com deficiência visual. Com o reforço na equipe, a capacidade do setor saltou de 1.700 para 4.800 atendimentos por ano.
Além de atender diretamente pessoas com deficiência, as psicólogas participaram de capacitações para equipes especializadas da Fundação de Ação Social (FAS) e dos Conselhos Tutelares. Esses grupos precisam desse suporte porque pessoas com deficiência fazem parte do seu público.
Outra área importante sob gestão do DPCD é o Transporte Acesso. Nos últimos 8 anos, os nove ônibus dourados da frota levaram cerca de 100 mil passageiros – entre pessoas com deficiência e acompanhantes – de casa para clínicas e hospitais e vice-versa. No roteiro dos ônibus estão cerca de 600 estabelecimentos de saúde e as residências de 1.700 pessoas com deficiência.