A cidade de Curitiba tem crescimento mais acelerado da população com mais de 60 anos do que a média do Brasil. Em 2021, 16,93% dos curitibanos eram sexagenários ou com mais idade, enquanto a porcentagem nacional das pessoas nesta faixa etária alcançava 14,69%.
Para 2030, a projeção é que 21,90% dos curitibanos tenham 60 anos ou mais, enquanto o percentual nacional deve alcançar 18,73%.
O grande contingente de pessoas segue ativo e com participação relevante na economia da cidade e do país.
Em Curitiba, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 41.882 pessoas acima de 60 anos estavam empregadas formalmente em 2020, com renda média de 4,78 salários mínimos. Já as aposentadorias e benefícios assistenciais para idosos no município movimentaram mais de R$ 5 bilhões em 2021.
Com uma rede de atenção ao idoso consolidada e políticas públicas multissetoriais inclusivas e pela garantia dos direitos e pelo envelhecimento saudável, a cidade de Curitiba alcançou a certificação pela Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O crescimento da população idosa é reconhecidamente uma conquista da humanidade, fruto dos avanços das políticas de bem-estar social implementadas. É um indício claro dos resultados dos investimentos em políticas públicas que impactam no desenvolvimento humano e promovem mudanças significativas nos padrões de vida da sociedade”, aponta o estudo Cenários da Cidade - Curitiba Longevidade, desenvolvido pelo setor Socioeconômico da Diretoria de Informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
O estudo Cenários da Cidade - Curitiba Longevidade foi coordenado pelas assistentes sociais Érika Haruno Hayashida e Maria Tereza Gonçalves.
“Ser idoso é o nosso futuro. Envelhecemos a cada dia. Precisamos mudar o olhar não só quanto ao etarismo, como também a maneira de enxergar a pessoa idosa de como sendo algo que não nos pertence. Quando falamos de política pública tratamos de todas as faixas e ciclos” afirma, Érika Hayashida.
“A lógica do estudo é reconhecer para se preparar”, reforça Maria Tereza.
Mais idosos que crianças
A alteração na pirâmide etária curitibana retrata a projeção feita, há cinco anos, pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) de que, em 2022, a cidade teria mais habitantes acima dos 60 anos do que crianças e pré-adolescentes até 14 anos.
“O envelhecimento da população se dá a partir da baixa taxa de natalidade e da maior expectativa de vida. Normalmente, quanto mais desenvolvida uma localidade, menor é a taxa de natalidade. Nascem menos pessoas e as pessoas vivem mais devido às condições que esses locais proporcionam”, observa Érika Hayashida.
Essa “ultrapassagem” dos jovens pelos idosos deverá ocorrer até o fim deste ano de 2023 e se amplia até 2030, quando segundo as projeções, 21,9% da população terão mais de 60 anos, o equivalente a 435.646 pessoas, enquanto 16,8% estarão na faixa de zero a 14 anos.
Maioria mulheres
De acordo com o levantamento desenvolvido pelo Ippuc, em Curitiba uma das características mais destacadas acerca do envelhecimento populacional é a predominância feminina. No ano de 2030 estima-se que o total de homens na cidade acima de 60 anos será 174.122, enquanto as mulheres contabilizarão 261.524, o equivalente a 60% do total de pessoas idosas no município.
O estudo Cenários da Cidade - Curitiba Longevidade aponta ainda o aumento do nível de instrução significativo dos curitibanos maiores de 60 anos, uma vez que os conhecimentos adquiridos com a educação impactam em melhores condições socioeconômicas, comportamentos de menor risco à saúde, melhor percepção acerca dos efeitos de tratamentos sobre a saúde e sobre a saúde preventiva.
Em Curitiba, o percentual de pessoas que avaliam a própria saúde como boa ou muito boa é mais elevado do que no Brasil em todas as faixas etárias, chegando a uma diferença de 25 pontos percentuais na faixa etária de 65 a 74 anos, onde a discrepância é mais acentuada. Dessa avaliação, o pressuposto é que a qualidade de vida ofertada na cidade possibilita à população condições para manter sua saúde e considerá-la boa ou muito boa.
As doenças crônicas não-transmissíveis são apontadas no estudo como as principais causas de morte entre os idosos de Curitiba, observadas nos últimos anos (de 2015 a 2019). As causas externas (acidentes, quedas, homicídios, entre outros) aparecem em sétimo lugar, seguidas pelas doenças infecciosas, com uma representatividade média de 3% ao ano.
O investimento em infraestrutura urbana que favoreça o deslocamento ativo e a manutenção e ampliação de espaços públicos inclusivos para as pessoas idosas está entre as prioridades para melhorar a qualidade de vida e reduzir problemas de saúde.
Onde estão?
O georreferenciamento também é ferramenta importante para a ampliação das políticas públicas de atenção aos idosos.
Com base em dados do Censo de 2010, o estudo aponta que a região central de Curitiba é a que abriga o maior percentual de pessoas com 60 anos ou mais em relação ao total de moradores. Já a Regional Portão tinha o maior número de idosos (27.650) segundo os números do IBGE, enquanto CIC, maior bairro da cidade em área, a maior população idosa.
Políticas públicas
O Programa Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas no âmbito do Município de Curitiba conta com um Comitê Gestor, instituído pelo Decreto Nº 265, de 27 de fevereiro de 2023, que tem como objetivo promover a implementação, acompanhamento e avaliação do Programa com o intuito de propor, articular e auxiliar os órgãos da Administração Pública direta e entidades da Administração Pública indireta municipal na execução de políticas públicas voltadas ao envelhecimento saudável.
Com foco em refinar ainda mais os projetos e ações do município de atenção à pessoa idosa, a Prefeitura de Curitiba tem em curso uma consulta pública para ajudar a descobrir a percepção da população com mais de 60 anos sobre a cidade. Pessoas desta faixa etária ou responsáveis pelos seus cuidados são convidados a participar pela internet, pelo site idoso.curitiba.pr.gov.br, ou pelos formulários físicos que serão aplicados em eventos voltados à terceira idade e que também estarão disponíveis no Espaço Cidadão das Ruas da Cidadania.
O município conta ainda com um intercâmbio com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), formalizado pelo Ippuc, que tem em pauta a troca de experiências com foco no desenvolvimento de políticas públicas e ações com vistas ao envelhecimento da população e também à prevenção e resposta a desastres climáticos.
Em novembro do ano passado, o presidente do Ippuc, Luiz Fernando Jamur, acompanhado de técnicos do instituto e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente cumpriram visita técnica no Japão. Para este ano está programada outra visita. A cooperação entre as partes será pelo período de dois anos, a contar da data de formalização, e prevê a capacitação de técnicos do Ippuc e da Prefeitura de Curitiba e a troca de experiências com equipes japonesas para a formulação de políticas públicas inovadoras, e o desenvolvimento de projetos orientados à sustentabilidade urbana.