A servidora Marcia Cristina Meyer Guetten, de 62 anos, celebra 17 anos de trabalho na Prefeitura de Curitiba em 2025. Nas semanas que antecedem o Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 8 de março, ela prepara um evento especial para moradoras da região do Tatuquara.
“Vamos trabalhar economia doméstica com as mulheres da Vila União. Queremos que elas aprendam como administrar a renda para ter uma vida sem muitas surpresas”, antecipa.
Após dez anos de trabalho no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Rio Bonito, no bairro Campo de Santana, a educadora social está há sete anos no Cras Monteiro Lobato, no Tatuquara, e desenvolve atividades para um grupo formado por mulheres idosas que moram na região e que participam do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
“São mulheres que moram sozinhas e que precisam do convívio. A partir do trabalho que fazemos aqui, elas criam vínculos além do Cras e formam uma rede de apoio. Elas se ajudam sempre que uma delas precisa de alguma coisa, sabem que uma pode contar com a outra”, resume a servidora ao falar das atividades que prepara semanalmente para o grupo. Na última semana de fevereiro, elas fizeram bordado.
“Quando as mulheres se sentem pertencentes a uma comunidade, elas conseguem melhorar a qualidade de vida. Elas passam a ser protagonistas. Queremos que elas se sintam empoderadas. E o empoderamento sobre o qual falamos é o poder sobre si mesma. Elas devem ser as protagonistas da sua vida e da sua história”, completa.
“A gente não tem mais limites”
Marcia também participa da organização de diversos eventos. Bailes para pessoas idosas, atividades destinadas a memórias e aos pontos turísticos da cidade e ações voltadas para mulheres de outras faixas etárias, como as de combate à dengue e programações dedicadas ao empoderamento feminino. “Em um destes eventos, mostramos a presença feminina no mercado de trabalho. Queria que elas vissem que podem ocupar posições em diferentes áreas de atuação. Costumo dizer a elas que a gente não tem mais limites”, lembra.
Em 2024, desenvolveu atividades de integração com mulheres venezuelanas. “Muitas moram no mesmo território, umas perto das outras e elas também podem se apoiar”, diz a servidora. Ela conta que quer se aperfeiçoar para atender melhor a população que chega ao Cras. Atualmente, está fazendo o curso avançado de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Marcia assegura que se diverte trabalhando. “Algumas dessas mulheres têm a minha idade. Às vezes eu sou como uma filha para elas, às vezes, a mãe sou eu. A gente é uma família e aqui tenho várias mães. Daí vem a importância do grupo e de elas se sentirem acolhidas”, resume.
Na avaliação da servidora, o trabalho não pode ser uma carga. “É preciso fazer com o coração. O meu trabalho me faz muito bem”, declara.
Marcia ingressou no quadro de servidores após um período de muitas dificuldades, depois do falecimento do marido. Mãe de três filhos, ela venceu muitos desafios relativos a sua saúde mental. “O trabalho voluntário com moradores de rua me ajudou a me reerguer. Foi assim que descobri que meu caminho era o atendimento social. Decidi então fazer o concurso e me tornar servidora da Prefeitura”, relembra.