A situação dos refugiados estrangeiros no Brasil e o tratamento dado pela mídia foi o tema do encontro "Diálogo Adus – Mídia e Refúgio", que aconteceu na manhã desta segunda-feira (20) no Salão Nobre da Prefeitura de Curitiba. O evento teve a presença do prefeito Gustavo Fruet, especialistas, ativistas e refugiados que vivem em Curitiba, e foi organizado para marcar a passagem do Dia do Refugiado, celebrado em 20 de junho.
O encontro é uma iniciativa do Instituto de Reintegração do Refugiado, com apoio da Comissão Municipal de Direitos Humanos e da Assessoria de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Prefeitura de Curitiba.
“O tema dos refugiados é complexo, infelizmente com muita desinformação, o que só ajuda a aumentar o preconceito. Um encontro como este é muito importante, pois ajuda a compartilhar e divulgar a informação para quem não tem nenhum tipo de vínculo com os efeitos desta tragédia dos refugiados, que afeta a todos”, disse Fruet.
Segundo a coordenadora do Instituto Adus, Martha Toledo, a abordagem da questão dos refugiados, pela mídia brasileira, ainda apresenta falhas. “Em geral, a abordagem da mídia coloca os refugiados como vítimas e não como protagonistas. A mídia tende a ver apenas o lado negativo e isto reflete na autoestima destas pessoas, pois eles não querem ser vitimizados”, diz.
O evento reuniu também especialistas no assunto. A professora de Direito Internacional, da Universidade Federal do Paraná, Danielle Annoni, apresentou dados de um relatório sobre o refúgio no Brasil e no mundo.
Segundo ela, o Paraná abriga em torno de 2,4 mil refugiados, sem contar com os haitianos que, pela legislação brasileira, não são enquadrados nesta situação. “Se incluirmos os haitianos, temos quase 15 mil pessoas nestas condições no Estado. Não temos dados concretos, mas acreditamos que metade delas vive em Curitiba”, informa.
Fez parte da programação ainda um bate papo entre refugiados que vivem em Curitiba com os presentes no evento, destacando as dificuldades enfrentadas, sua situação no país e o papel da mídia em sua reinserção na sociedade.
O jornalista a advogado sírio Amr Hudaifch chegou há um ano ao Brasil, fugindo da guerra em seu país. Para ele, a mídia tem um papel importante para promover a melhoria das condições de vida dos refugiados.
“A mídia ainda não ajuda a esclarecer a verdadeira situação e acabar com esta crise. Ninguém gosta de ser refugiado, é uma situação muito ruim. É preciso ficar claro que nós não somos terroristas, somos seres humanos como todo mundo”, diz.
Amr, que é fotógrafo, participa, com mais cinco profissionais, de uma exposição fotográfica que aborda a situação dos refugiados no Brasil e no mundo. A mostra pode ser vista na Rodoferroviária de Curitiba.
A coordenadora do Instituto Adus em Curitiba, Martha Toledo, lembra que o evento faz parte das atividades do "Mês do Migrante e do Refugiado", que engloba vários eventos organizados pela Rede de Proteção e Apoio dos Direitos Humanos para Migrantes e Refugiados. “Vamos celebrar a força, a coragem e a resistência das pessoas que foram forçadas a deixar seu país em busca de novas oportunidades”.