Ir para o conteúdo
Prefeitura Municipal de Curitiba Acessibilidade Curitiba-Ouve 156 Acesso à informação
Dia do servidor

Além do expediente: servidores da Prefeitura de Curitiba provam que lazer é coisa séria

Ana Sacchelli é servidora municipal e artista. Foto a esq: José Fernando Ogura/SMCS Foto a dir: Acervo pessoal

⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? A pergunta foi feita a um grupo de servidores para celebrar o Dia do Servidor Público, comemorado em 28 de outubro, e traz respostas surpreendentes. Por trás de cada um, nos bastidores da vida profissional, os hobbies revelam ainda mais sobre as pessoas que, diariamente, trabalham pela cidade.

A Prefeitura de Curitiba tem 29,8 mil servidores distribuídos pelas diversas áreas de atendimento do município. Este total leva em conta o número de matrículas. Alguns servidores podem ter mais de uma, como profissionais do magistério e médicos, por exemplo, que cumprem jornada de trabalho de 20 horas semanais em cada matrícula. Considerados os CPFs, a Prefeitura conta com 27,3 mil pessoas a serviço do cidadão.

“Rendo minha especial homenagem aos trabalhadores que integram a equipe da Prefeitura de Curitiba, da qual faço parte desde muito jovem. Estamos aqui para servir, atender, acolher, resolver, prover. Muitos cidadãos dependem da nossa ação, da nossa intervenção para que tenham qualidade de vida”, resume o prefeito Rafael Greca, servidor de carreira da Prefeitura, gestor da cidade pelo terceiro mandato.

Pausa necessária

A psicóloga do Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap), Beatriz Eckert, ressalta que o tempo dedicado ao trabalho costuma ser grande. Por outro lado, explica a importância de priorizar momentos de bem-estar e descontração, mesmo quando parece que o tempo livre não está disponível. E propõe uma revisão em busca de novas estratégias, para identificar pausas saudáveis e necessárias, mesmo que elas sejam menores do que gostaríamos

“Aliviar a fadiga e o estresse, nos abastecer de energia e melhorar a capacidade para enfrentar o dia a dia pode prevenir doenças físicas e mentais”, declara. “O lazer pode ser reencontrado quando olhamos nossos desejos e descobrimos que precisamos atribuir sentido e significado à nossa vida, em atividades que nos devolvam a descontração, o descanso, o divertimento e o alívio das tensões”, finaliza a profissional, que tem como hobby o origami. 

Experiências fora do trabalho também podem contribuir para o desempenho no emprego. Estudo publicado no Journal of Applied Psychology em 2019, feito por pesquisadores da China, Hong Kong e Austrália, analisou 183 funcionários chineses durante dez dias de trabalho. Os dados sugerem que aqueles que mantinham ou aprendiam uma nova habilidade, faziam voluntariado ou praticavam novos hobbies no horário noturno eram mais proativos no dia seguinte.

Manter um passatempo também ajuda a desenvolver habilidades importantes para o trabalho, como capacidade de tomar decisões, criatividade e determinação.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Espírito nômade

De família circense, Roberto Salgueiro trabalhou com a família no circo bem antes de ser servidor da Prefeitura de Curitiba. Foi em casa, com os pais, que ele forjou o espírito nômade, capaz de se adaptar a novas situações. “A gente não tinha endereço. A gente informava o endereço de uma tia quando era necessário”, conta. O pai dele adaptou um ônibus para ser a moradia da família.

Foi com essa bagagem que, há mais de 30 anos, ele começou a dedicar parte do seu tempo livre às viagens de motorhome, um veículo adaptado com todas - ou quase todas - as comodidades de uma casa.

“É um hobby muito bom porque ele me dá energia para o trabalho. Às vezes, estou estressado e me desligo quando estou ocupado com o motorhome, desde a preparação até as viagens”, declara ele, que é um apaixonado pelo trabalho como chefe do Horto da Barreirinha. Aos 67 anos, Roberto é servidor há 45. “Adoro a minha idade”, avisa. E explica: “Principalmente por ter vivido tantas coisas e ter o meu trabalho, que me dá muito ânimo. Venho trabalhar com alegria. Aqui temos um dia a dia movimentado”. É no Horto da Barreirinha que são produzidas as mudas plantadas pela cidade, incluindo as 500 mil que foram plantadas nos últimos anos pela Prefeitura por toda a cidade.

