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Meio Ambiente

Grupo faz visita guiada ao Cemitério Municipal

Um grupo de 30 pessoas participou de uma expedição inusitada na tarde desta segunda-feira (3). Guiados pela pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi, os visitantes percorreram as ruas e alamedas do cemitério mais antigo da cidade, o São Francisco de Paula. Foto: Everson Bressan/SMCS

Um grupo de 30 pessoas participou de uma expedição inusitada na tarde desta segunda-feira (3). Guiados pela pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi, os visitantes percorreram as ruas e alamedas do cemitério mais antigo da cidade, o São Francisco de Paula. A atividade faz parte das ações da Semana do Meio Ambiente e teve as vagas rapidamente preenchidas para todas as sessões (outros grupos estão marcados para esta terça, quinta e sexta).

Durante duas horas, os visitantes caminharam entre os quase 6 mil túmulos que estão no local. “Muitos são preciosidades trazidas da Europa, feitas em materiais nobres, como mármore de Carrara, por artistas renomados”, explica Clarissa. Ela informa que aquele é o maior acervo de esculturas de Curitiba e que não seria possível calcular o seu valor financeiro.

“A arte tumular serviu durante muito tempo como forma de diferenciação social e demonstração de poder”, diz a pesquisadora. O cemitério São Francisco de Paula, fundado em 1853, guarda túmulos de pessoas muito importantes na formação da cidade e também gente comum.

“É um museu a céu aberto. Podemos entender o ciclo econômico e migratório da cidade”, explica. Autora de um livro sobre o assunto - Um Olhar...A Arte no Silêncio -, Clarissa conta que o cemitério São Francisco de Paula foi fundado após mais de 50 anos de discussões entre Prefeitura e Câmara Municipal.

Para substituir os enterros que aconteciam nas igrejas, era preciso achar um local afastado do centro da cidade, que na época era a Praça Tiradentes, que ficasse no alto e fosse bem ventilado. “O local escolhido foi o terreno onde está o cemitério São Francisco de Paula, cujo acesso era tão difícil e cheio de lama que quando chovia muito não era possível chegar até ele”, conta Clarissa.

Esta e outras histórias foram ouvidas com muita atenção pelo advogado Rogério Dumke, de 35 anos, que realizou a visita guiada pela segunda vez. “Anos atrás fiz esta mesma visita por pura curiosidade, mas a partir dali passei a pesquisar o assunto na internet e a me interessar mais”, diz.

Ele confirma que começou a conhecer mais sobre a história da cidade após visitar pela primeira vez o cemitério o que despertou um interesse cultural e histórico pelo assunto. “Tantos nomes de ruas estão sepultados aqui, fiquei curioso para saber mais sobre estas pessoas”, comenta.

Restos mortais de diferentes épocas colocam lado a lado nomes que tiveram destaque na Revolução Federalista, renomados produtores de erva-mate, personalidades como Trajano Reis, Barão do Serro Azul, João Gualberto, nobres e importantes políticos e religiosos do Paraná.

Segundo Clarissa, o túmulo da mártir local Maria Bueno, assassinada num crime passional em 1893, é o campeão de visitas. “Recebe mais de cem pessoas por dia”, afirma a pesquisadora.

Para a nutricionista Letícia Sell, que fez a visita acompanhada de sua mãe, a jornalista Zélia Sell, foi o interesse na parte histórica do passeio que a fez ingressar no grupo. “Esta visita permite entender melhor a história de Curitiba”, cita.

Zélia diz que foi uma surpresa o grande interesse do público na visita guiada. “Como membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, busco aqui material de pesquisa para meu trabalho, mas percebo que o assunto tem despertado um grande interesse geral nas pessoas”, diz.

Potencial turístico

Em várias cidades do mundo, os cemitérios fazem parte da lista de monumentos e pontos turísticos mais visitados. A pesquisadora cita como exemplo o Père Lachaise, de Paris, onde estão sepultadas celebridades como Edith Piaf, Allan Kardec e Jim Morrison. “É o quarto local mais visitado pelos turistas que vão a Paris, lembrando que o Museu do Louvre e a Torre Eiffel estão na mesma cidade”, afirma Clarissa.

Potencial ainda a ser explorado em Curitiba, o interesse pela arte tumular e pela história dos cemitérios tem crescido. “Fiz a inscrição na visita guiada pelo interesse pessoal, mas também profissional”, conta o hoteleiro curitibano Igor Pizaia, de 26 anos.

“Eu gosto da arquitetura que encontro aqui e da sensação agradável de paz e contemplação”, explica Pizaia. “Mas também acredito que haja um grande potencial a ser explorado pelo turismo, algo que vi em visitas que fiz a cemitérios do exterior, como Buenos Aires e Glasgow, na Escócia”, afirma.

A diretora do departamento de Serviços Especiais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (MASE), Patrícia Rocha Carneiro, informa que está em estudos na Prefeitura de Curitiba possíveis parcerias para viabilizar que as visitas guiadas sejam inseridas no calendário fixo do cemitério mais antigo da cidade.

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