A Fundação Cultural de Curitiba (FCC) realizou nesta sexta-feira (30/6) uma oficina de projeto cultural para líderes e artistas da Aldeia Kakané Porã, no Campo do Santana. O objetivo da capacitação é incentivar a participação dos indígenas nos editais da Lei Paulo Gustavo, que serão lançados no final de julho pela capital paranaense.
Dos R$ 14,7 milhões que Curitiba receberá do Ministério da Cultura, R$ 1,9 milhão serão destinados exclusivamente a projetos de pessoas e empreendedores indígenas, dos quais R$ 1,4 milhão para editais de produções de audiovisual e o restante para as demais linguagens artísticas, como música, teatro, literatura, artesanato e outras.
O trabalho da Fundação Cultural tem sido acompanhado pela Assessoria da Igualdade Étnico-Racial da Prefeitura de Curitiba. Há 15 dias, as duas equipes estiveram na Kakané Porã para falar sobre os aspectos da lei e oferecer a oficina de formatação de projetos culturais.
"A verba é exclusivamente para os povos indígenas, um direito garantido, e queremos muito que a comunidade indígena de Curitiba participe dos editais que a Fundação Cultural irá lançar e aproveite para mostrar toda a riqueza cultural, conhecimentos tradicionais e experiências da comunidade", destacou Ana Cristina de Castro, presidente da FCC.
Nesta sexta-feira (30/6), aproximadamente 20 indígenas participaram da oficina, entre eles o escritor Olivio Jekupe. Com 26 livros publicados, Jekupe pretende aproveitar os recursos da Lei Paulo Gustavo para financiar novos projetos. "Já estou me cadastrando no sistema e reunindo a documentação necessária porque tenho alguns projetos na cabeça", destacou Jekupe.
Autodeclaração
Em uma tela grande, Cláudio Faria, coordenador de Atendimento ao Empreendedor da Diretoria de Incentivo à Cultura, apresentou uma simulação de um edital, explicando todas as etapas, requisitos e documentos necessários para inscrever um projeto. Um dos pontos enfatizados foi a autodeclaração como pessoa indígena.
"É muito importante que vocês marquem essa opção ao cadastrar o projeto no sistema. Somente assim estarão dentro da cota destinada aos indígenas. Caso contrário, o projeto de vocês irá competir com os demais concorrentes." Na tela, o coordenador da FCC mostrou qual ícone deverá ser selecionado e como enviar a documentação exigida.
Além da Assessoria da Igualdade Étnico-Racial, a equipe do Núcleo Regional da Fundação Cultural de Curitiba no Tatuquara também está disponível para auxiliar os moradores da Aldeia Kakané Porã na formatação dos projetos da Lei Paulo Gustavo.
Kakané Porá significa "fruto bom da terra" na língua caingangue. Inaugurada em 2009, ela é a primeira aldeia urbana do Sul do país, abrigando atualmente 48 famílias das etnias guarani, xetá e caingangue. Mesmo adaptados ao contexto urbano, eles lutam para preservar elementos de sua cultura tradicional.