Meisy, 17 anos, estava ansiosa com o pequeno Davi no colo. O bebê, nascido há dois dias, iria fazer a punção no calcanhar para tirar algumas gotas de sangue, na manhã desta terça-feira (6/6), Dia Nacional do Teste do Pezinho. A jovem mãe sabia da necessidade do exame e optou por dar o máximo de conforto ao filho, ao amamentá-lo durante o procedimento. A técnica é usada na Maternidade Bairro Novo, da Secretaria Municipal da Saúde, para amenizar a dor da criança e estreitar o vínculo de confiança com a mãe.
O teste do pezinho identifica, pelo menos, oito doenças congênitas, metabólicas e infecciosas, que não apresentam evidências clínicas no nascimento. Quanto mais cedo as doenças forem identificadas e tratadas, maior a possibilidade de evitar ou amenizar sequelas, como deficiência mental, microcefalia, convulsões, comportamento autista, fibrosamento do pulmão, crises epiléticas e até a morte.
Ansiedade
O bebê de Meisy nasceu com 3,5 quilos e 48 centímetros. Davi é o primeiro filho do casal e ela fez o pré-natal em posto de saúde.
Na Maternidade Bairro Novo, teve toda orientação para esse momento importante e pôde contar com o apoio da família. A maternidade é municipal e adota práticas de parto humanizado para as gestantes, com acompanhamento familiar e técnicas para as mães se sentirem seguras no antes, durante e depois do parto.
O companheiro de Meisy acompanhou também o teste do pezinho, mais nervoso que a mãe, quando o bebê sentiu a agulha e chorou. “Percebe-se que, o sofrimento e a agitação da criança são menores se a mãe estiver amamentando. O bebê compensa a dor pelo prazer da alimentação no seio materno”, detalhou a enfermeira Kátia Arizeli Terêncio.
Davi chorou ao sentir a picada no calcanhar, mas se acalmou ao começar a mamar. O pai observava ansioso a companheira. Terminado o procedimento, a jovem e o marido voltaram ao quarto para esperar a alta, felizes com a nova vida que levavam nos braços.
Coleta
Kátia explicou que o sangue é, geralmente, retirado do pé do bebê por ser a área mais vascularizada e com menos propensão à dor. “Se, por algum motivo, foi tirado sangue por outra via do bebê, usamos esse material para ser analisado”, disse. O sangue colhido em uma cartela é enviado à Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (Fepe), serviço de referência em triagem neonatal credenciado ao Ministério da Saúde para a realização do Programa Nacional de Triagem Neonatal – Teste do Pezinho, no Paraná.
O teste do pezinho é gratuito e obrigatório, realizado no momento da alta hospitalar, para todos os recém-nascidos paranaenses. O programa da Fepe oferece diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento, gratuitos, para as seguintes doenças genéticas: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, doenças falciformes e outras hemoglobinopatias, deficiência da biotinidase e hiperplasia adrenal congênita.