Vem aí a maior revolução na história do mercado de capitais e uma startup de Curitiba está ajudando a criar esta nova forma de investir em negócios no mundo inteiro, 24 horas por dia, sem sair do conforto do sofá. Criada há dois anos, a fintech Wuzu (pronuncia-se “Uuzu”) lançou neste mês uma plataforma que permite a fundos de investimento, corretoras e bancos negociar com clientes, em qualquer local do planeta, ativos do mercado digital de capitais financeiros.
Segundo Anderson Nery, cofundador da Wuzu, a fintech começa a oferecer, através da sua plataforma, os chamados Security Token Offerings (STO), nova forma de captação de recursos atrelada ao lançamento de criptomoedas, cotas de fundos de investimento e tokens, que representam a propriedade fracionada de um ativo do mundo real, como um prédio. “Na prática, a Wuzu começa a gerenciar a primeira rede multioperações do país focada no mercado digital de capitais”, explica ele, que comanda a startup curitibana com os sócios Andre Carrera, Bruno Bertoldi e Rodrigo Gryzinski.
Nery salienta que a Wuzu não atenderá clientes finais, apenas fundos de investimento, corretoras e bancos. A remuneração da empresa da capital ocorrerá da mesma forma que numa bolsa tradicional, por meio do pagamento de taxas em cada operação de corretagem (emolumentos). “Só que com valores bem abaixo do mercado atual”, garante o sócio-fundador da startup curitibana.
A estreia da plataforma da Wuzu vem acompanhada de uma grande novidade no mercado financeiro brasileiro: a oferta internacional do primeiro STO de um fundo de investimento de startups brasileiras. “O BR11, que reúne 11 startups, está estruturando a venda das cotas desse fundo via blockchain (uma espécie de “cartório digital” ou banco de dados em que as negociações ficam gravadas) e escolheram a nossa plataforma para poder fazer a captação primária”, revela Nery.
Segurança digital
Com sede no centro de Curitiba, Wuzu conta com uma equipe de 25 funcionários, a maioria especializada em programação. De acordo com sócio-fundador da startup curitibana, são profissionais altamente capacitados e, para o próximo ano, a previsão é dobrar o número de colaboradores.
A empresa já recebeu, desde dezembro de 2016, três rodadas de investimento e se prepara para a quarta captação. “A necessidade de novos recursos é constante, pois precisamos investir muito em segurança digital”, conta Nery. Para garantir a investidores e clientes que sua plataforma é “blindada” contra invasão de hackers, a Wuzu tem a mesma empresa de auditoria de segurança do Bradesco.
Vale do Pinhão
Wuzu, Troco Simples e Ebanx, startups de inovação tecnológica voltadas para o mercado financeiro, são exemplos de fintechs que nasceram em Curitiba e estão ganhando o mundo. Só o Ebanx, que oferece métodos inovadores de pagamentos locais, recebeu o primeiro aporte do fundo norte-americano FTV Capital, no valor de US$ 30 milhões (R$ 95 milhões).
Por conta disso, Curitiba quer se transformar em um polo de fintechs. A ideia é aproveitar a tradição na área financeira e, por meio do ecossistema de inovação do Vale do Pinhão, fazer com que a capital se firme como um celeiro de empresas do ramo, com a criação de incubadoras e aceleradoras.
De acordo com Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba, órgão ligado à Prefeitura e responsável pelo fomento do Vale do Pinhão, a capital tem uma estrutura robusta nessa área, com uma gama de serviços financeiros, como corretoras, fundos, empresas de gestão de patrimônios e holdings financeiras, “Isso criou um núcleo de tecnologia e mão de obra qualificada na área”, diz.
Atualmente são 442 fintechs em operação no país, mas esse número deve crescer bastante nos próximos anos, dada a multiplicidade de operações possíveis por meio destas empresas, desde crédito, câmbio e seguro até bancos digitais, gestão financeira e negociação de dívidas.
O mercado das fintechs somou investimentos de R$ 515 milhões no Brasil em 2016, volume que deve chegar a R$ 1,06 bilhão em 2018. Atualmente, o setor movimenta R$ 10,8 bilhões por ano no país.