A atual van do Roberto, transformada em motorhome, tem nome: Bambu. Com oito metros quadrados, a casa itinerante tem cama de casal, sofá-cama, televisão, mesa, geladeira pequena, fogão de duas bocas, microondas, banheiro com chuveiro quente, iluminação de LED, placa solar e internet. O bagageiro foi transformado numa área de serviço, com máquina de lavar, aquecedor e outras coisas. O hobby é dividido com a mulher dele, Andrea Salgueiro.

Segundo o casal, esse tipo de viagem pode ser um jeito fácil de garantir muitos passeios. “Já fomos para o exterior, alugamos um motorhome e percorremos diversas cidades. O importante é ser desapegado, minimalista e organizado”, explica o servidor.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Sucesso no Japão

Cantar em programas de televisão do Japão, participar de uma banda e se apresentar em espaços culturais foram situações que o servidor Marcelo Camargo Ribeiro, de 44 anos, já vivenciou através de duas grandes paixões: a cultura japonesa e o canto. Servidor desde 2002, Marcelo trabalha no atendimento do Sistema Nacional de Emprego (Sine) do Bairro Novo.

Neste ano, ele foi até o Japão cantar a música Forever Love, da banda X Japan, em um programa de televisão em que cantores imitam artistas famosos. O convite aconteceu pela semelhança da voz do servidor com o vocalista da banda. “Foi bem legal cantar em japonês para as pessoas que moram lá e entender os bastidores de uma gravação”, diz Marcelo, que já foi convidado por emissoras do país em outras quatro ocasiões.

Marcelo não tem ascendência japonesa e só sabe o básico do idioma. “Mas eu gosto da cultura desde pequeno, cresci assistindo desenhos e seriados do país”, diz. Atuar diretamente com essa temática também fez parte do trabalho de Marcelo ao longo dos anos na Prefeitura, quando foi professor de mangá no Clube da Gente. 

“Cantar é minha válvula de escape. Eu sou reservado, então começo me sentindo nervoso, vou relaxando e me soltando. E então, fica só eu e a música. É bom para liberar o estresse”, explica o servidor que já se apresentou em diversos espaços, como a Praça do Japão e o Festival Oriental. Algumas dessas apresentações aconteceram ao lado de seu irmão, com quem Marcelo já teve uma banda. 


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Curitiba e eu

Servidora há mais de dois anos, a arquiteta Gui Ruchaud, de 35 anos, encontrou na corrida uma forma de garantir a prática de uma atividade física regular, desde que veio morar em Curitiba.

Ela chegou à cidade em 2022, quando tomou posse depois de fazer o concurso público da Prefeitura em 2019. Na época, ela havia participado de vários concursos e, apesar de não conhecer ninguém na cidade e não ser simpatizante do frio, escolheu Curitiba para viver. 

Assim que colocou a vida em ordem no novo endereço, retomou a corrida, que já praticava antes. A atividade tem tudo a ver com Gui, que nasceu em Niterói (Rio de Janeiro) e viveu muitos anos em Florianópolis (Santa Catarina). “Eu morava perto do mar, gosto de atividades em local aberto”, declara.

Ela diz que se sente segura correndo no Passeio Público e também na região do Centro Cívico, as suas duas opções favoritas, ambas perto de casa. “São locais movimentados, com muita gente praticando a corrida”, comenta.

Segundo ela, a atividade é uma forma diferente de se relacionar com a cidade. “Com a corrida, nós ocupamos a rua de um modo diferente. A cidade é outra”, assegura ela, que mora na região central.

Integrante da equipe do Departamento de Patrimônio da Superintendência de Administração, ela observa que o dia a dia do trabalho, com muito tempo sentada, traz cansaço ao corpo. “Já sinto diferença, desde que voltei a correr. Tenho mais disposição e motivação”, conta.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Sorrindo em Bahrein

Com um mapa e uma bússola em mãos, em meio à natureza, Denise Corrêa da Luz, de 45 anos, tenta percorrer o mais rápido possível os pontos de controle marcados no terreno das provas. Essa é a corrida de orientação, paixão da servidora da área de logística da Secretaria da Educação. “São muitas surpresas ao longo do percurso, podem ter descidas, subidas e até riachos”, explica animada.

O hobbie de Denise também a levou a alcançar novos rumos. A servidora é técnica brasileira da modalidade na Gymnasiade, evento internacional de competições voltado para jovens de 13 a 17 anos, que acontece na capital de Bahrein, Manama, até o dia 31 deste mês. Alguns dias antes de viajar para o evento, Denise estava ansiosa e animada. “É uma oportunidade muito bacana, de troca em uma cultura diferente. Essa conquista é resultado de um trabalho bem feito”, conta. 

Servidora desde 2009, a professora de Educação Física conheceu a corrida de orientação quando passou a dar aula da modalidade para os estudantes. “Eu comecei assim, mas eu quis muito mais, a atividade se expandiu para minha vida”, afirma. 

“Eu sou muito fã da corrida de orientação. É importante para desenvolver a resistência, resiliência e a segurança em você mesma. A prática me ajuda a enfrentar desafios, às vezes desconhecidos, igual no trabalho que temos que lidar com coisas novas todos os dias”, diz. 


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Refúgio musical

Quaisquer cinco minutos são suficientes para o servidor público Josiel Ceccon dedilhar seu contrabaixo. Entre um compromisso de família, do trabalho ou da igreja, enquanto espera a filha e a esposa ficarem prontas pra sair, ele arrisca seus acordes. O amor pela música é tanto que ocupa um lugar muito especial na casa da família: um estúdio completo, com mesa de som, bateria, teclado, guitarra, violões, microfones, flautas e gaitas.

O lugar é refúgio para Ceccon exercitar uma paixão de menino. “Cresci acompanhando meu pai na igreja, e a música gospel sempre fez parte da minha formação”, conta. Aos 17 anos, formou o ‘combo’ que o acompanha até hoje: comprou o primeiro violão, conquistou a primeira namorada, Eliane, com quem é casado há 27 anos, e entrou no seu primeiro emprego, como contínuo, na Prefeitura de Curitiba. 

Hoje, aos 54 anos, Ceccon divide as aulas de contrabaixo com as atividades profissionais. Ele é o diretor administrativo financeiro da Unidade Técnico Administrativa de Gerenciamento (Utag), que faz a gestão dos contratos dos financiamentos multilaterais do município, como os do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba (BID e NDB) e do Bairro Novo da Caximba (AFD).

“Desde o começo, sempre fiz parte da equipe que faz o gerenciamento dos programas de financiamento externo e interno, tanto no Ippuc como na Cohab”, explica. Enquanto investiu no casamento e na formação para crescer na administração pública, a música ficou em segundo plano. Mas pouco antes dos 50 anos, retomou a rotina de aulas e aprendizado.

Autodidata, Ceccon foi acumulando conhecimento e instrumentos. Na casa nova, construída há três anos, fez questão de ter o espaço dedicado ao hobby que reúne toda a família. “Aqui a gente ensaia, faz aulas ou somente passa o tempo, combinando música e comida”, conta. O estúdio fica ao lado da churrasqueira, com inspiração harleyra na decoração, conectando outra paixão da família, as motos Harley-Davidson.

E aqui entra o lado B da servidora Eliane Padilha Ceccon, enfermeira auditora da Secretaria Municipal da Saúde. “Lili é motoqueira antes de mim até. Somos apaixonados pelo estilo e fazemos coleção de souvenirs da marca na casa inteira”, conta.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


O show não pode parar

Muito antes de passar no concurso para trabalhar no Hospital do Idoso, há 12 anos, Ju Liana Wilgozz Morais, de 41, já tinha uma relação especial com a música, que sempre fez parte da vida dela, desde criança. A agente funerária divide as duras tarefas do seu dia a dia no hospital, onde atende as famílias enlutadas, com ensaios, preparação vocal e composição. Cantar e tocar violão e baixo são parte da sua vida.

“A música é um hobby e uma paixão que posso exercer sem pressão. O trabalho no Hospital exige do emocional, temos que cuidar para não adoecermos. A música é uma boa forma de me manter motivada. Ela permite a reconciliação comigo mesma”, afirma.

Ju Liana lembra dos desafios que a pandemia pelo coronavírus trouxeram aos profissionais de saúde e também aos artistas. “Eu fazia apresentações pela internet, para não parar. E continuava enfrentando a pandemia todos os dias. Foi um período muito difícil para todos nós, profissionais de saúde”, desabafa.

Na opinião dela, buscar atividades que deem prazer na vida é uma excelente forma de se aproximar da família, dos amigos e de si, para que tenha satisfação também no espaço profissional. “Eu recomendo!”. Ju é integrante das bandas “The Sweet Hearts” e a “The Shades of Blues”, cantando jazz e blues.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Em busca do equilíbrio

A experiência com a mãe durante o tratamento de câncer, em 2017, e a longa convivência com a sogra, uma amante do crochê, levaram a professora Débora Regina da Silva Pinheiro, 49 anos, a encontrar no tricô um hábito para as pausas que a vida requer. Ela havia aprendido a atividade há um tempo e retomou vendo vídeos na internet.

“Resolvi fazer meias, como a que a minha mãe ganhou de voluntários no Hospital Erasto Gaertner. Achei lindo aquele gesto com ela. Minha mãe sentia frio nos pés”, conta ela com saudade. A mãe, Dona Maria Eni da Silva, faleceu há seis anos.

Dona Nair Pinheiro, a sogra de Débora, também teve influência. “Sempre a observei. Ela sempre fez crochê. E tratava tudo na vida com muito equilíbrio. Foi desse jeito que percebi que ela foi envelhecendo: com equilíbrio. Um dia eu cheguei à conclusão que queria envelhecer como ela”. 

Débora resolveu pesquisar os efeitos de atividades manuais como o tricô e o crochê. “Você melhora a autoestima, a atenção, a concentração. Quando estamos concentradas fazendo um ponto, limpamos a nossa mente”, afirma ela, que começou a fazer meias para doação, depois que a mãe faleceu. “Sempre digo que o que é feito à mão, é feito com o coração”.

Débora tem hoje um padrão como profissional do magistério na Prefeitura de Curitiba, por isso, trabalha meio período na Escola Municipal Maringá, no bairro Pinheirinho.

“A vida não é só trabalho, por mais que a gente precise. E eu preciso continuar trabalhando. Claro que ficando com um padrão apenas, deixo de consumir algumas coisas, mas o essencial, consigo manter. Tem muita coisa pra gente fazer na vida. É preciso tempo pra gente se conhecer e pra viver. Não adianta só ter. É preciso ser e estar”, declara.


No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
No preview available
Imagem


Afeto na tela

Arte digital, pintura em tela e fotografia são combinadas para formar a Pet Arte, expressão criada pela servidora Ana Sacchelli, que retrata animais de estimação em suas obras. Até mesmo no local de trabalho, na Superintendência de Tecnologia da Informação, ela apresenta algumas telas. “A arte faz parte da minha vida. É uma necessidade básica do ser artista, que me completa”, diz. 

Para a servidora, o trabalho na Prefeitura desde 2002 permite que ela viva esse seu lado. “Eu posso ser quem eu sou, não preciso pintar para vender. Já tenho meu trabalho e minhas tarefas todos os dias”, conta. E as pinceladas que Ana dá a ajudam no dia a dia como servidora. “É importante para ser criativo em todos os aspectos, pensar diferente, criar outras conexões de raciocínio e novas soluções para os problemas”, afirma. 



HTML snippet. Press Enter to type after or press Shift + Enter to type before the widget